Discussão antiga, as normas para preparar novos motoristas continuam em pauta.
Seriam essas normas eficazes ou não? Recentemente, nova decisão do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) extinguiu a obrigatoriedade de que 20% das aulas práticas para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) fossem realizadas à noite, facilitando ainda mais a obtenção das CNHs.
Por mais que haja motivos para essa decisão, que, segundo o Denatran, seria a preservação da segurança de instrutores que se utilizam de vias secundárias para dar aulas aos iniciantes, essa decisão deixa os novos motoristas com um preparo deficitário. Não é sem explicação que o trânsito no Brasil mata mais do que os tiroteios nos morros cariocas.
Essa falta de preparo preocupa a população, pois a cada ano entram milhares de novos motoristas sem preparo suficiente para enfrentar esse trânsito louco. Carla Aparecida Alves Fávaro, do CFC Paraíso, concorda que a preparação de novos motoristas é falha.
Mesmo que as autoescolas façam tudo aquilo que a lei manda, não é o suficiente para uma boa preparação. “Não é suficiente, pois, conforme o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), educação no trânsito era para ser ensinado desde a pré-escola, e sabemos que isso não acontece.
Esse assunto era para ser tratado com mais importância. Só vemos uma mobilização na Semana Nacional do Trânsito, porém, não é suficiente. Os adolescentes, antes de completarem 18 anos, já enfrentam o trânsito com suas bicicletas e não estão preparados para isso”, pondera Carla.
A reportagem questionou Carla Fávaro sobre a percepção durante o curso de preparação e sobre quem poderá ter mais dificuldades. “Tudo depende do motorista, mas não é bom ou mau. Alguns terão mais dificuldades de aprendizagem, outros não. Sabemos que a prática leva à perfeição e também que excesso de confiança atrapalha, e muito.
Temos que ser cautelosos, e sempre nos colocarmos no lugar do outro. Gentileza sempre gera gentileza”, respondeu. Ainda segundo ela, durante a fase de preparação os alunos não assimilam as leis de trânsito por se tratar de uma matéria “decoreba e, passando o processo, a maioria não lembra mais nada do que diz as leis”.
Questionada também sobre a falta de sinalização na mudança de direção (seta) com relação à maioria dos motoristas, Carla respondeu: “acontece que os novos motoristas têm esse hábito, porém, quem dirige há muito tempo não tem, pois antigamente havia bem menos veículos e essas pessoas acostumaram a não usar a seta e dirigem assim até hoje”.
Recém criados em Rio Claro, os bolsões para motos já estão sendo explicados aos novos alunos que buscam autorização para pilotar motocicletas. Segundo Carla, em sua autoescola já há orientação sobre essa nova lei em Rio Claro. “Trata-se de uma área de espera localizada entre a faixa de pedestre e demais veículos parados no sinal vermelho, aguardando a abertura do semáforo.
O objetivo é auxiliar na prevenção de acidentes, visto que as motocicletas não estarão em meio aos maiores veículos, e também proporcionará maior visibilidade aos pedestres”, explica. “Dirigir com consciência” é uma atitude que, para Carla, poderia diminuir bem os índices de acidentes com veículos automotivos. “Para reduzir nosso índice de acidentes, é preciso colocar em prática a educação no trânsito desde a pré-escola para que a criança cresça sabendo da importância.
E continuar com as campanhas, pois é muito difícil mudar um comportamento que o indivíduo adquire há anos. A obtenção da CNH tem que ser tudo com honestidade, idoneidade e levado muito a sério. Dirija com consciência”, finalizou Carla Aparecida Alves Fávaro, da autoescola Paraíso.