O Jardim da Baronesa/Jardim funcional para abelhas nativas instalado na Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (Feena) completa um ano nesta quinta-feira (20), data em que se comemora também o Dia Mundial das Abelhas. “Todas as atividades serão online no primeiro momento devido à pandemia. As atividades começam às 15 horas, as inscrições se encerraram, mas quem tiver interesse em acompanhar pode acessar pelo Youtube”, destacou o pesquisador da Unesp de Rio Claro especializado em abelhas e professor doutor Osmar Malaspina, que fará o lançamento durante o evento online do E-book “Jardim da Baronesa: um espaço para abelhas nativas na Feena”.
O Jardim da Baronesa de Piracicaba foi inaugurado no ano passado ficando aberto apenas dois dias antes da quarentena começar, depois, a Floresta precisou ficar com os acessos interditados seguindo as medidas de flexibilização do Plano São Paulo de combate à pandemia. Agora, a Feena está reaberta e o Jardim pode ser visitado, Malaspina destaca que todos os cuidados com o local são mantidos. “Os cuidados e a manutenção do Jardim continuam sendo feitos. Parte é feita pela diretoria da Feena que tem contribuído muito com a manutenção e outra parte por alunos da Unesp que são estagiários e que ajudam, mas precisamos de patrocinadores e faço o pedido aqui para empresas ou pessoas individuais que tenham uma paixão especial pela Floresta, pelas abelhas e plantas, precisamos de patrocínio para fazer a manutenção bem feita, daqui dois meses as flores e plantas podem estar secas se não for feita. Conseguimos colocar o sistema de irrigação que funciona sozinho mas também precisa de manutenção”, salienta.
A revitalização do Jardim da Baronesa de Piracicaba foi estudada para resgatar os valores históricos e culturais para Rio Claro e região. Esse Jardim foi originalmente construído em meados do século XIX e estava em condições precárias, escondido em meio a espécies exóticas e invasoras, sendo impossível reconhecer o seu formato original. Formato esse que foi inspirado nos Jardins de Versailles, na França, em um modelo espelhado que originalmente traz cor e beleza.
Um jardim funcional para as abelhas é construído com base no conceito de Ecologia funcional, no qual os organismos inseridos interatuam entre eles, se beneficiando em uma rede de interação ecológica. Um paisagismo funcional é muito mais do que um paisagismo estético, onde a beleza e a harmonização são os focos centrais. Em um jardim funcional, são escolhidas as espécies de plantas sabendo qual é a importância delas para atrair e manter a diversidade de visitantes florais que podem ser seus polinizadores.
Do ponto de vista das abelhas, esses insetos são dependentes das plantas para coletar seus alimentos, como o pólen, néctar e óleos florais, que são utilizados para alimentar tantos as abelhas adultas, como também as suas crias. Além das abelhas, também podem ser encontrados nos jardins funcionais mariposas, borboletas, besouros, moscas, morcegos e até roedores e lagartos que, ao se alimentar nas flores, promovem a sua polinização, garantindo, assim, a formação de frutos e sementes e, consequentemente, de novas plantas no local.
DIA MUNDIAS DAS ABELHAS
A data marca também o Dia Mundial das Abelhas e o professor doutor Osmar Malaspina observa que a data é comorada com saldo positivo. “Nesses últimos 10 anos tivemos uma conscientização muito grande sobre a importância das abelhas para população, para o mundo e para a produção de alimentos, de 0 a 100 melhorou 70%, 15 anos atrás se perguntasse o que são polinizadores poucas pessoas saberiam responder, hoje muita gente vai dar a resposta correta. Tivemos avanço muito grande. Temos problemas e muito o que fazer, temos, mas hoje a gente sabe que a população tem muito respeito pelas abelhas”, comemora.
Entretanto, o especialista ressalta que o desaparecimento das abelhas e degradação do meio ambiente é uma preocupação constante. “A gente não pode baixar a guarda, porque senão vamos ter problemas sim. Hoje temos alguns exemplos especiais sobre o que algumas pessoas pensam sobre a conservação do Meio Ambiente e as abelhas vão neste pacote. O desmatamento desenfreado traz um prejuízo muito grande para as abelhas, porque elas necessitam da mata para fazerem seus ninhos e para se alimentarem, são veganas, se alimentam do pólen das plantas então tem que conservar para dar esse suporte de alimentação das abelhas. Tem 20 mil espécies de abelhas no mundo, no Brasil tem em torno de 2500 a 3 mil espécies e cada uma tem um sistema diferente de construir seus ninhos, de como se comportar, de como coletar e conservar esse alimento, então, precisamos preservar todas essas espécies. Lembrando ainda que nos 250 milhões de anos de evolução polinizador ou abelhas, plantas que evoluíram juntos, cada uma teve sua especialização, então diversas culturas que hoje são importantes para alimentação do homem, a sua produção depende das abelhas. Um exemplo, se não tiver abelha não tem melão, maçã, maracujá, amêndoas, esses alimentos são totalmente dependentes da presença das abelhas, então elas têm que ser preservadas a qualquer custo e outras culturas não são totalmente dependentes, mas são parcialmente, se não tem abelhas, elas produzem, mas se tem abelhas, elas produzem até 50% mais; é só olhar para o café, citrus, tomate, pepino, pimentão”, explicou o pesquisador.
As abelhas polinizam mais de 78% das plantas cultivadas que a espécie humana utilizada na sua alimentação e também é responsável pela polinização de mais de 80% de plantas nativas do bioma cerrado, vegetação que predomina na nossa região. Conhecer as abelhas e preservá-las, assim como outros polinizadores, é garantir qualidade de vida para todos os animais, incluindo os humanos.
Por Janaina Moro / Foto: Divulgação