Natural de Campinas, Mariana Carvalho tem 25 anos é publicitária pela ESPM-SP; com MBA em Inteligência Competitiva pela ESPM-Rio e Mestrado em Ciência da Computação pela Jackson State University. Atualmente, vive em Boston, Massachusetts.
Mariana é apaixonada por tecnologia e tudo que a tecnologia pode fazer para mudar o mundo. Depois de se formar em marketing no Brasil, ela foi para o EUA em busca de realização de seu sonho de estudar ciência da computação.
Mariana está concretizando a Financela, uma plataforma de crowdfunding (vaquinha virtual) que procurará auxiliar mulheres brasileiras a financiar seus negócios em qualquer área.
Enfim, Mariana é uma mulher brasileira, antenada, perseverante, inteligente e que buscou o seu caminho, o seu sonho. E por isso buscamos uma entrevista com essa guerreira. Confira na sequência.
Diário – Qual é a sua ligação com Rio Claro?
Mariana – Nasci em Campinas mas morei em Rio Claro até meus 17 anos. Me mudei para São Paulo, depois Rio de Janeiro e atualmente moro nos Estados Unidos. Minha família e grande parte dos meus amigos estão em Rio Claro.
Diário – Como foi sua caminhada até chegar aos USA?
Mariana – Sempre fui fascinada por marketing e tecnologia, e em 2010 comecei a graduação em Propaganda e Marketing na ESPM-SP. Durante os meus estágios e trabalhos me envolvia muito em projetos digitais, mas não tinha o conhecimento técnico. Em 2016, terminei o MBA na ESPM-Rio e recebi uma bolsa de estudos para estudar Ciência da Computação aqui nos Estados Unidos. Apesar da grande diferença entre as áreas, encarei o desafio e a decisão não poderia ter sido melhor: fazer o mestrado em computação me abriu e continua abrindo muitas portas. Hoje, no trabalho e nos meus projetos pessoais, concilio tudo o que aprendi na graduação em marketing com as qualificações técnicas do mestrado.
Diário – Na sua luta pelo empoderamento das mulheres, como você vê, hoje, a situação da mulher no mundo? E no Brasil?
Mariana – O caminho para atingir a real igualdade de gênero ainda é longo. Mas vemos progressos em diversas partes do mundo: o banimento da lei que favorecia estupradores no Líbano, o fim do casamento infantil em alguns países como Guatemala e El Salvador, o direito de dirigir na Arábia Saudita. No Brasil, a Lei Maria da Penha e o reconhecimento do feminicidio por lei são duas conquistas que merecem ser celebradas. Quando a ideia de criar a Financela surgiu, passei a pesquisar sobre a situação da mulher brasileira e descobri que somente a partir de 1962 é que as mulheres ganharam o direito a ter um CPF. Há apenas 57 anos as mulheres tiveram o direito a ter um documento de identificação e puderam abrir contas bancárias – esse número não é desconcertante? Até então todo o controle financeiro estava na mão dos homens. Hoje, vemos cada vez mais mulheres buscando independência financeira e dados estatísticos mostram: quanto mais mulheres participam ativamente da economia, todos saem ganhando: elas e o país. A mudança em várias frentes é urgente e necessária, não somente para a igualdade de gênero, mas para a igualdade social.
Diário – Como você estaria ajudando mulheres a participar do maior encontro de tecnologistas do mundo?
Mariana – Em 2017, recebi uma bolsa de estudos da Anita Borg Institute para participar da conferência. Depois do evento, publiquei textos e fiz workshops na universidade para engajar meninas a participarem e aplicarem para bolsas de estudo. Não somente para a Grace Hopper Celebration (esse encontro de tecnologistas que você mencionou), mas também em outras conferências e iniciativas. Em 2018, participei como revisora das bolsas de estudo e ajudei o Instituto a avaliar mais de 20 aplicações. Hoje, faço parte de vários grupos de mulheres em TI e computação. Quase toda semana, recebo e-mails de meninas que estão aplicando para vagas de emprego e pedem ajuda para melhorar seus currículos. No início, quando vim para os EUA, foram poucas as pessoas que me apoiaram, eu sei como é difícil ser mulher em tecnologia e fico feliz em poder ajudar.
Diário – Você poderia nos colocar quais são as suas aspirações, os seus sonhos?
Mariana – São muitos. Meu sonho é poder impactar o maior número possível de mulheres líderes e donas de seus negócios, lutando pela igualdade de gênero e por um mundo mais justo. Quero continuar trabalhando na área de tecnologia e continuar estudando. Quero concretizar a Financela e fazê-la rodar dentro dos próximos meses. Minha aspiração é que no futuro ela se torne uma plataforma referência e que integre diversos modelos de financiamento coletivo e também diversas ferramentas no apoio à independência financeira feminina.