Anvisa diz que não recebeu pedido de uso emergencial de vacina
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse ontem (5) que ainda não recebeu nenhum pedido de uso emergencial ou de registro definitivo de vacinas para covid-19 no Brasil. A informação foi dada após nova reunião com técnicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do laboratório Astrazeneca.
A reunião na manhã dessa terça-feira tratou de questões sobre a autorização emergencial do uso das doses da vacina contra a covid-19, desenvolvida pela Astrazeneca em parceria com a Fiocruz. Segundo a Anvisa a troca de informações deve continuar nos próximos dias.
“A Anvisa tem atendido todos os laboratórios que estão desenvolvendo vacinas a fim de orientar e esclarecer questões técnicas para a avaliação de vacinas”, diz a nota.
No dia 31 de dezembro de 2020, a agência reguladora autorizou a importação, em caráter excepcional, de 2 milhões de doses da vacina britânica da Oxford, produzida em parceria com a Fiocruz no Brasil. As doses importadas são fabricadas pelo Serum Institute da Índia. No país asiático, o uso emergencial do imunizante já foi aprovado.
Na segunda (4), em outra reunião, a Anvisa disse que precisa de mais informações para liberar o uso emergencial das doses da vacina produzidas pelo Serum Institute.
Entre as questões levantadas, a Agência quer saber se o produto do fabricante indiano é semelhante ao fabricado no Reino Unido, que teve os dados clínicos aprovados. A Anvisa também questiona se o método de produção e os materiais utilizados são os mesmos.
Itamaraty nega proibição para importação de vacinas da Índia
O Ministério das Relações Exteriores informou ontem (5) que não há qualquer tipo de proibição oficial do governo da Índia para exportação de doses da vacina contra o novo coronavírus produzidas por indústrias farmacêuticas daquele país.
Segundo nota divulgada pelo Itamaraty, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, reuniu-se na segunda (4), em Brasília, com o embaixador da Índia, para tratar do assunto.
“As negociações entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Serum da Índia para a importação pelo Brasil de quantitativo inicial de doses de imunizantes contra a Covid-19 encontram-se em estágio avançado, com provável data de entrega em meados de janeiro”, diz a nota, assinada pelo Itamaraty em conjunto com o Ministério da Saúde.
Na segunda (4), o chefe do Instituto Serum da Índia, Adar Poonawalla, chegou a dizer, por meio de nota, que as exportações estariam barradas pelo governo da Índia, até que parte da população local fosse imunizada. Na ocasião, a Fiocruz disse que o Itamaraty estava negociando a importação das doses da vacina com autoridades sanitárias da Índia.
A afirmação sobre restrições à exportação da vacina foi desmentida por Poonawalla em nota, assinada em conjunto com o diretor do laboratório indiano Bharat Biotech, Krishna Ella. A empresa produz outra vacina contra a covid-19, a Covaxin. A empresa negocia a venda de 5 milhões de doses da vacina para a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC).
Na nota, os representantes dos dois laboratórios destacaram a intenção conjunta de fornecer as vacinas para a Índia e “globalmente” e que as duas empresas mantêm as atividades de desenvolvimento das vacinas, conforme planejado.
“Agora que duas vacinas receberam autorização de uso emergencial na Índia, o foco é na manufatura, fornecimento e distribuição, para que as populações que mais precisam recebam vacinas de alta qualidade, seguras e eficazes”, diz o comunicado.