Se Freud, lá no começo do século passado, perguntava “afinal, o que querem as mulheres?”, hoje devemos adaptar a pergunta para “O que é ser homem?”. Na crise de identidade masculina típica dos nossos tempos, tem grandes chances de viver feliz quem puder aceitar com alegria ser simples coadjuvante de uma História que agora pertence, com Justiça, às Mulheres!
Alguns homens ainda estão meio perdidos, por conta do embate entre um novo modo de ser e a educação machista que receberam e fizeram questão de cultivar.
Há um último suspiro deles ainda em pequenos grupos, ou no apoio a determinadas ideologias, tão ou mais ultrapassadas quanto o terraplanismo. Sonhavam ter nascido em Esparta, e serem educados feito gado, para a guerra. Já são folclore e nem se deram conta disso.
Esses homens, que se reúnem com outros de mesma ignorância em seus guetos de certezas ultrapassadas são na verdade meninos assustados, apavorados frente a mulheres maravilhosas empoderadas que conquistam sua independência e transitam com muito mais desenvoltura nas tarefas que se prestam a desempenhar. Veja, por exemplo, o número de mulheres que se desdobram entre o cuidado com os filhos, o trabalho e os estudos. E quantas são a principal fonte de renda de uma família!
Tirando os machistas ultrapassados, afinal, o que faz um homem moderno se sentir completo nos nossos dias? Uma pergunta profunda, não tenho a pretensão de responder aqui, seja pelo curto espaço, pelo meu conhecimento limitado ou mesmo pelo fato de que os “quereres” serem muitos entre as pessoas. Seu desejo pode não ser o meu, e vice-versa, não é mesmo? Não caberia em um texto só.
Mas de modo geral nós homens nos sentimos retirados de nossa dimensão heroica, a qual serviu muito bem a um passado que precisa estar morto e enterrado.
Onde está essa tal dimensão heroica do homem de hoje? Pode estar no carrão ou na moto estradeira que compra com as economias de uma vida toda. Também lá na área gourmet que mandou construir nos fundos de casa? Nos filmes de super-heróis que o fazem viver uma segunda adolescência, no videogame, quem sabe?
Esse mesmo homem, que muitos falam que devia ser “o esteio da casa”, o “grande provedor”, que curiosamente não sabia nem a diferença entre orgasmo e ejaculação, estava sempre pronto para arrotar um poder, uma autoridade que trazia, nas entrelinhas, uma insegurança enorme escondida. Mas oprimia a família, e principalmente a mulher. Tudo isso já implodiu.
Se antes um casamento era para sempre, e os noivos prometiam ali diante de um altar suportar tudo, hoje a separação é uma carta ali na mesa, ao alcance das mãos, para ser usada a qualquer momento na maioria dos relacionamentos. Não há mais padrões a serem seguidos, e a fluidez dos comportamentos, com a tolerância, o amor e o respeito é que devem de fato pautar as relações, em todas suas formas e gêneros.
E a velha geração se assusta com isso, pensando que estamos todos loucos.
E como há jovens que já estão tão ultrapassados! Esses passarão. Ou ficarão resmungando sozinhos, numa velhice solitária de arrependimentos.