Logo pela manhã dessa terça-feira (14), lá estava o aposentado Antônio José Carlos no Centro da cidade para tentar fazer o saque do PIS/PASEP.
Os recursos do fundo foram liberados neste dia 14 para trabalhadores de todas as idades. Para Antônio, o dinheiro já tem destino certo: quitação de dívidas. E olha que vai dar para arcar com uma pequena porcentagem. “Se somar tudo, acho que devo uns R$ 6 mil. São de produtos que compramos para o dia a dia e, inclusive, alimentos”, desabafa.
Ele lamenta ainda o valor da aposentadoria. “Quem vive com R$900? Não dá nem para comprar comida. Se for ver, a grande parte da população está endividada”, avalia.
Realmente, o benefício do PIS/PASEP, para muita gente, tem o mesmo caminho: vai para o pagamento de contas. É o que revela uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Segundo o levantamento, 45% dos cotistas devem utilizar os recursos para pagar dívidas em atraso – o percentual sobe para 57% considerando apenas os consumidores das classes C, D e E.
A segunda principal finalidade do dinheiro extra será os investimentos, com 30% de citações. Há ainda 30% de entrevistados que devem pagar despesas do dia a dia com o saldo disponível e 15% que anteciparão o pagamento de contas não atrasadas, como prestações da casa, do carro ou crediário, por exemplo. Outros 9% dos entrevistados vão usar o dinheiro para adquirir roupas e calçados.
DIREITO
Tem direito a sacar os recursos os trabalhadores de empresas públicas e privadas que contribuíram para o PIS ou para o Pasep entre os anos de 1971 e 1988 e que não tenham resgatado o saldo. Ao todo, aproximadamente 28,75 milhões de cidadãos brasileiros têm direito ao saldo das contas, o que deve totalizar uma injeção de R$ 39,52 bilhões na economia, segundo dados oficiais do governo.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o acesso ao dinheiro das cotas do fundo PIS/PASEP é uma medida importante que deve injetar uma quantidade de dinheiro significativa na economia do país. “Isso pode ajudar o cidadão afetado pela crise e pelo desemprego a sanar suas dívidas, limpar o nome e recuperar seu crédito na praça. Ao reduzir a inadimplência, o impacto sobre a economia é positivo”, explica.
O presidente da CNDL, José Cesar da Costa, também destaca que os recursos poderão impactar o consumo. “É positivo ver que uma quantidade relevante de beneficiários usará os recursos para antecipar dívidas que não estavam atrasadas. Isso mostra uma atitude preventiva e prudente do consumidor”, analisa.
De acordo com a pesquisa, 14% dos brasileiros ainda não sabem se têm direito ou não ao recebimento do benefício e 10% desconheciam a informação de que o governo havia liberado os saques.
Para o SPC Brasil, a medida é importante para que o cidadão consiga sanar pendências e recuperar crédito no mercado.