A caderneta de Poupança completou no último dia 12, 160 anos. Hoje talvez não seja a melhor indicação dos especialistas para quem decide poupar, porém ao longo da história teve representatividade. Conforme destacou a Agência Brasil, ao aceitar depósitos feitos por escravos, a poupança representou, no passado, uma importante ferramenta para que, ao guardar suas economias, parte da população escravizada conseguisse “comprar” a alforria.
Ao ser criada, na cidade do Rio de Janeiro em 1861, com o propósito de “recolher os depósitos de poupança popular no Brasil”, a Caixa Econômica deu o primeiro passo para se tornar “a opção de investimento mais segura, acessível e adequada a todos os perfis, desde os pequenos poupadores a grandes investidores”, explicou o próprio banco, por meio de sua assessoria. Onze anos depois, com a publicação do Decreto nº 5.153, de 13 de novembro de 1872, a Lei 2.040, publicada um ano antes, foi regulamentada, de forma a possibilitar o recolhimento de depósitos feitos por escravos.
DIVERSIFICAÇÃO
A fim de ampliar cada vez mais o seu público, os serviços de poupança vêm se diversificando ao longo do tempo. No caso do banco com maior participação no mercado de poupança (a Caixa, com 38,7%), o principal deles é a poupança integrada, que é vinculada à conta corrente, bastando ao correntista transferir os valores. Entre os produtos oferecidos pelo banco há ainda a Poupança Azul, modalidade de conta poupança para todas as pessoas, incluindo crianças ou qualquer dependente, e a Poupança CAIXA Fácil, modelo simplificado que pode ser aberto até mesmo em lotéricas.
Duas modalidades recentes, usadas inclusive para possibilitar o pagamento do auxílio emergencial, FGTS Emergencial e outros programas sociais, são as poupanças Social Digital e a Digital. “A Poupança Social Digital é uma conta simplificada, sem tarifas de manutenção, com limite mensal de movimentação de R$ 5 mil que foi aberta de forma automática para possibilitar o pagamento do Auxílio Emergencial”, explicou o banco.
A reportagem do Diário do Rio Claro conversou com a Especialista em Comportamento Humano e Finanças, Fernanda Reginatto, que é também colunista do Centenário e traz sempre orientações sobre investimentos. Ela explica para quem ainda tem dúvidas sobre esta modalidade de aplicação financeira. “A poupança funciona assim: você empresta dinheiro para o banco, e ele devolve esse dinheiro com juros (você investe na caderneta de poupança). A rentabilidade da poupança se dá de acordo com a taxa Selic: caso a taxa Selic esteja abaixo de 8,5% (que é o caso), a poupança rende 70% da Selic ao ano, mais a Taxa referencial (TR- que é quase sempre bem próxima de zero). Já com a Selic acima de 8.5, a rentabilidade da poupança passa a ser de 0.5% ao mês, mais taxa referencial”, salienta.
Mas o que isso quer dizer? “Quer dizer que atualmente, por exemplo, com a taxa Selic a 2%, seu dinheiro está rendendo 1,4% ao ano, uma rentabilidade muito inferior a de outros investimentos tão seguros quanto. E tem mais, tirando a inflação, que está acima de 4%, você está perdendo dinheiro na poupança”, ressalta.
Os especialistas têm apontado cada vez mais alternativas para quem busca outras opções. “Existem outros investimentos tão seguros quanto a poupança e que tem uma rentabilidade bem mais atrativa, como por exemplo CDBs, LCI, LCA ou o próprio tesouro SELIC (não é uma recomendação). E falando em liquidez, a poupança nos “engana” pois mesmo podendo resgatar o dinheiro a qualquer momento, você só garante a sua rentabilidade após o aniversário da poupança. Ou seja, se você tirar o seu dinheiro de lá, antes do aniversário, você não recebe nada de rendimentos.”
Antes de qualquer ação com o seu dinheiro de como vai investir ou não, Fernanda Reginatto sugere uma das ferramentas mais importantes, o conhecimento. “Querem uma dica? Estudem! Vocês verão que na verdade a poupança não é a melhor opção para o seu dinheiro trabalhar para você. Com a crescente das corretoras de investimentos e da acessibilidade aos conhecimentos em relação a investimentos e educação financeira que temos na internet hoje, tanto pelas próprias corretoras que educam o cliente, quanto por diversos educadores financeiros, podemos facilmente encontrar investimentos que atendem às nossas necessidades, com maior rentabilidade e com taxas menores”, finaliza.
Por Janaina Moro / Foto: Arquivo/Caixa Econômica Federal