Na semana do dia 10, data de pagamento, a Central de Monitoramento da Secretaria de Segurança flagrou uma violência contra idoso na saída de um banco. Segundo o Secretário de Segurança Pública de Rio Claro, Marco Antonio Bellagamba, a princípio, a suspeita era de um golpe de saidinha bancária, porém ao chegar no local as equipes constataram outro crime. “Fizemos o monitoramento que é reforçado na área central, principalmente, em datas de pagamentos que o movimento é maior, mas a equipe verificou que se tratava do filho e da nora do idoso que tentavam pegar o dinheiro que ele havia acabado de receber. Agora, estamos fazendo o acompanhamento deste idoso”, destacou o secretário.
Os número de idosos atendidos pela Patrulha do Idoso, em Rio Claro, servem de alerta para a situação e comprovam o aumento durante a pandemia. De janeiro a abril eram cinco idosos nesta condição. Após o isolamento, o número saltou para 22. “Muitas vezes é uma violência velada. São vários tipos de violência, não apenas agressão. É preciso ter uma percepção para identificar. Muitas vezes a denúncia chega por vizinhos que percebem algum tipo de violência seja física ou psicológica e até mesmo o abandono”, observou Bellagamba.
Além dessas vítimas de violência contra idoso, outras 27 idosas são acompanhadas pela Patrulha Maria da Penha por sofrerem violência doméstica.
O professor do Curso de Medicina do Claretiano Centro Universitário José Luiz Riani Costa e que também atua em diversas ações para combate da violência contra o idoso também avalia que o período propicia o aumento de vítimas. “É um problema crônico, mas pode sim se intensificar, no período que estamos vivendo. A OMS define como violência contra a pessoa idosa qualquer ato único ou repetitivo, ou ainda omissão, numa situação de confiança que o idoso teria em relação a pessoa que pratica a violência”, ressalta.
Ele destaca que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a violência contra a pessoa idosa tem várias modalidades. A mais visível é a violência física que engloba desde tapas, empurrões e beliscões até o uso de objetos como cinto, madeira etc. Em alguns casos, precisa de atendimento no serviço de urgência e pode levar a internações. Nos casos mais graves, a agressão chega a ser feita com arma branca (faca) ou arma de fogo, podendo levar à morte.
Outra forma de violência é o abandono. “Esta, se caracteriza pelo fato de deixar o idoso isolado em sua casa ou em um cômodo da casa, muitas vezes, um quarto dos fundos. Também pode ser considerado abandono o fato de deixar o idoso sem visita em uma instituição de longa permanência ou abrigo. A negligência é uma forma mais sutil de abandono e pode ser exemplificada por omissões em relação às necessidades do idoso, como deixar de oferecer água, alimentos, atenção, carinho ou respeito. Ou seja, negar à pessoa idosa qualquer coisa que ela espera receber da família ou dos profissionais responsáveis pelo cuidado”, observa Riani.
Uma outra presente em diversas situações é a violência psicológica que corresponde a toda forma de menosprezo, desprezo, preconceito e discriminação, que provoca tristeza, isolamento, solidão ou sofrimento mental. “Às vezes, são usadas expressões agressivas ou que fazem o idoso se sentir mal, como ‘você já não serve para nada’ ou ‘você só dá trabalho’, disse.
Violência medicamentosa pode ser tanto a recusa a fornecer medicamento necessário ou reduzir a dose indicada, como utilizar medicamentos em dose maior que a prescrita, com a finalidade de deixar o idoso dopado.
Auto negligência, ou violência auto infligida, caracteriza-se como um conjunto de atitudes que a própria pessoa idosa adota e que podem colocar sua vida em risco, como negar-se a tomar medicamentos ou a se alimentar. Muitas vezes, é uma resposta a alguma forma de violência sofrida pelo idoso, ou está associada a um problema de saúde, física ou mental, como o caso das demências.
A Violência Sexual é a manipulação do corpo do idoso com a finalidade de prazer sexual, sem seu consentimento ou quando não tem capacidade de perceber a finalidade dos atos praticados. Também é uma forma de violência impedir que a pessoa idosa exerça sua sexualidade livremente, seja nas instituições de longa permanência ou fora delas.
A Violência Financeira ou abuso financeiro é muito frequente e se caracteriza pela tomada dos recursos financeiros do idoso, como pegar o seu cartão de benefício ou de aposentadoria e a senha, gastando os recursos ao bel-prazer. Também pode ser enquadrado o uso não autorizado de seu patrimônio, incluindo objetos pessoais, veículo ou imóvel. Outras vezes, o abuso financeiro está associado à chantagem para que o idoso contraia crédito consignado, comprometendo fortemente sua renda. “São muitas formas e precisam ser enfrentadas. Uma das maneiras de fazer isso é pelo Disque 100 ou Conselho Municipal do Idoso e buscarmos coletivamente resolver, com a participação de vários setores da administração pública e da sociedade nos conflitos que acontecem principalmente dentro do lar”, frisa Riani
Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 ou pelo Disque 153.
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