“O Poder emana do caixa e não da urna”.
Taí, meu chapa. Você que está fissurado nas eleições que se aproximam, vertendo entusiasmo por todos os poros, lembre-se de que acima do voto está o cifrão. Na política, como na zona, não há lugar para virgens. Conta-se até, no mundo da gozação, que um político convidou uma prostituta para jantar. E enquanto bebericavam o aperitivo, o político se confessava dizendo: “Olha, eu sou político, mas sou honesto.” Ao que ela imediatamente replicou: “Eu também sou pu.. mas, sou virgem”!
Claro, estou falando de uma política de que a fizeram politicagem, bandidagem. Distante daquela política a que o Papa Paulo VI, na sua santa ingenuidade, se referia: “A política é a mais perfeita forma de caridade”. Ou como Frei Beto emendava “A política é a ferramenta do Reino”. Ele não determinava qual Reino, se o de Deus, ou da corrupção e ladroagem.
O pior é que a política está presente em tudo o que fazemos. Tem a ver com o preço do pão que comemos, com o transporte que utilizamos, com a qualidade do trabalho que temos e fazemos, ou do sistema escolar que frequentamos. Nada que é humano é indiferente à política.
Até mesmo a nossa religiosidade, a nossa oração de peditório, quando nos leva a transferir para Deus ou para os santos os nossos problemas sociais, expressa uma tomada de posição política, mesmo que inconsciente. É o escapismo que leva as pessoas a procurar no céu soluções que só podem ser encontradas na terra. E esse escapismo cria no pobre a ilusão de que sua pobreza nada tem a ver com o tipo de sociedade na qual vivemos e que só Deus ou os santos podem transformar tanto sofrimento em glória.
Para nossa desgraça, a política, ou melhor, a politicagem ou politiquice, transformou-se num balcão de negócios e negociatas do toma lá da cá. A política, pela qual é exercido o poder, deixou de ser serviço para se transformar em investimento. Um investimento altamente rentável, sobretudo quando aliado à corrupção. Deixa de servir ao povo para servir-se dele.
O político, ou politiqueiro, só pensa naquilo: “quanto vou levar nessa. O povo que se lixe”. Daí a resistência do povo à política e ao político: “política é coisa suja” “A política é pura enganação. “Por isso não me meto em política”. Política é policia. É bandidagem, como repara o jornalista Mario Simão Filho: “constata-se com toda a crueldade possível, que estivemos e estamos tutelados por políticos bandidos (de todas as cores), usurpadores dos bens públicos e incompetentes na gestão do estado. Se até pouco tempo atrás roubavam sobre o que faziam- a estrada, a escola, o hospital, o carro de polícia- …de uns anos para cá, só roubam e nada constroem”.
O fenômeno da indiferença do povo diante da política passa por ai. O povo, descrente, só vê político em tempo de eleição. Enxurrada de candidatos. Para ouvir magníficas promessas que depois não são cumpridas. E o povo se pergunta: Pra que votar? Qual é o retorno? De quem vamos cobrar as promessas ? De quatro em quatro anos o povo corre para as urnas porque é obrigatório e penalizado. Mas volta para casa com a sensação de que o exercício de sua cidadania, ficou apenas na digitação de um nome ou de um número.
E depois passar o ano ouvindo e vendo e a corrupção grassar desde o alto poder de Brasília até o último dos municípios. E o povo achando que é a coisa mais natural de fazer política.
Tem toda razão o nosso perspicaz jornalista e articulista José Roberto de Toledo: “O poder emana do caixa e não da urna.” Plim, Plim!
Por Pe. Otto Dana
Diocese de Piracicaba
E-mail: otto.dana@gmail.com