Em meados de 1997 um boneco de borracha com nome pouco casual era manuseado pelo apresentador João Gordo no programa Garganta e Torcicolo, da MTV Brasil. Empresa pertencente ao Grupo Abril, tendo sido a primeira rede de televisão segmentada a ser transmitida no sinal aberto sendo a versão nacional da MTV norte americana, terceira versão da MTV lançada no mundo e a primeira a ser lançada em TV aberta.
A MTV Brasil direcionada para adolescentes e jovens adultos, estreou em 2005 uma série de desenho animado de caráter adulto que se estendeu por seis anos, reintroduzindo no cenário televisivo o nome do boneco de borracha que era apresentado no programa do apresentador João Gordo. Intitulada como “Fudêncio e Seus Amigos”, o desenho animado mostrava o dia a dia e as aventuras bizarras de um grupo de crianças estudantes, amigos de um garoto punk, maldoso, monossílabo, chamado Fudêncio.
Desde então, o Fudêncio permaneceu na mente de muitos jovens adultos, inclusive por ter lançado uma gíria ou forma de expressão atualmente em ascensão nas redes sociais, referenciada como mimimi, sendo empregada para detonar qualquer manifestação, impossibilitando a troca de ideias e discussões sobre diversos assuntos.
Numa bela madrugada do ano de 2009, Fudêncio reiniciou sua aparição, não como boneco de borracha ou personagem de desenho animado, mas sim como agente de fiscalização da administração pública municipal de Rio Claro.
Trabalhando na calada da noite, trazia em seu veículo, cartazes de propaganda de bebidas, as mesmas que se fixavam nas paredes de bares, ripas de madeira, pincel atômico e, demais acessórios que utilizava para a fixação de cartazes, nas obras públicas inacabadas. Com letras de forma retorcidas e alguns erros ortográficos ele aproveitava o verso desses cartazes para escrever sua indignação quantos aos serviços prestados pelos agentes públicos.
Em determinado período os cartazes passaram a ofender funcionários públicos e políticos, o que descaracterizou sua principal função, de fiscalização e tornou-se uma ferramenta política e de ofensas públicas, criando um novo cargo na administração pública municipal da época, o coletor de cartazes do Fudêncio, pena que era um cargo não remunerado.
Após um período de férias prolongado, Fudêncio reapareceu em nossa Cidade Azul, hoje, trabalhando apenas como agente fiscalizador, e para os que desconhecem sua função, é só passar pela rua oito, esquina da avenida trinta, bairro Santana, onde há cartazes alertando a administração municipal sobre as árvores (Sibipirunas) cortadas na calçada, e que por esquecimento, suas raízes não foram arrancadas e por este motivo, impedem a locomoção das pessoas pelo local.
Fudêncio, nome de timbre forte, mas eficiente quando incomoda os agentes públicos e, inflama, os anseios da população, um personagem oculto dentre muitos outros que trabalham por nossa Rio Claro.