Nesta quinta-feira (18), o Candidato de oposição à Presidência do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – CIESP, José Ricardo Roriz Coelho, vai participar de encontros virtuais com lideranças da indústria de Rio Claro e São João da Boa Vista. Na pauta: Cenário da indústria no Estado, perspectivas para a economia brasileira em 2021 e debates de propostas em defesa do setor produtivo.
Após 17 anos, os industriais paulistas associados ao Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Ciesp terão o direito de votar para escolher o próximo presidente da entidade no dia 5 de julho. A última eleição na entidade foi realizada em 2004 e, de lá para cá, só houve chapa única. Agora, em 2021, há duas chapas concorrendo e o candidato da oposição, José Ricardo Roriz Coelho, busca recuperar o prestígio e a credibilidade do Ciesp junto a seus associados, entidades parceiras, esferas públicas e comunidade.
Em entrevista, Roriz fala sobre as principais propostas da Chapa 1 para resgatar o histórico de representatividade industrial no Estado. “São quase duas décadas de amarras e exclusões movidas pelo autoritarismo, que atualmente predomina no Centro e na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e Fiesp, afirma o líder industrial.
O empresário criticou o isolamento das entidades da indústria nos últimos anos. Segundo ele, a atual gestão não priorizou, como deveria, a agenda do setor. “Nesse período, os pleitos da indústria deram lugar a idas e vindas a Brasília, sem nenhum resultado efetivo para o setor produtivo como um todo. Vale lembrar, também, que a indústria viu seu poder de participação no PIB brasileiro cair para um patamar de 10%. Já fomos responsáveis por cerca de 30% do Produto Interno Bruto brasileiro.”
Segundo o candidato, o ano de 2020 confirmou duas décadas perdidas para a economia, com a retração de 4,1% do Produto Interno Bruto, “resultado que coincide com a situação extremamente grave da indústria”. Roriz garante que se for eleito irá retomar, imediatamente, o diálogo com o empresariado paulista. “Nossas decisões não vão ser tomadas só na avenida Paulista, mas também nas bases do Ciesp espalhadas pelo interior de São Paulo. A prioridade será restabelecer o foco na agenda de competitividade da indústria.”
Na visão de José Ricardo Roriz Coelho, as próximas eleições oferecem “chances reais de arrumar a casa da indústria” e colocar fim ao jogo de interesses e de continuísmo. “Apresentamos ideias inovadoras, porque é urgente a renovação da nossa entidade que por longos anos ficou impedida de cumprir seu papel de representante da indústria.” Cerca de 6.500 empresas estarão aptas a votar.
A proposta da Chapa 1 está estruturada em cinco pilares, voltados para a geração de negócios na indústria. “Caminharemos juntos para retomar o rumo da nossa indústria e da sua representação. Um projeto que leve em conta os desafios do nosso tempo: a indústria 4.0, a economia circular, produção de baixo carbono, robotização, sustentabilidade e competitividade global.”
Roriz Coelho listou também o que chamou de “luta incansável contra o Custo Brasil, pelas reformas estruturais, principalmente a tributária” que, segundo ele, não pode mais continuar prejudicando a indústria. “Ao contrário, precisa beneficiar a indústria, que é quem mais paga impostos no Brasil e mais gera empregos de qualidade”.
A Chapa 1, de oposição, e encabeçada por José Ricardo Roriz Coelho, reúne 134 empresários e empresárias de várias regiões do Estado.
Perfil
José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e do Sindicato da Indústria do Plástico (Sindiplast). É também 2º vice-presidente da Fiesp e vice-presidente do Ciesp.
Perguntas
Na sua opinião, o que ocorrerá com a economia do país neste ano?
Roriz: Apesar das incertezas fiscais e do cenário preocupante com a pandemia do coronavírus, acredito na alta do PIB brasileiro neste ano. Entretanto, não podemos ainda considerar essa expansão como uma retomada forte, porque iremos crescer em relação a desempenhos negativos dos últimos anos. O Brasil precisa trilhar uma linha de crescimento gradual, ano a ano. Na minha visão, a retomada de 2021 não irá recuperar totalmente o tombo de 2020, que foi de 4,1%. Os países emergentes deverão crescer 6,3% neste ano, ritmo quase duas vezes maior do que o esperado para o Brasil. Conforme as projeções do FMI, o PIB da Índia deverá saltar 11,5%, a China deverá crescer 8,1%, seguidos de Malásia (7,0%) e Filipinas (6,6%), enquanto a estimativa para o Brasil é de 3,29%, segundo analistas brasileiros.
Qual a expectativa em relação à inflação? Deve subir acima de 4% ou cair abaixo desse patamar?
Roriz: A expectativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 3,87%. Mas não há garantia de que esse patamar se sustente, com a atual política de reajuste de preços dos combustíveis, por exemplo. Também vejo com preocupação a alta exagerada de impostos no estado de São Paulo, que tende a elevar o aumento de preços de diversos produtos.
A longo prazo, caso seja votada neste ano, a reforma tributária vai ajudar as empresas a retomarem o crescimento?
Roriz: A sociedade brasileira está ansiosa pela reforma tributária há anos, e a indústria em sua totalidade trava uma luta incansável contra o Custo Brasil. Há uma eterna briga pelas reformas estruturais, principalmente a tributária, que não pode prejudicar a indústria. Ao contrário, precisa beneficiar o setor, que é quem mais paga impostos no Brasil e mais gera empregos de qualidade. A reforma não vai ajudar apenas o setor produtivo, mas causar impactos positivos no PIB, no consumo, investimentos, exportações e importações e no mundo do trabalho.
Como o sr avalia a relação dos governos federal e estadual com o empresariado hoje?
Roriz: É inegável que existe um distanciamento quando os assuntos são interesses da indústria em geral. É fundamental que a indústria tenha interlocutores que conversem em todas as esferas de governo sobre os problemas na atividade produtiva. Não interessa quem é o presidente ou o governador, tanto o Ciesp como a Fiesp precisam voltar a conversar com nossos governantes. A prioridade é a defesa da indústria.
O que é preciso para reverter o processo de desindustrialização em São Paulo?
Roriz: No ponto mais alto da industrialização do país, décadas de 80/90, a indústria de transformação representava 35% do PIB brasileiro; em 2017, essa participação não chegava a 12%, e representamos, hoje, cerca de 10% do PIB.
Esse processo já mostrou que não pode ser revertido apenas com medidas pontuais, que favoreçam apenas alguns segmentos da indústria.
É imprescindível que sejam realizadas reformas estruturantes, especialmente a tributária, que favoreçam um ambiente de negócios propício a novos investimentos, além de ampliar a competitividade dos nossos produtos no mercado externo, com desoneração das exportações, aumento da segurança jurídica e fortes investimentos em infraestrutura.
Hoje, não há uma política industrial para São Paulo e o Brasil. Não há um estudo completo que aponte um rumo para a indústria voltar a ser uma força propulsora de desenvolvimento. Também não estamos confortáveis, principalmente, para os desafios que a cadeia produtiva irá enfrentar na retomada econômica pós-covid, com um cenário forte de concorrência internacional.
Qual é a sua expectativa em relação aos rumos do País?
Roriz: A crise sanitária segurou ainda mais o avanço do Brasil. Continuamos atrasados, sem foco. O governo precisa criar oportunidades para que o país volte a crescer, gerar empregos. As reformas tributária e administrativa podem mudar o rumo da economia. Mas é preciso mais agilidade nesse processo. Infelizmente, temos um sentido de urgência, que é vencer a pandemia do COVID 19, o que acho extremamente necessário. Mas precisamos das reformas para voltar a crescer com toda a força pelos próximos 10 a 15 anos, sem improvisos no meio do caminho. Com essas correções, o Brasil deverá seguir uma rota de desenvolvimento econômico e social. Feitos esses ajustes, a indústria retomará seu rumo de desenvolvimento que leve em conta os desafios do nosso tempo: a indústria 4.0, a economia circular, produção de baixo carbono, robotização, sustentabilidade e competitividade global.
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