A otite é um processo inflamatório do canal auditivo (ouvido), que pode ter evolução de semanas a meses, e é classificada em externa, média e interna. É uma doença bem frequente em cães e gatos. Os animais acometidos apresentam coceira nas orelhas, dor de moderada a intensa, chacoalhar a cabeça, secreção local que pode ser fétida, diminuição ou perda da audição ou aumento de volume nas orelhas ou pavilhão auricular externo (oto-hematoma).
O ouvido possui um mecanismo de autolimpeza, fazendo com que as células mortas, secreção de cerúmen ou cera e microrganismos que habitam o canal auditivo sejam eliminados naturalmente para o meio externo. Alguns fatores podem contribuir para que haja falha nesse sistema, como orelhas pendulares (observado nas raças Golden Retriever, Cocker Spaniel, Basset Hound) ou com muitas pregas (ex: Sharpei e Pug), excesso de pelos (ex: Poodles, Shih tzu, Lhasa Apso), aumento da produção de cera (ex: Labrador Retriver), além da limpeza inadequada das orelhas, umidade excessiva e obstruções do canal auditivo, o que irá contribuir para o acúmulo de secreções e consequentemente, proliferação de bactérias e leveduras.
A otite externa também pode ser causada por ácaros, carrapatos, doenças alérgicas, endócrinas, corpos estranhos (plantas, pelos soltos, pedras, sujidades, etc), pólipos ou tumores. O diagnóstico é feito através de exame otoscópico realizado pelo médico veterinário, onde serão observadas secreções, corpos estranhos, tumores, etc. Deve-se coletar material das orelhas para análise citológica (importante para observar a gravidade da inflamação e presença de microrganismos), além de exames como cultura e antibiograma e em casos mais graves, tomografia dos condutos auditivos. Após o resultado dos exames, é preconizada a medicação ideal para cada tipo de otite, o tempo e frequência de tratamento, conforme a gravidade da doença. É importante salientar que a limpeza das orelhas, realizada tanto pelos profissionais da área quanto pelos tutores, nunca deve ser feita com algodão preso a pinças, grampos ou palitos e cotonetes, pois esses objetos provocam a compactação da cera no fundo do conduto, o que pode levar a perfuração do tímpano. Deve-se evitar a retirada dos pelos do conduto auditivo por arrancamento, exceto em alguns casos específicos. Durante o banho do animal é importante o uso de algodão nas orelhas, evitando dessa forma a entrada de água. Não é recomendado o uso de medicamentos sem prescrição do médico veterinário, uma vez que o quadro poderá se agravar se a otite não for tratada corretamente.
Colaboração: Médica Veterinária Luciana Murai Soares, CRMV-SP 19161.
Especializada em Dermatologia Veterinária pela USP/SP.
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