A pouco mais de 100 quilômetros de Rio Claro, a cidade de Porto Feliz vem se mostrando um exemplo no combate ao coronavírus. Com população estimada em quase 52 mil habitantes, até a tarde dessa sexta-feira (17), o município registrava 433 casos confirmados, 412 curados e dez óbitos decorrentes da Covid-19.
Desde o início da pandemia, a Prefeitura que é administrada pelo médico Dr. Cássio Habice Prado (PTB), implantou um novo posicionamento frente à doença. A ação foi baseada nos protocolos aplicados em países da Europa e começou a ser aplicada nas chamadas Unidades Sentinelas, que são unidades de saúde que estão sendo utilizados, especificamente, para receber e avaliar pacientes com sintomas da doença.
“Em março, fizemos um protocolo, reunindo os médicos da minha equipe e esse protocolo se baseou no protocolo de Madri, de Bérgamo e de Marselha. Desde o final de março, quando tivemos o primeiro caso, temos feito o tratamento precoce de todos os pacientes com sintomas leves de Covid-19, com diagnóstico clínico e tomográfico”, disse o prefeito em uma transmissão ao vivo.
PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Ao Diário do Rio Claro, a assessoria de imprensa explicou como funciona o protocolo de atendimento. A indicação é para que qualquer cidadão que tenha febre, tosse, mialgia (dores musculares) ou perda de olfato, procure imediatamente uma Unidade Sentinela para ser avaliado pelas equipes médicas e não esperar a falta de ar.
A partir da recepção desse paciente, além do exame habitual realizado, a Prefeitura realiza uma tomografia. Segundo a assessoria, já foram realizadas mais de mil tomografias com recursos próprios. O objetivo da tomografia é avaliar a condição do pulmão do paciente, já que, o exame de sangue que comprova a doença demora uma semana para ficar pronto.
A partir da tomografia, constatando a condição do paciente, são realizados exames como: função renal e hepática, eletrólitos, hemograma, d-dimero, ferritina, gasometria arterial, DHL, lactato, Proteína c-reativa, tomografia computadorizada de tórax e eletrocardiograma laudado por cardiologista e a autorização formal de cada paciente.
O paciente é avaliado através da consulta médica, na qual é realizado exame físico, história clínica, exames laboratoriais, eletrocardiografia e tomografia. Só então é decidido pelo médico assistente se há ou não indicação com segurança do uso das medicações que compõem o Protocolo de Tratamento Precoce (PTP).
MEDICAMENTOS ADMINISTRADOS
O PTP inclui medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina, enoxaparina, remédio para enjoo e anti-inflamatório. “Todos as pessoas que entraram no PTP são acompanhadas diariamente por equipe médica e de enfermagem, além de receberem telemonitoramento pela equipe sentinela e da vigilância epidemiológica. Todos fazem o eletrocardiograma antes e realizam novamente, a critério médico”, destacou em nota a Prefeitura.
Formado pela Universidade de São Paulo (USP), pós-graduado em Medicina Intensiva e especialista em UTI, o prefeito de Porto Feliz disse que, apesar das críticas iniciais, nenhum dos pacientes tratados com a cloroquina precocemente evoluiu a tubo, respirador, UTI ou óbito.
“Os óbitos que tivemos (até o dia 17 de julho) na cidade são de pacientes que não fizeram o tratamento precoce. Mesmo que os pacientes evoluam para a fase dois, fica mais fácil o tratamento”, relatou Prado.
ÓBITOS
As pessoas que vieram a óbito, até o dia 17 de julho, não passaram pelo PTP, segundo a Prefeitura. De acordo com a assessoria, os dez óbitos foram de pessoas que procuraram tardiamente o tratamento e já possuíam comorbidades.
O Diário do Rio Claro conversou com um médico intensivista, plantonista na UTI do município, que explicou que desses dez óbitos oito eram idosos, que apresentavam problemas de saúde e comorbidades; e os dois mais jovens, um apresentava obesidade grau 4 e o outro doença preexistente. Ele relatou, inclusive, o caso de um paciente que procurou a unidade de saúde por duas vezes e recusou o tratamento precoce, na terceira vez em que chegou à Unidade já precisou ser entubado. “O protocolo é aplicado apenas depois que o paciente passa por uma avaliação médica, quando é feito todos os exames e depois de um laudo do cardiologista”, explicou o especialista, que disse ainda que se tratada na primeira fase, a evolução da doença é muito mais tranquila.
OUTRAS MEDIDAS ADOTADAS
Tenda para atendimento – Foram montadas tendas na área externa dos Postos de Saúde para que os pacientes não fiquem dentro da unidade e aguardem o atendimento do lado de fora.
Alojamento – Foi disponibilizado alojamento para os profissionais da Saúde que atuam na Santa Casa e nas Unidades de Saúde do município, trabalhando na linha de frente no combate ao Coronavírus (Covid-19). Desta maneira, os médicos, enfermeiros e auxiliares que não quiserem retornar para casa, poderão utilizar o espaço minimizando assim as chances de contaminação dos seus familiares.
Desinfecção de áreas – Já em 22 de março, a Prefeitura iniciou o trabalho de limpeza e desinfecção de espaços públicos.
COMPARTILHANDO NAS REDES
O Diário do Rio Claro recebeu de um assinante o meme que destacava a ausência de óbitos no município de Porto Feliz devido ao tratamento adotado. O assinante questionou ao Diário a veracidade da informação. Em busca da verdade e contra as ‘fake news’, o DRC entrou em contato com os órgãos oficiais do município e constatou que Porto Feliz registrou, sim, óbitos devido ao coronavírus, mas que as mortes foram de pessoas que não passaram pelo tratamento adotado pelo Prefeitura, intitulado Protocolo de Tratamento Precoce (PTP).
Fotos: Divulgação