Na manhã dessa quarta-feira (24), profissionais do Hospital Unimed se reuniram com a imprensa para falar da atual situação da pandemia no município e alertaram para a necessidade de medidas mais restritivas no munícipio.
Ao explanar o número de casos, o presidente da Unimed de Rio Claro, José Martiniano Grillo Neto salientou a gravidade do momento. “Nos 25 anos do Hospital da Unimed, pela primeira vez a UTI está lotada e com o dobro da capacidade de pacientes, precisamos invadir o centro cirúrgico para colocar pacientes, de 10 transformamos para 20. Esse era o nosso plano de contingência e que já foi atingido”, salientou cobrando medidas mais rígidas na cidade. “Se não promovermos distanciamento social, máscara, fechamento de estruturas que não são importantes e que podem comprometer”, ressalta.
A falta de conscientização foi apontada como um dos fatores para a evolução dos casos. “Se todos ficarem isolados 15 dias, a doença morre. Não está se encerrando porque não estão respeitando. Falta conscientização da comunidade. Quando a população não ajuda, o prefeito tem isso na mão, a opção de adotar medidas mais restritivas. Ou isso, ou aumentar espaço no cemitério. E se a decisão for restringir, nós vamos apoiar”, disse o presidente.
Durante a coletiva a médica infectologista do Hospital Unimed, Marlirani Dalla Costa Rocha, ressaltou o trabalho que é realizado desde janeiro de 2020, porém o atual momento é preocupante. “Já atingimos a capacidade máxima do plano de contingência”, observou.
A médica mencionou ainda dados durante o ano em que o vírus foi introduzido no Brasil. “O pico máximo da doença foi em julho de 2020. A maior taxa de internação em julho teve 58 pacientes internados. E temos que lembrar que o paciente tem um tempo grande internado, se tudo corre bem de 10 a 15 dias, esse tempo pode pular de 4 a 6 semanas ou mais. Tem que entender que tenho um número fixo de leitos e se ocupei hoje com 20 pacientes na UTI. Mas a previsão de alta deles é para daqui duas semanas, se chegar hoje um outro paciente teremos dificuldade de colocar no atendimento, porque quem entrou ocupa o espaço por período grande de tempo”, destaca a médica citando o tempo que um paciente necessita ficar internado.
A maneira de como o vírus tem atingindo as pessoas também tem sido avaliada ao longo do período de pandemia. O número de pacientes mais jovens tem assustado. “No primeiro momento, na fase inicial, as pessoas que tinham piores desfechos e morriam mais, eram idosos. Muitos jovens não se conscientizaram. Mas hoje em março de 2021 a realidade se inverteu e não temos mais predomínio de idosos. É assustador o número de pessoas jovens, de 30, 28, 40 anos. Essas pessoas ocupando a maior parte dos leitos. E quando se fala em parte da população não existe dinheiro que compre vaga hoje, porque ela não existe. Só tem um jeito, compreenderem que tem que se manter distantes uma das outras”, alerta.
RESTRIÇÕES
“Pessoas não estão compreendendo que a restrição é ficar quieto em casa. Apenas no núcleo familiar. Enquanto adulta tenho que pensar que na hora de ir no supermercado eu vou sozinha compro o necessário e saio”, observou a especialista.
“Brasil desenvolveu variante muito agressiva, evolução clínica dos pacientes não é igual do ano passado. Hoje destruindo vidas das pessoas com sobrepeso. Pessoas jovens, evoluindo com tempo de uso de respirador maior que vemos na primeira fase. As pessoas precisam parar com Fake News e começar a ouvir o que ciência está falando, não tomar por achismo, mas com base em dados que os técnicos estão fornecendo e essa nossa preocupação, ter documentação para explicar o que está acontecendo. Só com números reais, decisões corretas”, ressalta.
O coordenador médico da Unimed de Rio Claro Gustavo Roberto Fink observou que chegamos ao colapso. “Já começando sofrer as consequências. Quando atingimos o plano de contingenciamento já chegamos ao colapso, não temos o que fazer. É lockdown? como vai fazer? Precisamos estar juntos nessa decisão, algo precisa ser feito, como combater, vacina para evitar que fiquem doentes e remédio que cure. Não temos vacina e nem antiviral. O que temos de positivo? Isolamento social, uso de álcool, distanciamento, uso de máscaras, são as medidas que temos, isso combate no sentido de reduzir e sair do caos que estamos. Araraquara viveu o que estamos vivendo tomaram medidas – foi eficiente, mais controlado hoje. Então importante que população, todos setores estejam engajados nessas medidas. Estamos implorando, por favor, população de Rio Claro tenha consciência do que estão fazendo, estamos com colapso instaurado, a consequência é sair contando números”, implorou o médico.
Por Janaina Moro/Vivian Guilherme / Foto: Divulgação