Época de celebração e, até o ano passado, de muitas reuniões, celebrações presenciais trocas de presenças e abraços calorosos. Por conta da pandemia, muitos farão diferente, mantendo o isolamento, sem muito contato físico, sem muita proximidade. Mas independentemente de como será o seu dia de Natal, o verdadeiro significado não deve ser esquecido. “Talvez neste ano, por causa da pandemia da Covid-19 que enfrentamos, muitas realidades foram modificadas; o abraço, as relações e o afeto entre familiares e amigos, que ainda necessitam manter-se em distanciamento. Volta a crescer os casos no mundo inteiro. É por isso que não podemos perder, mesmo neste tempo, aquele olhar de encantamento. No Natal que se aproxima devemos celebrar a nossa fé em Cristo, o Deus Conosco, o Emanuel, o Verbo Encarnado, que viveu, morreu e ressuscitou para manifestar a nós que a vida deve ser eternamente celebrada”, destacou o Padre Anselmo Cardoso Martiniano da Ass. de Comunicação Diocesana em uma reflexão.
Há séculos a Igreja celebra, no dia 25 de dezembro, a Solenidade do Nascimento de Jesus Cristo. “Sabemos que o Natal é uma data importante na vida da Igreja, e evoca de modo significativo à confirmação de que da parte de Deus só há uma certeza, Ele permanece fiel ao que diz. A encarnação do Verbo se dá numa família humana, em Nazaré, e traz consigo uma novidade, que se revela no “sim” de Maria, no encontro com Deus através do anjo que lhe faz o grande anúncio da maternidade divina; no “sim” de José, um trabalhador que cuidou de Maria, que dá a descendência e o nome a Jesus; o evento que muda a noite dos pastores, amplia a salvação à toda humanidade na adoração dos Magos… Um Deus que se faz homem, para mostrar ao mundo como deve ser a humanidade de Seu divino coração”, explicou.
Este mistério está envolto em solidariedade da parte de Deus, porque quando se faz Homem, manifesta a toda humanidade que Ele quer ser presente; na fuga para o Egito, a Sagrada Família faz a experiência do exílio, como tantas famílias no mundo inteiro, quando se deslocam em busca de segurança, de vida e proteção. Toda infância de Jesus nos faz pensar: Por que, sendo Deus, se fez homem? “A grandiosidade do mistério deste amor no Natal de Jesus deve nos motivar, hoje e sempre, a celebrar esta data com um olhar de encantamento; no presépio, a simplicidade de Deus. Sabemos bem que São Francisco de Assis deixou-nos esta bela tradição: o presépio. O mistério da encarnação de Cristo no Natal o fascinou a tal ponto que, na pequena gruta de Greccio, na Itália, o santo de Assis, movido por este encantamento, fez uma tradução popular do nascimento do Salvador, Jesus Cristo. Ainda hoje somos fascinados pelas manifestações públicas de devoção, nas casas, nas praças e em nossas igrejas. O presépio não é teatro; este pequeno gesto manifesta publicamente nossa fé; somos um povo que celebra o Cristo vivo, que está no meio de nós. No Natal, celebramos o amor que se faz carne, um amor que transcende à própria vontade, um amor que não busca nada para si, um amor que se doa desde o seu nascimento”, ressalta.
É preciso entrar neste grande mistério de amor, e perceber que as grandes mudanças sempre acontecerão na simplicidade dos acontecimentos diários em família. “Sejamos gratos, e estejamos sempre de portas abertas para acolher o Filho de Deus, que bate à nossa porta em cada irmão e em cada irmã que precisam, hoje, de nosso gesto concreto de amor e solidariedade. Que nossas casas sejam, de fato, uma manjedoura; na simplicidade, acolhamos neste Natal o verdadeiro e único dono da festa, Jesus Cristo, nosso Salvador, que se fez homem para salvar toda a humanidade”, refletiu o padre Anselmo Cardoso Martiniano.
AMOR E SOLIDARIEDADE
Para o padre Wanderley Calça, da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, este Natal é tempo para agradecer. “Deus faz grandes coisas na sua vida, a fé não se associa ao pessimismo, nos cabe agradecer. Com cada gesto de amor, com cada sorriso que você dá ao seu irmão ou cada vez que você mostra solidariedade para com quem mais precisa. Você é o reflexo do nascimento da Criança em seu coração. Que o mistério do Deus Menino que celebramos no Natal nos ponha em harmonia com nós mesmos por sabermos que somos amados por Deus. Como ensina o Papa Francisco: “As dificuldades e os sofrimentos não podem obscurecer a luz do Natal, que desperta uma alegria íntima que nada e ninguém pode tirar de nós. A Virgem Maria nos obtenha a graça de viver um Natal extrovertido, mas não dispersivo. Extrovertido: que no centro não esteja o nosso ‘eu’, mas o Tu de Jesus e o tu dos irmãos, sobretudo daqueles que têm necessidade. Então daremos espaço ao Amor… Um abençoado Natal a todos.”
Uma mensagem com o sabor da harmonia
Estamos no tempo do Natal e finalizando o ano de 2020 e uma pergunta se faz presente: haveremos de vencer? Eu digo que sim. Da mesma forma que Deus veio a nós pela encarnação do Verbo que se fez carne, haveremos de sempre ter a manifestação de Deus, pois Ele nunca deixou de estar no meio de nós. Devemos nos contagiar dos sentimentos de alegria, mesmo nesses tempos difíceis, devemos nos envolver de amor fraterno, de compromisso com o próximo, de sentimento de ternura e fé.
Nestes dias serão difíceis as trocas de presentes, as festas em família, mesmo que as luzes coloridas estejam acesas nas janelas, no jardim, nas portas, naquele pinheirinho que ficou guardado desde o findar do Natal passado. Neste ano, experimentamos e vivemos um tempo para melhor refletir sobre o que foi feito, no que há por fazer e no que podemos ainda melhorar.
Posso dizer que este ano foi um ano muito diferente já vivido por cada um de nós, no qual tivemos a possibilidade de aprender a semear, controlar a ansiedade, encarar as perdas e alguns poucos, usufruírem os ganhos.
Passamos por momentos difíceis, porém a lealdade e o amor de Deus não deixaram de estar presentes. Muitas vezes não vemos, não sentimos, não ouvimos, não relacionamos com Ele, o Deus da Vida e da Eternidade, mas tivemos a ternura e o carinho da família e dos amigos.
Que em 2021 possamos todos juntos, independentemente de cor, raça, credo religioso, pensamento político ou condição social, juntarmos nossas vozes pela tolerância, harmonia, bondade, solidariedade, e que a tranquilidade impere em todos os lares neste novo ano que se aproxima. Pois não há limites pra sonhar, basta acreditar.
Pe. Renato Luís Andreatto – Paróquia Nossa Senhora Aparecida
Foto: Facebook/Igreja Matriz S. João Batista