Transparência diante da crise de confiança
Segundo o estudo global Edelman Trust Barometer 2020, que no final de 2019 ouviu 34 mil pessoas em 28 países, as Empresas são as instituições consideradas as mais confiáveis pelos brasileiros. Por essa e por inúmeras outras pesquisas é nítida a desconfiança expressada pelo cidadão em relação às instituições de um modo geral.
Mais especificamente nas relações de consumo o tema se torna ainda mais relevante e porque não dizer preocupante. Uma verdadeira crise de confiança está instalada no país, e, que vem se agravando, na medida em que o tempo passa.
A pandemia provocada pela Covid-19 trouxe mais um ingrediente a este processo, uma vez que cresce sobremaneira a preocupação com questões ligadas a comercialização dos produtos, a forma como foram produzidos e os cuidados que são e que serão requeridos quanto a sua manipulação pelo consumidor, a partir de agora.
Independente de se tratar de um produto alimentício ou não, saber a origem e a forma como foram produzidos são fatores que passam a fazer parte das considerações dos consumidores na hora da compra.
A busca por produtos de qualidade e que transmitam confiança para o seu consumo, começam a fazer parte da exigência dos clientes e são mais buscados nas gondolas.
O consumidor agora é alguém que antes de comprar, quer saber de quem está comprando, ele procura evidências sobre a qualidade e a vida do produto, questiona e investiga antes de comprar. É de fato um consumidor diferente, e quer ver a diferença.
O que antecede a transparência é a desconfiança. Há uma necessidade, e agora até imposta, de se conhecer a origem das coisas, daquilo que eu vou levar para casa.
Produtores e empresas fornecedoras, então, começam a entender essa nova necessidade do cliente e entregar a ele uma evidência tangível, através de dois mecanismos: produtos rastreáveis e certificados.
Esta passa a ser uma nova dinâmica nos negócios em toda a cadeia, do produtor ao fornecedor final, todos precisam demonstrar que trabalham de forma ética e sustentável.
Um círculo virtuoso se forma, pois, a certificação dos produtos demonstra que os mesmos atendem requisitos de controles e de padrões superiores de qualidade. Desta forma, o sistema beneficia o consumidor e estimula uma relação mais qualificada entre produtor e fornecedor.
Produtos que contém um selo de conformidade começam a ser buscados nas prateleiras e nas gondolas de forma mais intensa pelo consumidor, pois ele começa a perceber a diferença entre um produto certificado, com selo de garantia em relação àquele que apresenta esse diferencial.
O selo de conformidade, de alguma forma atende a necessidade do cliente que quer uma garantia, uma evidência tangível de confiabilidade.
Produtores que já decidiram por certificar sua gestão, seus processos e seus produtos começam a colher os frutos e passam a defender a certificação e a rastreabilidade, como mecanismos que além de prover confiança na relação com seus clientes, foram fundamentais para melhorar a produtividade, a qualidade e como consequência reduzir seus custos.
Várias empresas, redes de supermercados e lojas de departamentos estão utilizando o sistema de rastreabilidade, seja através de um número de identificação no selo de conformidade ou de QR Code, por exemplo, para permitir ao consumidor obter toda informação do produto desde a sua origem.
Vale a pena verificar se o produto que você leva para casa é confiável, diante de uma crise de confiança que vivemos.
Até…
O autor é conferencista, palestrante e Consultor empresarial. Autor do livro Labor e Divagações. Envie suas sugestões de temas para o prof. Moacir. Para contatos e esclarecimentos: moa@prof-moacir.com.br / Viste: www.prof-moacir.com.br