Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), observa que o Dia do Trabalho em 2021, o segundo que o Brasil e o mundo celebram sob impactos da Covid-19, enseja reflexão sobre a necessidade de capacitar os recursos humanos para as transformações da estrutura de produção e consumo, aceleradas pela pandemia. “Digitalização da economia, internet das coisas, machine learning, inteligência artificial, robotização e drones serão cada vez mais presentes no advento da chamada Manufatura Avançada, próximo passo do desenvolvimento da indústria”, frisou.
Nesse novo contexto, os profissionais precisarão estar aptos a atuar em ambientes de alta tecnologia, num cenário disruptivo da estrutura do trabalho. A prestação de serviços nem sempre será presencial ou para empregador único. As pessoas poderão, a partir de suas casas, atender várias empresas, não necessariamente no mesmo país. “Portanto, há uma grande demanda relativa à formação e à capacitação dos recursos humanos”, afirma Cervone, salientando que a CLT, a despeito da reforma já realizada, também precisará ser reformulada com maior amplitude. “Nossa anacrônica lei garante o emprego. A partir de agora, necessitaremos de uma legislação que garanta o trabalho”.
Para o atendimento a essas transformações, não bastará a imprescindível adequação do ensino técnico e do acadêmico. Segundo Cervone, a preparação dos trabalhadores precisa começar na Educação Infantil e se estender por todas as etapas. “Muitas crianças e adolescentes de hoje terão profissões que sequer foram inventadas. Além disso, precisarão ter mais inteligência emocional, flexibilidade, alta capacidade de interação com pessoas de idades e culturas diferentes, devendo saber lidar melhor com a diversidade, as pressões e os desafios do cotidiano. Tais virtudes serão tão ou mais importantes do que as competências do conhecimento profissional”.