Ao recebê-lo na Casa Branca, o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, teria dito: “Meu nome é Ronald Reagan, sou o presidente dos Estados Unidos da América. Este, ao meu lado, vocês o conhecem”. Uma honraria, tão grande quanto ser considerado o atleta do século XX, em 1981, pela revista France Football.
Essa lenda do esporte, Pelé, completa nesta sexta-feira, 80 anos de idade. Como se vê, ainda hoje, é uma das poucas personalidades que dispensa apresentações.
Esse apelido, com o qual o cidadão Edson Arantes do Nascimento ficou conhecido mundialmente, define o que é o futebol. Ao menos o futebol bem jogado, bonito e repleto de gols, que leva o torcedor aos estádios, que o faz parar à frente da tevê, e ao lado do rádio, para assistir a um jogo. Futebol que, no Brasil, justamente a terra de Pelé, anda ausente dos gramados.
Mas, mesmo àqueles que lidam diariamente com as palavras, é difícil escrever sobre Pelé, sem cometer o deslize da redundância. Parece que tudo o que se fala sobre ele é lugar-comum, quando o assunto é futebol.
Ninguém expressou melhor a magia desse esporte do que Pelé, com a bola nos pés. Cada drible, cada arrancada, fazendo tabela com as canelas dos adversários, cada estufar de redes, cada soco no ar, é também sinônimo da alegria que o futebol pode proporcionar àqueles que o acompanham, ainda que, por motivo de curiosidade ou mera distração.
Reverenciado por atletas e torcedores adversários, unanimidade entre a crônica esportiva de seu tempo, não apenas no Brasil, no mundo. Pelé era completo. Era destro, mas chutava igualmente bem com a perna esquerda. Exímio cabeceador, embora não fosse alto, com seus 1,73 m de altura.
E porque treinava, e muito, além de sua habilidade nata, Pelé tinha pleno domínio sobre os fundamentos do futebol: chutava, passava, dominava e conduzia a bola, com maestria.
Driblava de todos os jeitos e para todos os lados. Batia faltas e pênaltis com força e precisão, como deve ser, e além de atacar, sempre, também defendia quando necessário, e como goleiro, inclusive.
Não consta que outros craques como Puskas, Maradona, Messi e Cristiano Ronaldo tenham feito ou façam tudo isso, em nível de excelência. Se tiveram ou tem várias habilidades, lhes faltam, porém, outras.
Pelé, nascido em Três Corações/MG, marcou ao longo da carreira 1283 gols, entre jogos oficiais e partidas amistosas. Duas vezes campeão da Copa Libertadores da América e do Mundial de Clubes, pelo Santos FC, pelo qual, também faturou 10 títulos paulistas e 6 brasileiros, além de inúmeros torneios disputados no Brasil e noutros países. Pela seleção brasileira, conquistou três copas do mundo, feito que nenhum outro jogador conseguiu repetir até hoje.
Iniciou a carreira profissional aos 15 anos de idade, quando levado pelo técnico Valdemar de Brito para o Santos FC. Antes, porém, já fazia furor no Bauru AC, onde seu pai, Dondinho, também atleta bom de bola, fora jogar.
Pelé foi o precursor do futebol nos EUA, tendo jogado pelo Cosmos New York, pelo qual conquistou o título da North American Soccer League, em 1977, ao lado de outros grandes craques como Carlos Alberto Torres e Franz Beckenbauer.
Pena que muitas das jogadas e gols de Pelé, não tenham registro, senão oral, da parte daqueles, ainda remanescentes, que testemunharam seus feitos. Mas há um vasto material fotográfico e de vídeo, disponível na internet que dão bem a ideia para as novas gerações do que era Pelé, com a bola nos pés. Simplesmente o melhor.
Por Geraldo J. Costa Jr. / Fotos: Divulgação