É provável que o Brasil já esteja ganhando por 2 x 0, quando você se deparar com essas linhas, agora pela manhã. Tomara. Caso contrário, não me culpe pela decepção. Alô, Sr. Tite, você macaco velho do mundo da bola sabe que no futebol só existe uma verdade: ganhou é bom, empatou é mais ou menos, perdeu é ruim. O empate contra a Suíça, na estreia, foram apenas ferimentos leves. Agora vamos à forra.
Quanto entusiasmo! – você deve estar pensando, não é leitor? Pois bem, de fato, estou feliz, e você também deve estar. Afinal, fazemos parte do seleto número de pouco mais de 200 mil indivíduos que tem o prazer de morar na querida Cidade Azul, que, daqui a 2 dias, comemora 191 anos de existência.
Rio Claro, terra de João, o Batista, padroeiro, cuja imagem para cá trazida por um de seus fundadores, Francisco da Costa Alves, existe até hoje. Visionário, o oficial da coroa, a serviço de sua majestade, o Rei, foi além, trouxe consigo não apenas a imagem do João, também o padre, de nome Delfino, que, com sua bravura e destemor, viria por ordem na casa, fazendo valer entre os habitantes do povoado, a lei de Deus e a lei dos homens.
Cada vez que passo diante do Espaço Livre da Avenida Rio Claro, o antigo Largo do Riachuelo, tento imaginar como eram as pessoas que ali viviam no início do povoado de São João Batista do Ribeirão Claro, como chegavam aquelas pessoas, de onde vinham e o que traziam além do cansaço e da esperança? Quais eram suas ocupações, dificuldades?
Quais expectativas animavam seus corações, se é que as tinham? Qual terá sido o exato lugar em que fora parido o primeiro rioclarense? Terá sido menina ou menino a derramar as lágrimas de boas vindas nessas terras?
Os mais antigos tendem a dizer convencidos de que Rio Claro ontem era melhor que hoje. Eu os compreendo. Saudade é uma dor para a qual não há remédio. Através da ferrovia, Rio Claro conheceu o progresso inevitável ao qual estava destinada. O povoado tornou-se cidade. Abriu seu coração e suas portas para brasileiros vindos de todas as partes do país e eles deram a sua contribuição e enriqueceram de cultura, inteligência e capacidade produtiva a querida Cidade Azul.
Em minha juventude, muitas vezes tive vontade de deixá-la, Rio Claro. Mas nunca tive oportunidade. E quando tive, faltou-me coragem. Menos mal. O tempo viria a demonstrar que a vida, mais uma vez, escrevia certo por linhas tortas. Aqui estou e não me arrependo. Aqui encontrei aqueles que me amam, ganho o meu sustento, compartilho conhecimentos e experiências de vida. Aqui pretendo abandonar-me à eternidade, quando a megera dama vier me chamar. Que demore a fazê-lo.
Tudo isso, Rio Claro, todas essas linhas, só pra dizer que te amo, e que não vivo sem você.
Caro leitor, perdoe-me a pieguice dessa crônica. O amor permite esses excessos. Daqui a 2 dias, comemore, se a seleção do Tite impedi-lo de fazê-lo hoje. Você terá todos os motivos pra comemorar. Você mora numa cidade que tem lá os seus problemas como qualquer outra, mas também muita coisa boa pra ser apreciada e vivida. Salve, salve, Rio Claro querida!
Por Geraldo J. Costa Jr.
O colaborador é escritor.