A professora Monique Medeiros Costa e Silva, mãe do menino Henry Borel, mudou sua versão sobre o que ocorreu no dia da morte do filho de 4 anos e sobre a sua relação com o vereador Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho (sem partido). Os dois são suspeitos da morte do menino no dia 8 de março.
Em carta enviada aos seus advogados, escrita no Hospital Penitenciário Hamilton Agostinho, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, Monique descreve o seu relacionamento com Jairinho e comenta as agressões que ela e o filho sofreram. Monique foi para o hospital depois de ter o diagnóstico de covid-19 na cadeia.
Monique, se dirigindo aos advogados Hugo Novais e Thaise Mattar Assad, diz que está sofrendo muito e não tem um dia que não chore pela morte do filho. “Sempre fui uma pessoa e não mereço estar sendo condenada por um crime que eu não cometi. Nunca acobertei maldade ou crueldade em relação ao Henry. Nunca encostei um dedo nele, nunca bati no meu filho, eu fui a melhor mãe que ele poderia ter tido. Minha vida hoje não faz mais sentido”, afirma na carta à qual a Agência Brasil teve acesso.
Em outro trecho, Monique revela que não sabia, mas estava sendo manipulada por Jairinho, que a oprimia, mas ela não conseguia sair do relacionamento. Monique se refere ainda aos pais, que segundo ela, são pessoas boas, humildes, com caráter, mas não têm outro lugar para ficar. “Temo pela vida deles! Jairinho emprega mais de uma centena de pessoas, é influente, conhece as pessoas mais ricas desta cidade, têm informações privilegiadas e comandam muita coisa em nosso bairro”, destacou.
A mãe de Henry revelou ainda que tentou a todo custo se afastar e se desvincular do vereador, mas foi ameaçada diversas vezes por ele e a sua família também. Monique contou que conheceu Jairinho em um período em que estava muito fragilizada, em um ano de pandemia, além de passar por uma crise com o marido [Leniel Borel, pai de Henry]. “Foi quando decidi separar! Como ele não saiu de casa, tive que pegar meu filho e carregar comigo, pois eu tinha uma casa no terreno dos meus pais que construímos no início do relacionamento, quando ele ficou desempregado”, relatou.
Em outro trecho, ela diz que conheceu Jairinho pelo Instagram no dia 31 de agosto do ano passado, e marcaram encontro em restaurante da Barra. Para ela, o vereador era um homem inteligente, charmoso, persuasivo e influente. Segundo ela, durante o encontro contou a Jairinho que como diretora de uma escola municipal do bairro de Senador Camará, costumava fazer denúncias de maus tratos sofridos pelos alunos ao Conselho Tutelar Regional de Bangu.
Em setembro se divorciou do marido e no mesmo mês foi pedida em namoro por Jairinho. Segundo ela, depois disso “sutilmente”, Jairinho começou a pedir que apagasse muitas fotos do seu perfil no Instagram, porque ela não podia ter muita exposição. Como não achou nada de mais, atendeu ao pedido. Em seguida, além de não responder mais as mensagens de amigos homens, aceitou o pedido para que bloqueasse os amigos e seu celular passou a ter um localizador instalado pelo namorado.
Monique acrescentou que, com o passar do tempo e com a demora para obter o divórcio, começou a ter crises de ansiedade com as cobranças e picos de pressão. Foi aí que, de acordo com ela, Jairinho passou a receitar ansiolítico e remédio para ela dormir.
A professora revelou ainda que em uma das crises de ciúme o vereador entrou de madrugada na casa de Bangu, onde ela estava dormindo com o filho, e a enforcou. “Ele estava transtornado e desfigurado com raiva de mim”, depois disso, ficou sabendo que Jairinho tinha lido uma troca de mensagens que teve com o pai de Henry. No dia seguinte, o vereador pediu desculpas e informou que ia providenciar o aluguel de um apartamento para morarem juntos com o menino também. O apartamento para onde mudaram foi onde a criança sofreu agressões, relatadas pela babá Thayná Ferreira, até chegar o dia 8 de março quando não resistiu e morreu.
Polícia Civil
De acordo com a Polícia Civil, os delegados Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), e o titular da 16ª Delegacia de Polícia, Henrique Damasceno, presidente do inquérito que apura a morte do menino Henry, só darão entrevistas após a conclusão do inquérito. “O caso está sob sigilo e só o dr. Antenor e o dr. Henrique estão falando sobre as investigações”, informou.
Por Agência Brasil / Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil