“Há um clichê a respeito da educação que diz ‘o professor não é detentor de todo o conhecimento, ele está sempre aprendendo’. Durante este período da pandemia do novo coronavírus, afirmo que realmente, os professores estão aprendendo, reaprendendo, se conhecendo e se reinventando”, define a professora Ana Maria Cabral de Oliveira, de 55 anos de idade, sendo 34 anos de contribuição para o magistério.
A educadora relata que no “novo normal”, estão manipulando tecnologias que fizeram rever as metodologias usadas em sala de aula, por todos os professores. Diante do cenário surgem também vários questionamentos como ela menciona. Nos manteremos como éramos? Onde o professor usa o giz para transmitir seus conhecimentos? O novo aluno vai aceitar as antigas estratégias de ensino? O quadro negro vai sobreviver às novas tecnologias?
Contudo, em meio a um futuro incerto, o que Ana Maria continua a carregar é o amor pela profissão que escolheu. “Amor que herdei de minha saudosa mãe, a então professora Diva Cabral de Oliveira, e de minha eterna vizinha, professora Marili Penteado”, declara.
Assim, segue caminhando e se adaptando ao panorama atual. “Na Rede Municipal de Ensino, seguimos todas as orientações da Secretaria Municipal de Educação, juntamente com a equipe de Coordenadores Pedagógicos. Cada escola tem uma realidade, então, a Equipe Gestora, juntamente com os professores de cada segmento e os professores coordenadores, se uniram para uma retomada repleta de carinho e afeto. Estamos nos dedicando, não está sendo fácil, mas juntos, objetivando uma educação de qualidade, estamos no caminho certo”, ressalta Ana Maria que brinca ao dizer que já está familiarizada com as palavras que passaram a fazer mais parte do vocabulário. “São tantos termos novos, que já estamos familiarizados com a nova tecnologia. Plataforma Meeting, Zoom, Blog’s, ensino presencial, híbrido, remoto, à distância, cada qual com suas particularidades, mas todos incorporados em nossas vidas. Em nossas novas vidas”, conclui.
A professora Raquel Cristina Pinto que lecionou no passado, depois seguiu outra profissão e há quatro anos está efetiva como professora de Educação Física na Rede Municipal, mesmo sem aulas online, precisou aprender novas ferramentas como, por exemplo, gravar e até editar vídeos para que as aulas se tornem mais atrativas para seus alunos. Para ela, tem sido um grande desafio. “A tecnologia eu não usava, às vezes, apenas para mostrar um vídeo ou outro para as crianças. Hoje temos que utilizar para poder nos comunicar mais facilmente com os pais e crianças. Esse é um grande desafio para mim e para a grande maioria, se expor e desenvolver essa habilidade de falar para um aparelho. No princípio foi bem difícil, eu me sentia mais encabulada, hoje estou com mais facilidade. E não é só gravar o vídeo, tive que aprender a edição e mexer em programas que deixem o vídeo legal para a família assistir e dentro deum1 minuto que vai para o Whatsapp. Acredito que estamos conseguindo fazer isso”, avalia ao citar que estão precisando ser mais criativos e pensar em atividades que as crianças possam fazer com segurança em casa. “As atividades precisam ser interessantes e que tenham um desafio para as crianças e que sejam seguras”, observa.
AULA DE SUPERAÇÃO
Neste caminho de novos conhecimentos, a professora Erica Aparecida Sitolin, de 49 anos e há 22 lecionando, dá uma aula de diversos valores, como superação, humildade, vontade de aprender e atitude. Ela conta que teve sentimento de depreciação logo no início das mudanças, mas que conseguiu enfrentá-los e deixá-los para trás. “A minha adaptação no começo foi de ansiedade, fiquei muito preocupada, mas agora está tudo tranquilo. Agora o que eu não sei eu falo que não sei, vou atrás. Comecei a assistir bastante simpósios e congressos e vi que o que eu estou passando, outros professores passaram também. Eu tinha uma visão de estar muito atrasada, que só eu não sabia fazer, mas depois eu vi que estava todo mundo passando pelos mesmos problemas. E tudo bem se você não sabe, vai atrás, pesquisa e pronto. Eu percebo a primeira atividade que postei e como estão agora. É um período de muito aprendizado. Sempre me preocupo com a qualidade, fui lidando com a tecnologia, eu não sabia usar, fui aprendendo e agora vou superando cada novo desafio, sempre preocupada com a qualidade daquilo que a gente desenvolve”, disse.
ENSINO EM TEMPOS DE PANDEMIA
A dinâmica de atividades não presenciais na rede municipal de ensino de Rio Claro exclui aulas online para garantir a igualdade de oportunidade aos alunos, pois nem todos têm acesso à internet. As atividades pedagógicas são distribuídas aos estudantes, que devem fazer os exercícios escolares em casa e depois entregar o material para ser corrigido. Segundo a prefeitura, não há exigência da Secretaria Municipal da Educação para que atividades sejam gravadas em vídeos pelos professores. Vale destacar que, assim como acontecia antes da pandemia, cada escola tem autonomia para desenvolver sua proposta pedagógica e realizar atividades segundo o planejamento de cada professor. A rede pública municipal de ensino de Rio Claro tem quase 19 mil alunos e cerca de 2 mil professores.
Centro do Professorado Paulista
“Claro que o professor não está acostumado, mas está se adaptando. Dificuldades estão existindo mas eles estão superando. Eu vejo que o ensino à distância vem crescendo no Brasil e só aumentou agora na pandemia, o que demoraria mais uns 5 anos ocorreu em alguns meses e o professor teve que correr atrás disso. Mas o presencial é imprescindível por causa do relacionamento humano. O que deve ser feito é uma adaptação entre os dois. É a tendência do futuro. Isso já existe em outros países há muito tempo. Parabenizo os professores pela data e que venham as melhorias que a gente procura. Que todos trabalhem com carinho e se dediquem”, Moacir João Rossini – Diretor do Centro do Professorado Paulista Regional de Rio Claro, desde 2006, lecionou por 42 anos em todos os níveis, hoje aposentado.
Foto: Divulgação