Escrever sobre amenidades é algo que me fascina e me estimula a não abandonar o lápis e o papel.
Confidência: tudo começa com a primeira frase, a mais verdadeira possível, e depois, o texto nasce, aos poucos, no papel, manuscrito, a lápis. Só então, depois de revisado e corrigido umas mil vezes, mil e uma, para ser mais exato, chega ao computador. Esse texto, que você está lendo agora, estimado leitor, surgiu assim.
Contudo, a ideia agora me falta. E esse é um problema a ser vencido. Há um prazo para ser cumprido, um padrão a ser observado. Não se trata de excesso de preciosismo da dona editora, mas de atendimento à necessidade de produzir um jornal que seja agradável no seu aspecto visual e prazeroso na sua leitura. É o compromisso com o leitor. Anda meio esquecido, tantas são atualmente as mídias através das quais a notícia e a informação chegam a quem se destina: você.
Mas é preciso buscar a ideia que dará forma e conteúdo ao texto que aqui se pretende escrever. Mesmo que para isso seja necessário arrancá-la das entranhas do inconsciente, onde ficam registradas todas as informações e experiências por nós vivenciadas ao longo do tempo.
Há um truque do qual sempre recorro para suplantar o famigerado bloqueio criativo, que é: “observe pessoas, coisas e acontecimentos como são e tente imaginá-los como poderiam ter sido. Inverta a ordem, contrarie a natureza, desarticule o estabelecido, reinvente. Funciona na ficção, um pouco no discurso opinativo, e outro tanto para a vida. Vai por mim.
Bom, já consumi quase toda a quantidade de caracteres que me é permitido ocupar nesse precioso espaço que é a página 2 deste jornal. Sinal de alerta ligado. Reconheço que até agora não cheguei ao cerne da questão, o leitor saberá, daqui a pouco, que isso exatamente não vem ao caso. Espero conduzi-lo com interesse até a última linha desse texto. Vamos ver se consigo.
Como eu ia dizendo, a previsão do tempo para esta sexta-feira indica nuvens intermitentes, temperaturas oscilando entre 17 e 28 graus, e 5% de probabilidades de chuva. Nada mal para um inverno que chega ao fim sem, de fato, ter dado as caras.
Hoje é sexta-feira, my brother, pega leve, que a festa está só começando e o melhor está por vir. Divirta-se com responsabilidade. Eu, por exemplo, vou me debruçar à leitura de “O Estrangeiro”, do finado Camus. Vou tomar um café, aos poucos, bem devagar, enquanto me deixo levar pelas aventuras do misterioso Meursault, tentando entender as suas razões para ter matado um homem e não ter derramado uma lágrima sequer no velório da sua saudosa mamãe. Sujeito esquisito esse Mersault.
Ah, os cigarros! Talvez, a essa altura da leitura você deve estar se perguntando sobre eles. Pois bem, os cigarros. Essa é uma tentação que continuo tendo de vencer, todo santo dia. E hoje é apenas mais um. Por sinal, antes que eu me esqueça: bom dia, leitor!
Por Geraldo J. Costa Jr.