Estamos em um momento complicado, em meio a uma pandemia, ingerências perante a crise sanitária e social, chegamos ao ponto de não mais lutar por direitos, pela dignidade da pessoa humana, por garantias de qualidade de vida da pessoa com deficiência, e sim, somente para manter o mínimo do que conseguimos, depois de muita luta, durante vários anos. No ano de 2019, iniciou-se um intento, através da PL 6.159/2019, de prejudicar as pessoas com deficiência com mudanças na lei de cotas, favorecendo uma visão assistencialista e não de inclusão, diante de movimentos e manifestações de alguns representantes legislativos um recuo aconteceu. No final do ano passado, início do ano, em meio à crise, pandemia, quando mais as pessoas necessitam de políticas públicas, momento no qual o poder constituído deve dar mais atenção a sua população, a medida provisória assinada pelo Presidente da República nº1.023 de 31 de dezembro de 2020, veio reduzir o acesso ao benefício de prestação continuada, de meio para até um quarto de salário mínimo a renda mensal per capita para ter acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). O benefício é pago para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.
A última, no dia 01 de março, dentro da teoria descobre um santo para cobrir outro, a medida provisória 1.034/2021, do governo federal, mudou a regra para a concessão de isenção de IPI na compra de carros zero-quilômetro por pessoas com deficiência, prejudicando mais uma vez as pessoas com deficiência, para zerar imposto do diesel. E as cortinas de fumaça que cegam para realidade e destroem dia a dia nossa essência humana. Tomamos a liberdade para escrever aqui a letra atualizada de Pare o Mundo que eu quero descer, do Silvio Brito, que retrata um pouco do que estamos sentindo.
Pare o Mundo que eu quero descer 2020.
Que eu não aguento mais
Escovar os dentes com a boca cheia de fumaça
Já há tantos anos
E essas discussões de gêneros, ideologias,
Etnias, crenças e raças Somos todos seres humanos
Pare o mundo que eu quero descer
Que eu não aguento mais ser fotografado, Filmado, digitalizado.
Pra ter meus documentos
É carteira, cartões, CPF pra tudo
Que eu já nem sei por onde anda
Minha certidão de nascimento
Pare esse mundo que eu quero descer
Que eu não aguento mais notícias de miséria,
Violência, corrupção que não param de aumentar
E pensar que a poluição
Contaminou até as lágrimas
E eu não consigo mais chorar
E ainda por cima
Tem que pagar pra nascer
Tem que pagar pra viver
Tem que pagar pra morrer
Tá tudo errado
Desorientado segue o mundo
E eu não posso mais ficar parado
Tá tudo errado
Mas o que tiver que ser, será
E com certeza há de melhorar
Pare o mundo que eu quero descer
Que eu não aguento mais esperar o Brasil
Ganhar o hexacampeonato
Ah! Meu Deus do céu
E ter que pagar multas, impostos
Taxas, pedágios… Pra engordar
Um bando de ratos
Pare o mundo que eu quero descer
Que eu não aguento mais esses atendimentos
Eletrônicos automatizados
Ninguém sabe
Ninguém viu […]
Por Paulo Meyer e Vilson Andrade