A terapia com “Ozônio Medicinal”, conhecida como Ozonioterapia, vem sendo cada vez mais conhecida e difundida no país graças ao trabalho da médica Maria Emilia Gadelha Serra, formada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Trata-se de uma técnica que utiliza a mistura de gases medicinais, oxigênio e ozônio, com o objetivo de tratar doenças graves como câncer, dores e inflamações crônicas (como hérnia de disco), infecções variadas, feridas, queimaduras e problemas vasculares em que haja redução do fluxo sanguíneo.
Foi exatamente após apresentar um tumor maligno de tireóide com três metástases no pescoço, em 1998, que a médica e pesquisadora iniciou seus estudos complementares focados na Medicina Européia – em especial a Alemã – incluindo a Ozonioterapia.
Ela explica que as aplicações do ozônio medicinal utilizadas internacionalmente são variadas: podem ser feitas por meio do gás acondicionado em bolsas plásticas (a ferida a ser tratada fica envolvida por essa bolsa durante 30 minutos); o gás pode ser injetado pelas vias subcutânea, ao redor de articulações (ou coluna) ou mesmo intra-articular, pelas cavidades naturais (como reto e bexiga) e existem também as vias sistêmicas que envolvem as auto-hemoterapias. O objetivo principal é melhorar a oxigenação. A Ozonioterapia também otimiza a função do sistema imunológico, dentre vários outros efeitos benéficos.
“Mais recentemente, vários estudos vêm surgindo em universidades localizadas em vários países, indicando novas aplicações da Ozonioterapia – seu uso está sendo ampliado para o tratamento de autismo, derrames cerebrais isquêmicos e esclerose múltipla”, acrescenta a Dra. Maria Emilia, que foi presidente da ABOZ (Associação Brasileira de Ozonioterapia) e atualmente preside a Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica (SOBOM).
Segundo ela, a Ozonioterapia foi utilizada na 1ª Guerra Mundial na Alemanha, país onde os seguros de saúde remuneram os procedimentos desde a década de 1980. “Os sistemas públicos de saúde da China, Rússia, Espanha, Portugal, Grécia e Cuba também disponibilizam a técnica para a população há várias décadas”, destaca.
No Brasil a Ozonioterapia foi introduzida em 1975 e a partir da década de 1980 ganhou mais adeptos e atraiu o interesse de algumas universidades. De 2000 para cá, os estudos ganharam corpo e a técnica vem se difundindo de forma mais ampla no país.
Em 2017, a prática desse tratamento foi aprovada pela Comissão de Estudos Sociais do Senado Federal por unanimidade.
Ao mesmo tempo, a ABOZ, sob a liderança da Dra. Maria Emilia, trabalhou por mais de uma década para que a técnica fosse disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) e isso virou realidade por meio da Portaria no. 702, do Ministério da Saúde, em março de 2018.
No Estado do Mato Grosso, várias cidades já disponibilizam Ozonioterapia para a população por meio de projetos de lei municipais: Juína, Castanheira, Juruena e Colniza. No Estado do Mato Grosso do Sul, a cidade de Chapadão do Sul.
No Estado de São Paulo, a Lei no. 3.605, de 29 de Agosto de 2019, autorizou a prescrição da Ozonioterapia como tratamento médico na rede pública do Município de Carapicuíba. A autorização para que a Ozonioterapia seja implantada como uma prática integrativa e complementar para pacientes do SUS também foi assinada, em fevereiro de 2020, pelo Prefeito de Araraquara, Edinho Silva.
Da mesma forma, a prefeitura de Gramado (RS), está credenciando uma empresa privada para a oferta de Ozonioterapia também através do Sistema Único de Saúde.
Uma análise econômico-financeira do uso da Ozonioterapia como parte do tratamento de diversas doenças, elaborada pela Profa. Dra. Celina Ramalho, Doutora em Economia da Saúde e Professora da Fundação Getúlio Vargas – SP, revelou dados impactantes: 1) em caso de dores lombares crônicas e hérnias de disco, a Ozonioterapia pode reduzir a indicação de cirurgias de coluna e indicação de próteses ortopédicas em até 90%, segundo estudos realizados na Itália, Estados Unidos, Canadá e Espanha; 2) em feridas de diabéticos (em especial no chamado “pé diabético”), a Ozonioterapia pode atuar e evitar amputações de membros entre 45% a 95% dos casos, a depender do tempo do início do tratamento e do estágio da ferida – segundo dados oriundos de estudos realizados na Coreia do Sul, Israel, Alemanha e Cuba; 3) a conclusão principal: as estatísticas clínicas comprovam a eficácia do uso da Ozonioterapia nas suas diversas aplicações e indicam a diminuição dos custos em saúde no sistema público de saúde brasileiro entre 20% a 80%.
“A regulamentação da Ozonioterapia e o início da disponibilização no SUS reduzirão o sofrimento e proporcionarão maior qualidade de vida para as pessoas, além de uma importante economia de recursos financeiros para o SUS, o que aumentará a capacidade de atendimento”, conclui a Dra. Maria Emília.
Foto: Divulgação