Até meados de 2020, a gestão empresarial estava diante do mundo VUCA, onde a vantagem adaptativa era a palavra de ordem para quem desejava atravessar um ambiente de mudanças acelaradas.
Um conceito introduzido pelo U.S. Army War College para descrever o mundo multilateral mais VOLÁTIL, INCERTO (uncertainty), COMPLEXO E AMBÍGUO – VUCA, logo após a guerra fria, foi adotado pelas empresas e organizações dos EUA e assim disseminada entre as corporações do mundo inteiro.
O entendimento do mundo VUCA conferia às empresas que almejavam visão estratégica, descortinamento de cenários, transparência e agilidade gerencial traçar diretrizes mais eficazes na busca de novos caminhos que permitissem à liderança se adaptar frente às incerteza dos mercados.
Tudo parecia estar se ajustando, até o momento que o mundo se vê às voltas com a pandemia – um evento jamais imaginado.
A pandemia, então, joga por terra, grande parte das estratégias que foram concebidas a partir do conceito VUCA, principalmente para as empresas que atuavam em ambientes altamente competitivos.
A partir de uma realidade caótica, surge o conceito de mundo BANI que propõe a transição dos paradigmas do mundo VUCA. Quando nos referimos à transição, é importante que se tenha em mente que os conceitos trazidos pelo mundo VUCA não desapareceram e não desaparecerão tão cedo.
Grande parte das empresas ainda terão como referência os conceitos VUCA, uma vez que, estamos falando de situações e eventos que acontecem no ambiente empresarial e são dependentes de regiões específicas, clientes, tipo de mercado e assim por diante; o que torna o mundo VUCA ainda muito presente.
Criado pelo futurista, antropólogo, professor do Universidade da Califórnia e membro do Institute for the Future, o americano Jamais Cascio, o mundo BANI se apóia no conceito de que o mundo não é mais volátil como no VUCA e passou a ser um mundo frágil como defende seu autor.
O acrônimo, que representa o mundo BANI, significa: Brittle (frágil); Anxious (ansioso); Nonlinear (não linear) e Incomprehensible (incompreensível).
Em sua essência o mundo BANI trata de uma mudança que aumenta e multiplica o estresse que sentimos.
A fragilidade a que se refere o antropólogo é defendida na medida que o mundo está sujeito a catástrofes de uma hora para outra, como no caso da pandemia. A “cultura do cancelamento” está presente em todos os setores. Uma frase mal colocada é o suficiente para derrubar uma empresa.
A ansiedade tomou conta do mundo onde predominam sentimentos negativos e a expectativa constante de que algo inesperado pode acontecer. As pessoas e o mundo estão vivendo no limite, o que ocasiona um senso de urgência, que pode acabar pautando muitas decisões.
O mundo não linear é reconhecido através dos eventos que estão cada vez mais desconectados e desproporcionais, causados pelo isolamento social. No mundo BANI, planejamentos de longo prazo e muito detalhados não fazem mais tanto sentido.
O futurista explica também, o mundo incompreensível, onde “tentamos encontrar respostas, mas as respostas não fazem sentido”. A incompreensão sobre os acontecimentos é fruto da carga excessiva de informações.
Pode parecer catastrófico, porém o mundo BANI é apenas uma visão que exige uma reflexão para que possamos identificar seus riscos e oportunidades inerentes e assim estabelecer estratégias para viver melhor neste novo cenário. Até…
O autor é conferencista, palestrante e Consultor empresarial. Autor do livro Labor e Divagações. Envie suas sugestões de temas para o prof. Moacir. Para contatos e esclarecimentos: moa@prof-moacir.com.br / Viste: www.prof-moacir.com.br