Uma pesquisa realizada pelo Centro de Formação Ambiental em parceria com a Assessoria dos Direitos à Pessoa com Deficiência de Rio Claro, através de rede social e presencial nos CRAS de Rio Claro, apontou diversos pontos da cidade que não oferecem acessibilidade.
Entre os principais obstáculos mencionados pelos entrevistados, para possibilitar calçadas acessíveis, está a quantidade de buracos e falta de rampas de acessibilidade. Também foi citado o plantio irregular de árvores em calçadas. “Tal visão mostra que podemos trabalhar a conscientização da população quanto a importância de cuidar de sua calçada e orientações sobre formas corretas e tipos de árvores adequados para calçada”, observou o gerente de conservações da Secretaria do Meio Ambiente Leonardo Andrade.
Quanto às rampas de acessibilidade, Andrade destaca que a cidade ainda não atinge um patamar adequado. “Com relação a instalação de rampas em 2019/2020 Rio Claro iniciou a maior construção de rampas de acessibilidade, porém ainda estamos longe do ideal, o trabalho de conscientização não pode parar, o correto seria ampliar as ações de conscientização, infelizmente devido a pandemia não podemos realizar orientação porta a porta, porém tão pouco se melhore a condição da pandemia o Centro de Formação Ambiental estará nas ruas conscientizando a todos sobre a importância da calçada acessível”, mencionou Andrade.
Para o assessor dos Direitos da Pessoa com Deficiência Paulo Meyer ainda falta muitas ações para conquistar a acessibilidade, não só a acessibilidade física, mas principalmente a atitudinal. “Esta traz impacto em todo contexto em relação a inclusão. Em relação a acessibilidade física precisamos iniciar políticas públicas com implantação de rotas acessíveis que a princípio prioriza o acesso a serviços públicos e a áreas de grande circulação de pessoas, lembrando que calçadas acessíveis, não só facilitam a vida de pessoas com deficiência, mas de todas as pessoas, inclusive idosos com dificuldade de locomoção”, destaca Meyer.
O projeto Calçada Acessível foi realizado com o intuito de reconhecer a importância da acessibilidade para a integração de toda a população ao ambiente urbano, além de recolher informações essenciais para estudos e elaborações de políticas públicas. Para permitir a colaboração direta dos munícipes e prover um conhecimento mais amplo da situação atual da cidade de Rio Claro. O formulário foi desenvolvido na plataforma Google Forms, e contou com 10 questões fechadas e uma aberta, na qual o participante da pesquisa poderia deixar comentários e sugestões acerca da temática.
A pesquisa recebeu 264 respostas. O grau de escolaridade foi amplo, sendo a maioria dos participantes formados no Ensino Médio (34,5%), Ensino Superior (32,2%) e Ensino Fundamental (23,1%). O formulário permitiu alcançar moradores de 90 bairros diferentes, o maior número de respostas obtidas foi do bairro Parque Mãe Preta, São Miguel, Bela Vista, Jardim Novo I, Terra Nova e Vila Alemã, respectivamente. Dos entrevistados, 44 participantes da pesquisa identificaram-se como portadores de alguma deficiência. No entanto, a maioria das respostas indicou a convivência com uma pessoa com deficiência.
De um modo geral, a acessibilidade das calçadas nos bairros foi considerada insatisfatória. Os bairros Ajapi, Bela Vista, Centro, Jardim Novo I, Mãe Preta, Terra Nova, Vila Alemã e Vila Cristina, obtiveram uma proporção considerável de respostas classificando suas calçadas como inacessíveis. A maioria das pessoas com deficiência não se sentem seguras ao trafegarem sozinhas pelas calçadas de seus bairros, e também já sofreram acidentes em calçadas não acessíveis.
Segundo a pesquisa, fica visível que a acessibilidade nas áreas centrais de Rio Claro é considerada insatisfatória na mesma proporção que nos bairros habitados por aqueles que responderam o formulário. Há uma necessidade de mais rampas na cidade, mas que devem ser instaladas devidamente, pois muitas são bloqueadas por estacionamentos, ou estão presentes em apenas um lado da calçada, o que não permite a travessia segura para o outro lado da rua. Além disso, destacou-se a necessidade de manutenção das calçadas, sendo que muitas, principalmente na área central, apresentam desníveis e buracos. Estes atrapalham a locomoção, e tornam-se potenciais causadores de acidentes.
O formulário permitiu o reconhecimento da situação atual da acessibilidade da cidade de Rio Claro, considerando-se a condição de suas calçadas. De modo geral, estas necessitam de modificações para tornarem-se calçadas acessíveis e permitir o acesso da população como um todo.
As informações obtidas apresentam um grande potencial para uso no desenvolvimento de novos projetos, ou como referência em pesquisas mais detalhadas que pontuem mais especificamente as necessidades dos bairros, e quais áreas necessitam de um atendimento mais imediato.
Foto: Divulgação
