O futebol se despede de um de seus maiores representantes. Diego Armando Maradona faleceu ontem, aos 60 anos de idade. Com rara habilidade, na perna esquerda, encantou torcedores do mundo todo, mesmo os de times rivais, desfilando com elegância, sua arte de jogar futebol. Certamente, fora o melhor, depois de Pelé.
Uma pena que não tenha conseguido repetir na vida pessoal, sempre conturbada, a genialidade exibida nos campos com a bola nos pés. Ao longo da vida, Maradona teve sérias dificuldades com as drogas e o álcool, e também de relacionamento, com alguns dirigentes e parte da imprensa esportiva. Mas, para o torcedor argentino, um incorrigível apaixonado, era unanimidade, não importava o que falasse ou fizesse.
Nos últimos anos, além de graves problemas de saúde, vivia deprimido e recluso. Recentemente, passara por uma delicada cirurgia na cabeça, da qual se recuperava, além das expectativas, segundos os médicos, até sofrer o infarto que o vitimou.
Maradona, o craque da camisa 10, o menino de ouro, como fora chamado carinhosamente no início da carreira, participou com brilho do auge do futebol italiano, que à época reunia os maiores craques do mundo, nos anos 1980. Ao lado de seu amigo, o atacante brasileiro Careca, levou o Napoli, um clube de menor expressão, ao título nacional, algo improvável antes de sua chegada.
Nas palavras de Paulo Roberto Falcão, o Rei de Roma, e seu contemporâneo, Maradona, dentro de campo, foi deus, e fora dele, foi humano. Campeão mundial com a seleção argentina na Copa de 86, no México, a qual conduziu com maestria, Maradona fez miséria com a bola nos pés, e até gol de mão, lance genial e de grande esperteza, que ficou conhecido como a “Mano de Dios”.
Para os da minha geração, a turma dos 50 anos, Maradona é a expressão máxima do futebol arte. Ainda adolescentes, nós o vimos surgir, acompanhando, quando possível, pela televisão os jogos da seleção argentina, então admirada, pela conquista do mundial no ano anterior, e da qual, Maradona só não fez parte, devido um entendimento equivocado do técnico César Menotti, que o considerava ainda muito novo e imaturo para vestir a camisa da seleção de seu país. Mas já nos encantávamos com seu belo futebol, com seus dribles e gols, mágicos e inesquecíveis que os programas esportivos da época transmitiam.
Maradona era daqueles craques, que dava show já no aquecimento, antes do início das partidas, levantando o público nas arquibancada, a aplaudi-lo, entusiasmado, por causa de seus malabarismos com a bola nos pés.
Desaparece a pessoa humana, muitas vezes incompreendida e que não resistiu às suas más inclinações. Mas, fica o legado do artista da bola, que jamais sairá de cena entre as nossas melhores recordações, de um futebol que já foi bonito de ver. Que sirva de inspiração para futuros craques.
Por Geraldo J. Costa Jr. / Fotos: Publicas