Samuel Chagas
Hoje (9), é comemorado o tão aguardado Dia das Mães. A homenagem simplória, que aquece os corações todo segundo domingo do mês de maio, é um símbolo de esclarecer à figura materna toda a sua importância nos lares e na sociedade. Aqui no ocidente, esse dia tem história. A data, que no Brasil foi oficializada em 5 de maio de 1932 pelo presidente Getúlio Vargas por meio do Decreto nº 21.366, tem, no entanto, uma origem histórica longe das terras tupiniquins. E um passado um pouco mais longevo também.
Com a pandemia então, as novas formas de presentear quem “nos criou 9 meses na barriga”, como diz o popular, são também distantes – ou remotas. Por sinal, um reflexo das condições sanitárias para quem quer cuidar de quem se ama.
A ORIGEM E A CRIADORA
O primeiro Dia das Mães aconteceu em maio de 1908, e consistia numa homenagem por meio de um memorial à vida de Ann Jarvis, uma importante ativista e trabalhadora social nos Estados Unidos da América, ainda no século 19, na época da Guerra Civil Americana, que morreu em 9 de maio de 1905. A comemoração, porém, ainda não era oficial no território americano, o que sugeriria à Anna Jarvis, a filha, a lutar pela oficialização.
Ainda no mesmo ano, com o apoio de um comerciante chamado John Wanamaker, Anna conseguiu com que Elmer Burkett, um senador do estado do Nebraska, na região central dos EUA, levasse a proposta para o Senado norte-americano, mas sem sucesso, não foi aprovada.
Esse fato apeteceu ainda mais Jarvis a continuar na luta para que o Dia das Mães fosse reconhecido no país, de modo que, em 1914, o Congresso norte-americano, presidido por Woodrow Wilson, estabeleceu que todo segundo domingo do mês de maio seria a data oficial para a celebração como uma forma de homenagear todas as mães no país.
NO BRASIL…
Dentro da historiografia brasileira, há indícios de que a primeira celebração à figura materna ocorreu fora da oficialização, sendo promovida em 12 de maio de 1918 pela Associação Cristã dos Moços do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no estado homônimo. O Dia das Mães, no entanto, só foi oficializado na década de 1930 por meio de decreto de Getúlio Vargas, como dito anteriormente. Conquanto, ainda vale ressaltar que a ideia de se comemorar os ‘sentimentos e virtudes’ do amor materno não veio, única e exclusivamente, de Vargas.
Com o movimento feminista brasileiro, segmento atuante desde o século 19, mas com forte presença no século 20, principalmente, a partir da década de 30, as pressões populares femininas conseguiram emancipações como o voto feminino, flexibilização da exigência que condicionava o trabalho da mulher à autorização marital, entre outras coisas. Incluso a isto, está a homenagem ao Dia das Mães, no início do governo Vargas.
DIA DAS MÃE NA PANDEMIA
Diferente do cenário de 2020, quando não se sabia muito bem o que fazer, dada a experiência abrupta com relação ao novo coronavírus, em 2021, já não nos restam dúvidas sobre como agir com reuniões familiares em tempos pandêmicos. Através de artigos, vê-se a possibilidade de entregar até ‘presente remoto’, uma nova forma de expressar carinho para nossas mães, mantendo o distanciamento social.
Recentemente, a morte do ator Paulo Gustavo, aos 42 anos, por complicações pela Covid-19, foi um choque para o Brasil todo. Entre as principais personalidades e homenagens que movimentaram comentários nas redes sociais e Internet, a de sua mãe, Déa Lúcia Amaral, que mexeu com os corações dos fãs do ator. “Meu filho, meu filho, obrigada por você ter me escolhido para ser sua mãe”, de Déa para Paulo Gustavo, segundo conta a atriz Mônica Martelli ao programa Saia Justa (GNT). A relação entre mãe e filho era tão conhecida, que o mesmo, em vida, encarnou a personalidade da mãe numa personagem de humor que foi amada pelo Brasil: Dona Hermínia.
A questão que fica é, a dor de perder um filho não se compara a de perder uma mãe. Ambos os casos são ruins, mas um não faz parte do curso natural das coisas. Se vale a pena quebrar as regras sanitárias em prol da prevenção ao coronavírus é da consciência de cada um. Mas lembrar é preciso: cuidar de nós mesmos também é cuidar de quem amamos. E, nesse Dia das Mães, não há presente maior do que estar vivo para nossos filhos e nossas mães.
As ilustrações foram cordialmente cedidas pela artista Tabita Marins (@entaotabita)