Admirável sapato novo
HISTÓRIAS NEM TÃO FICTÍCIAS #004: E era diretor, mas não tinha dinheiro para comprar sapatos novos. Distribuía recursos próprios para amenizar o fracasso. E foi assim, que lhe deram sapatos novos. No estacionamento do shopping, ele calçou a botinas do último ato. E as usou até o último dia que deixou aquela margem do rio e se limpou de toda a lama…
PODER: E tudo estava um caos, da emulsão aos feijões, tudo… E assim, se gabaritou para representar o povo. E continuou andando sem olhar para a ralé. Essa é a lógica de quem se comissiona de poderes ultrajados…
PODER II: E seu carro fora utilizado para fins inescrupulosos. E nem a gratidão venceu a arrogância de quem o Poder lhe alucinou durante longos meses…
PODER III: Imóvel abandonado, com aluguel atrasado. Reforma nunca feita, cobrança ligeira. E por mais uma vez, sentou e perdeu a paciência…
PODER IV: Naquela vez, uma simples estagiária provocou a ira do falamansa. Ele não admitia que a coitadinha não tinha recebido salário. Por diversas vezes, a grosseria ditou seus atos. Porém, nunca explicou como ela tinha se tornado estagiária…
PODER V: Como tu emerge da caverna, meio que sai de lá revoltado com as condições que sangram a paisagem. Como nunca tinha percebido tal coisa? Como nunca denunciou tais mazelas… Como?
CORPORATIVISMO: Quando os interesses de um grupo subjugam os da maioria, mesmo que em nome da democracia e da liberdade, ela violenta um dos pilares da democracia: O poder emana do povo!
BRUZUNDANGA: […] O ensino superior fascina todos na Bruzundanga. Os seus títulos, como sabeis, dão tantos privilégios, tantas regalias, que pobres e ricos correm para ele. Mas só são três espécies que suscitam esse entusiasmo: o de médico, o de advogado e o de engenheiro. IN: Os Bruzundangas, Lima Barreto, 1922.
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