Talvez esteja ainda longe o dia que o futebol feminino brasileiro consiga alcançar as grandes conquistas, em nível mundial. Bom futebol não falta. Falta o reconhecimento e o apoio que elas nunca tem, como merecem e deveriam ter. Mais que as adversárias, falta derrotar o machismo, velado, silencioso, cínico, mas existente, que impede ao futebol feminino ser valorizado, ter o espaço devido e necessário e conquistar o interesse da parte dos clubes, dos torcedores do futebol, dos patrocinadores e da mídia especializada.
O que essas jogadoras fazem, representando e honrando com dignidade e imenso valor o futebol brasileiro merecia a consideração de todos os envolvidos com o futebol neste país.
Para se ter uma ideia, um jogador profissional de futebol masculino vai jogar no externo com objetivo de fazer a sua independência financeira, as jogadoras, do futebol feminino, por sua vez, vão jogar fora do Brasil, por uma questão de sobrevivência, para poder continuar fazendo o que sabem e o que mais gostam de fazer. Eis a diferença. Eis o abismo a ser suplantado.
Em se tratando do jogo de hoje, quando foram eliminadas da Olimpíada pelo Canadá, nos pênaltis, vale lembrar que enfrentaram uma adversária poderosa, que tem tudo o que as brasileiras não tem, em uma única palavra, ou melhor, duas: apoio e reconhecimento.
De um modo geral, deixar a artilheira Cristiane, de fora, a meu ver, foi uma opção da treinadora Pia Sundhage, que se mostrou depois, durante a competição, um erro.
Paciência. O futebol tem dessas coisas. Já perdemos copas do mundo, e cito quais, 1974, 1978, 1982, 1990, por causa da soberba e da teimosia de nossos treinadores. Só resta torcer para que o futebol feminino do Brasil, que é bom, bonito, porque bem jogado, e interessante, sobreviva a mais essa decepção.
Há de chegar o dia que, elas conseguirão finalmente levantar a taça, todas as taças, de campeãs. Torço muito por isso. Espero estar aqui, quando esse dia chegar, pra vibrar junto com elas.
Por Geraldo José Costa Jr. / Foto: Foto: Divulgação