O Governador João Doria lançou nessa segunda-feira (7) o Plano Estadual de Imunização contra o coronavírus. Segundo o anúncio, a campanha deve começar no dia 25 de janeiro, com prioridade para profissionais de saúde, pessoas com 60 anos ou mais e grupos indígenas e quilombolas na primeira etapa. São Paulo também deve disponibilizar 4 milhões de doses da vacina do Instituto Butantan para outros estados.
Entretanto, o que alerta o professor Eduardo Kokubun, membro da Comissão Anti COVID da Unesp Rio Claro, é para o fato de que a divulgação é uma intenção do governo do Estado, pois nenhuma vacina ainda foi aprovada para uso no Brasil. “A Anvisa ainda terá que analisar o pedido antes de ser aplicada por aqui. Há um ritual para análise emergencial. Há também toda preocupação com a logística da vacinação. Como distribuir e armazenar, fornecer insumos etc”, esclarece.
O professor explica que a vacina está em fase igual a outras em teste no Brasil. “Os resultados preliminares até aqui divulgados são promissores, mas não há ainda dados definitivos. Para cumprir o cronograma divulgado é necessário correr para superar todas etapas para aplicação com segurança”, ressalta.
Na opinião do professor, o Brasil poderia ter negociado com mais fabricantes. “Dada a proporção da pandemia, quanto mais fabricantes, melhor seria. Vamos precisar de muitas doses por aqui.” Sobre a necessidade de outras vacinas do armazenamento em baixas temperaturas, ele explica que a CoronaVac é mais fácil de manipular do que a desenvolvida pela Pfizer. “Mas mesmo com maior dificuldade, ela poderia atender regiões com recursos viáveis. Penso que não podemos desperdiçar nenhuma vacina”, afirma.
Entretanto, para o professor as expectativas são muito boas. “Na emergência, seria aceitável uma vacina com menor eficácia (50%). A boa surpresa é que as que estão sendo divulgadas superam 90%. Sem contar a velocidade para desenvolvimento. Como exemplo, até hoje não há vacina para HIV”, aponta Kokubun.
SÃO PAULO
A previsão é que 9 milhões de pessoas sejam imunizadas na primeira etapa, com a aplicação de 18 milhões de doses. O público-alvo prioritário abrange trabalhadores na linha de frente de combate à COVID-19, indígenas e quilombolas e também a faixa etária com maior índice de letalidade por COVID-19 – 77% das mortes provocadas pelo coronavírus até agora são de pessoas com mais de 60 anos.
A campanha será coordenada pela Secretaria de Estado da Saúde e implementada em parceria com as 645 prefeituras de São Paulo. O objetivo é dobrar o total de postos de vacinação dos atuais 5,2 mil para até 10 mil locais.
O Governo do Estado vai propor aos municípios a adoção de normas especiais para vacinação em farmácias, quartéis da Polícia Militar, escolas, terminais de ônibus e postos volantes em sistema drive-thru. O objetivo é garantir a segurança da população e evitar aglomerações nos locais de imunização.
A estimativa é que o esquema de logística e segurança pública para o Plano Estadual de Imunização envolva cerca de 79 mil profissionais, com 54 mil trabalhadores do setor de saúde e 25 mil agentes de segurança, entre policiais militares e guardas civis municipais.
O cronograma estipula cinco etapas de vacinação a partir do início da campanha (confira as datas abaixo). Até o fim de março, o Governo de São Paulo estima que quase 20% dos 46 milhões de habitantes do estado estejam imunizados com duas doses da CoronaVac e conta com a rápida aprovação da vacina do Butantan pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A CoronaVac é desenvolvida em parceria internacional entre o Instituto Butantan e a biofarmacêutica Sinovac Biotech. O resultado da fase 3 com o índice de eficácia do imunizante deve ser divulgado na próxima semana.
Estudos clínicos já demonstraram que 94,7% dos voluntários não tiveram evento adverso. Dos que apresentaram alguma reação, 99,7% relataram sintomas de baixa gravidade, como dor no local da injeção e dor de cabeça leve. Artigo publicado na revista científica The Lancet apontou que a vacina do Butantan produziu resposta imune em 97% dos participantes dos estudos.
CRONOGRAMA COMPLETO DO PLANO ESTADUAL DE IMUNIZAÇÃO CONTRA O CORONAVÍRUS (previsão)
– 25 de janeiro a 28 de março
– 9 semanas de duração
– 18 milhões de doses
– Duas aplicações por pessoa, com intervalo de 21 dias entre a primeira e a segunda dose
Cronograma de vacinação (previsto):
Dose 1
25/01 Profissionais da Saúde, indígenas e quilombolas
08/02 Pessoas com 75 anos ou mais
15/02 Pessoas com 70 a 74 anos
22/02 Pessoas com 65 a 69 anos
01/03 Pessoas com 60 a 64 anos
Dose 2
15/02 Profissionais da Saúde, indígenas e quilombolas
01/03 Pessoas com 75 anos ou mais
08/03 Pessoas com 70 a 74 anos
15/03 Pessoas com 65 a 69 anos
22/03 Pessoas com 60 a 64 anos
Foto: Governo do Estado de São Paulo