Luiz Garrito, o popular Jatobá, nasceu em Rio Claro no dia 28 de outubro de 1934.
Desde pequeno, a tendência ao Futebol era transparente em suas brincadeiras chutando bolas de meia nas ruas de terra do Bairro Santa Cruz. A transição da bola de meia para a bola de capotão aconteceu gradualmente e, conforme crescia nas adjacências do Antigo Campo do Rio Claro FC – onde atualmente fica o Espaço Livre –, aumentava também a sua paixão pelo Futebol que, consequentemente, passou a fazer parte do seu dia a dia. Bons tempos que, ao recordar, ainda enche de emoção um dos futebolistas mais respeitados da Cidade Azul e que, nesta Edição Especial do Diário Esportes, é o Grande Homenageado!
O apelido Jatobá foi ganho ainda na primeira infância, enquanto zanzava com outros garotos à procura de aventuras. À época, na Rua 7, entre as avenidas 12 e 14, havia uma chácara com várias árvores frutíferas. O dono, o Seu Emílio Pegaia, não gostava que a molecada apanhasse os frutos sem sua autorização, entretanto, molecada é molecada e sabe como é… “Resolvemos entrar rapidinho para pegar algumas frutas sem autorização, coisa rápida. Entramos, mas o Pegai, com sua espingarda de Sal Grosso, saiu gritando e atirando no alto (risos). Como sempre fui o mais novo da turma, não consegui correr a tempo de escapar e o Seu Pegaia pegou no meu braço e disse: ‘Êêê, Luizinho! Logo você! E com a fruta mais difícil de comer, um Jatobá!’ E assim ganhei o apelido”, revelou contemplativo o entrevistado.
O importante na História é que Jatobá já entrou nas quatro linhas como Jatobá e, daquele início de trajetória – quando o Seu Guacho, que era quem administrava o campo do Azulão, o convidou para brincar junto com os outros garotos mais velhos – até os dias atuais, muita bola rolou, muitos gols foram marcados e muitos times montados com a ajuda desse esportista aficionado por Futebol, entretanto, o que ficou de especial guardado no coração e na mente, além das amizades, foram os Títulos de Tricampeão Amador vestindo a camisa do São João FC e o de Tetracampeão Amador com a AA Matarazzo – agremiação que pertencia à Industria Têxtil Matarazzo. Acerca do Futebol Amador, aliás, destacou uma diferença dantesca entre o passado e o presente: “o Amadorzão da minha época seria como a atual serie A3 do Paulista, porém, sem medo de exagerar, com jogadores equivalentes à série A1”.
Com sua chuteira calçada nos pés, a criança, que antes de ser convidada para entrar em campo e que catava as bolas chutadas fora no intuito de contribuir de alguma forma, construiu ao longo da vida uma próspera caminhada no esporte preferido por dez entre cada dez brasileiros! “A partir daqueles treinos no Aguinha, ainda muito moleque com 16 ou 17 anos, fui convidado a jogar no São João FC – time montado pelo saudoso Pedro Kury e no qual fiquei até os 19. Nesse período, adquiri muita experiência com o Seu Carlos Brunelli, atleta de Primeira Grandeza que jogou no SC Corinthians e com quem aprendi a bater falta o que, sem nenhuma modéstia, sempre fiz muito bem.”
Depois da brilhante atuação no SJFC, Jatobá passou pelos clubes AA Matarazzo, AE Velo Clube, Rio Claro FC e União São João EC. “Também fui levado ao Marília AC e a AA Internacional, mas não concordava em pagar para assinar contratos e, por conta disso, não aceitei ficar.” Com relação às diferenças táticas e técnicas no Futebol, avaliou pautado em sua experiência esportiva: “puxa, o que posso destacar é que hoje há uma enorme preocupação com a parte tática e quase nada com a técnica. Na minha época, existia muita técnica e quase nenhuma tática, ou seja, o treinamento com campo reduzido e divisão de grupo não existia, era o coletivo entre titulares e reservas, onze contra onze, fato que fazia saltar aos olhos os caras que serviam ou não ao grupo”.
Casado com Armelinda Cresta Garrito, pai de Luis Ascânio Garrito e Franceli Garrito Fossaluza, o são-paulino de coração expôs que tem o peito grande o suficiente para caber também outras duas paixões: a pelo Time da Rua 3 e a Pelo Time da Rua 9 – nos quais, vale ressaltar, foi o responsável pela montagem dos escretes Veteranos!
Uma saudade? Dos amigos, que “foram muitos e que precisaria de páginas e páginas para citar, pois não ficaria bem deixar nenhum de fora”. Além da simpatia, característica peculiar do Jatobá, o que chama a atenção é sua vivacidade. Durante a sessão de fotos, no Estádio Dr. Augusto Schmidt Filho, logo de cara lembrou que havíamos sentado lado a lado em 2016 e apontou com o dedo indicador o lugar na arquibancada. Já no gramado, ao ser reconhecido, o técnico do Galo Azul, Adilson Teodoro, juntamente com seus assistentes, parou o treinamento para cumprimentar esse Ícone do Esporte Local, a quem temos a honra de destacar neste Especial de 132 anos do Centenário!
BATE BOLA
O FUTEBOL É?
“Paixão, amor, alegria e também tristeza por não poder mais estar em campo.”
O FUTEBOL DE ANTES OU DE HOJE?
“Sem medo de errar, o de quando eu jogava, porém, algumas pessoas vão achar que não, mas é porque não o vivenciaram.”
O MAIOR MOMENTO
“Como jogador foram os êxitos alcançados com o São João FC e a AA Matarazzo; já como treinador, o Tetracampeonato com o Cidade Nova FC, em 1976.”
UM CRAQUE
“Na minha opinião, Gérson. Depois dele, muito poucos, aliás, os jogadores que ainda podiam ser chamados de craques existiram até o ano de 2002.”
QUAIS OS GRANDES ESQUADRÕES DE RIO CLARO?
“São João FC e AA Matarazzo, porém, tínhamos um adversário difícil, o Panificadora Paulista FC.”
MONTE A SUA SELEÇÃO RIO-CLARENSE DE TODOS OS TEMPOS
“DUCHO, VALDIR, JORDÃO, RUBINHO PINHATTI, WALTER GAMA, DORIVAL OHELMEYER, JATOBÁ, CARLOS TRINDADE, BALUZÃO [o VÉIO], DINHO SALOMÃO e WILSON MANOQUIO [o NIM].”
QUEM É JATOBÁ?
SÉRGIO GUEDES – EX-GOLEIRO E TREINADOR
“Enérgico, sempre foi um Líder! Puxa vida, só tenho coisas boas a falar, um cara do tempo do Futebol de Verdade, diferente da atual conversa fiada. O Jatobá sempre foi muito autêntico, muito direto, ou seja, uma pessoa por quem tenho o maior carinho e com quem aprendi muito. Pode não ter a noção do que fez, mas asseguro que foi importante a nossa convivência, pois contribuiu demais com a formação do meu caráter na adolescência.”
JOSÉ CARLOS ARNOSTI – MANTENEDOR DO MEMORIAL DO RCFC
“No fim dos anos de 1950, ainda menino e junto dos meus amiguinhos, gostava de ver o Jatobá treinando com a camisa do Rio Claro FC, no Antigo Campo da Rua 7. Sempre admirei o seu estilo como jogador porque tinha uma batida forte e uma maneira diferenciada de dominar. Quando chutava fora do campo eu corria pegar a bola e, com todo orgulho, entregava em suas mãos para que pudesse continuar o jogo.”