Até o dia 31 de agosto ocorre a campanha nacional de vacinação contra a poliomielite e o sarampo em todo o território brasileiro. A preocupação com essas doenças é grande, pois apesar de dados recentes demonstrarem que em 2017 o mundo bateu o recorde de vacinação infantil, houve redução das taxas de imunização no Brasil, que encontra-se abaixo da meta recomendada pelo Ministério da Saúde para diversas vacinas.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada dez crianças no mundo, nove foram vacinadas pela tríplice bacteriana, que protege contra a difteria, tétano e coqueluche. No Brasil, a cobertura dessa vacina declinou de 90% em 2015 para 78,2% no ano passado. De acordo com o Ministério da Saúde, a vacinação de bebês e crianças teve em 2017 a menor taxa dos últimos 16 anos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Unicef também apontaram que a cobertura vacinal contra o sarampo e a rubéola já chegou em cerca da metade da população mundial em 2017. Durante o período entre 2016 e 2017, foram registrados 173.330 casos de sarampo, sendo que 775 deles aconteceram no continente americano. Já a poliomielite foi registrada em 96 pessoas.
No último mês de julho, o Ministério da Saúde enviou um alerta que aponta que doenças antes erradicadas no Brasil – como a sarampo, rubéola e difteria –, voltaram a ocorrer em decorrência do não atingimento das metas de imunização no país. O grande número de viagens internacionais, além do fluxo de imigrantes e refugiados de países que já possuem casos comprovados de poliomielite e sarampo, são facilitadores do ressurgimento das infecções.
O coordenador clínico da infectologia do Hospital Felício Rocho, Adelino de Melo Freire Júnior, explica que a partir de 2016 foi possível notar os primeiros sinais da diminuição das coberturas vacinais no país. “Naquele ano, o país recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do sarampo, mas neste ano já temos casos confirmados em vários estados, dentre eles, o Amazonas, Mato Grosso, Roraima, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro e São Paulo. Entre janeiro e junho deste ano já foram contabilizados 1.686 casos, de acordo com dados da OMS”, aponta.
Em abril deste ano, a OMS emitiu um alerta sobre o risco de reintrodução do sarampo em cerca de dez países do continente americano como o Brasil, Argentina, Equador, Canadá, Estados Unidos, Guatemala, México, Peru, Antígua e Barbuda, Colômbia e Venezuela.
No início de julho, o Ministério da Saúde expôs que em 312 municípios brasileiros – sendo 63 da Bahia e 44 de São Paulo –, menos da metade da população está vacinada contra a poliomielite. A atual cobertura da vacina contra a pólio é de 77%, semelhante às taxas de 1995.
No caso da poliomielite, o alerta da OMS sobre a doença no Brasil também é influenciado pela proximidade da Venezuela, que já possui uma suspeita de caso da doença. Neste mesmo país foram notificadas 142 mortes por difteria, e em nosso país a doença pode ter atingido seis pessoas. No mundo, a difteria já atingiu mais de 16 mil pessoas em 2017, sendo 872 casos na região do continente americano.
Conforme dados do ministério, a cobertura vacinal contra a poliomielite chegou a 100% em 2000 e se manteve até 2014, quando começou a declinar e atingir a taxa de 78% em 2017. Já em relação ao sarampo, a cobertura da tríplice viral chegou a 100% em 2003, mas a partir de 2015, a cobertura deste tipo de vacina começou a cair e chegou a cobrir 85,2% da população no ano passado.
Segundo Adelino de Melo, a imunização por meio de vacinas é considerada uma das grandes conquistas da ciência em termos de saúde coletiva. “As vacinas são eficientes para prevenir doenças e, com isso, trazem diversos benefícios associados, como a prevenção de incapacidade causada por enfermidades, redução de consultas médicas e internações, redução de doenças crônicas, do uso de antibióticos e, principalmente, a redução de mortalidade”, conclui.
RIO CLARO
A Vigilância Epidemiológica de Rio Claro informa que a coberta vacinal contra poliomielite no ano passado no município, para crianças menores de um ano, foi de 84,69%. O Ministério da Saúde recomenda índice de 95%. Especialistas entendem que o fato dos pais mais jovens não terem convivido com situações reais de poliomielite pode causar uma falsa sensação de segurança em relação à doença. Outro fator é a propagação de informações erradas sobre os efeitos da vacina.
A Vigilância alerta que quando uma parte da população deixa de ser vacinada, criam-se grupos de pessoas suscetíveis que possibilitam a circulação de agentes infecciosos. Quando isso acontece, esses agentes não afetam somente aqueles que escolheram não tomar a vacina, mas também as pessoas que não podem ser imunizadas, seja porque ainda não têm idade suficiente para entrar no calendário nacional, ou porque sofrem de algum comprometimento imunológico.
Todas as crianças que recebem vacinas nas unidades de saúde de Rio Claro são cadastradas no SI-PNI, que controla e reúne as informações sobre vacinação em todo o país. Dúvidas sobre os critérios de vacinação podem ser esclarecidas pelo telefone (19) 3532-3720.
VACINAÇÃO
A campanha de vacinação em Rio Claro se estende até o dia 31 de agosto e terá mais um “Dia D” no dia 18. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF) estarão abertas para a vacinação. Os endereços de todas as unidades de saúde podem ser consultados no site www.saude-rioclaro.org.br/enderecos.htm. Seguindo a determinação do Ministério da Saúde, deverão ser vacinadas apenas crianças de um a quatro anos, 11 meses e 29 dias. Adultos que possuam apenas uma dose ou nenhuma da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) deverão procurar uma das unidades de saúde para atualização da carteira de vacina.
De acordo com o calendário vacinal 2018 do Ministério da Saúde, a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) também deverá ser aplicada em crianças com um ano de idade. A segunda dose, tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), deverá ser administrada em crianças com um ano e três meses de idade. Dessa forma, segundo a Vigilância Epidemiológica de Rio Claro, a criança já estará imunizada contra essas doenças, não necessitando tomar mais doses dessas vacinas.