Dá-se o nome de ‘físicos’ àqueles que criaram a Física, uma ciência que estuda importantes fenômenos da natureza. Não por acaso, na última quarta-feira (19) foi o dia de parabenizar o trabalho de todos os profissionais da área.
A data de ‘19/05’ tem motivo. É uma alusão a 1905, o chamado Ano Miraculoso de Einstein, conhecido assim pelo fato do físico alemão Albert Einstein ter publicado, à época, quatro artigos que impactariam a Física, sobretudo, o da famosa Teoria da Relatividade.
Na cidade de Rio Claro, o curso de Física, pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), é consagrado como um dos mais procurados entre os vestibulandos da região, além de ser bastante conhecido por formar professores e pesquisadores na área, impactando assim o município.
A FÍSICA NA CIDADE AZUL
Criado pela Lei 7.749, com publicação no Diário Oficial do Estado de S. Paulo no dia 28 de janeiro de 1963, quando ainda era a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, mas hoje mantido pela atual Unesp, o curso é ministrado em tempo integral, com aulas de manhã e à tarde, podendo ser escolhido entre Licenciatura ou Bacharelado e, dada a ocasião, seguir com os estudos na Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado na própria instituição.
“Os estudantes que aqui são formados podem trabalhar na Indústria ou como professores nas redes pública municipal ou estadual, ou privada de ensino. Muitos também continuam seus estudos nas áreas de Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado. E alguns deles chegam a ir também para fora do Brasil trabalhar com pesquisa em instituições renomadas”, explica o professor-titular do departamento de Física e diretor do IGCE (Instituto de Geociências e Ciências Exatas), Edson Denis Leonel, de 46 anos.
As contribuições que o curso e a instituição têm para o município, segundo dados fornecidos pela pesquisa ‘A contribuição da Unesp para o dinamismo econômico dos municípios’, divulgada pela instituição em outubro de 2013 pelo professor José Murari Bovo, do campus de Araraquara, demonstrou que na economia local rio-clarense, só em 2012, o movimento de capital no que diz respeito a aluguel, por exemplo, deslocou-se, positivamente, conforme a chegada de novos estudantes na região. Mas estas não são as únicas benfeitorias e também não se limitam só a Rio Claro.
“O curso de Física, particularmente, tem uma grande importância para a cidade e região, porque forma profissionais, principalmente, professores, que são absorvidos pelas redes municipais e estaduais, em cidades como Piracicaba, Araras, Limeira, São Carlos, entre outras”, observa Edson Leonel sobre os formandos da faculdade rumo ao ensinamento de alunos.
AS PESQUISAS
Conforme artigo publicado pelo Jornal da Unesp – o veículo da instituição -, só em 2020 a universidade “contabilizou cerca de 5.500 artigos científicos, sendo aproximadamente 2.000 deles com participação internacional”. Ainda de acordo com os dados, no período de 2014 a 2018, os docentes da Universidade responderam por 8,65% da produção científica no Brasil, com mais de 18 mil artigos científicos publicados.
Questionado sobre as narrativas acerca da desvalorização da pesquisa no Brasil, o diretor destacou a grande importância das agências de fomento à pesquisa FAPESP (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
“Com essas crises que o Brasil têm passado, isso acabou reduzindo os recursos orçamentários, sejam eles em níveis nacionais ou estaduais, o que acabou afetando bastante as pesquisas. Houve, portanto, o que é chamado de ‘fuga de cérebros’.” Na definição do entrevistado, seriam pesquisadores da área que, ao não terem a oportunidade de desenvolver suas pesquisas no Brasil, acabam indo para outros países onde os recursos para a valorização da prática profissional são maiores.
Para o diretor, no entanto, sabendo explorar bem as agências brasileiras ou, ainda, conseguir recursos através do vínculo empresarial com o público ou privado, é possível trabalhar com Pesquisa no Brasil.
EDSON LEONEL
“Aos futuros alunos, professores, pesquisadores e entusiastas da Física: seja perseverante e persistentemente dedicado.” – Edson Leonel, Professor-titular do departamento de Física e diretor do IGCE, na Unesp, em Rio Claro.
O FUTURO DA CIÊNCIA?
No Brasil, entre ‘trancos e barrancos’, a Universidade Paulista, assim como, a Ciência persistem como podem. Especialmente em Física, ter uma instituição com linhas de pesquisa que abrangem estudos sobre Astronomia, Astrofísica, Nanofísica, Eletrônica Orgânica, Dinâmica de Satélites e ainda um monte de outras coisas que cabem aos cientistas saberem para nos poupar do serviço de fazê-lo, sendo, portanto, um favor à população, é um privilégio que municípios, particularmente, os paulistas, têm de valorizar.
Artigos ‘unespianos’ já foram publicados em revistas internacionais como a americana Physical Review Letters ou a britânica Nature, o que por si só, já é uma conquista imensurável e histórica para a Pesquisa brasileira.
Em tempos, porém, quando achávamos que dúvidas como ‘se a Terra é plana’ já estavam sanadas, mediante as comprovações científicas, nos remontam porque os números correspondentes ao Ensino Superior e Educação na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) ainda ficam, lamentavelmente, abaixo da média.
Se pudéssemos ter a licença poética de parafrasear Albert Einstein, o físico senão o motivo deste artigo, seria: “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um negacionismo”.
Por Samuel Chagas / Foto: Divulgação