A realidade dentro dos abrigos também teve que mudar com a pandemia e o decreto de isolamento, principalmente, por esses locais abrigarem um grande número da população que faz parte do grupo de risco. No Abrigo São Vicente de Paulo, em Rio Claro, atualmente, são 84 idosos. Para evitar a contaminação, o padre Everson Lunardi relatou são seguidas todas as recomendações, que inclusive são acompanhadas pela Vigilância Sanitária e demais órgãos responsáveis. “Estamos com dez quartos para isolamento. Todo morador que precisa sair para uma consulta médica, por exemplo, quando retorna fica 14 dias de isolamento e acompanhado por psicólogo. Se o enfermeiro acompanha o morador na UPA, depois ele também vai para casa e fica isolado por este período”, conta o padre.
O padre ressaltou que são medidas preventivas e que o local não registrou nenhum caso e nem suspeita da COVID-19, porém o abrigo sofre com outras consequências. Ele cita que todos os eventos foram cancelados, equipe reduzida entre os que não são considerados serviços essenciais. Os espaços para refeição também precisaram ser adaptados. Antes era um refeitório, agora são seis. “Tivemos que reduzir o número da equipe na administração, no brechó, otimizamos os trabalhos de faxina e lavanderia, também tivemos jornadas reduzidas, outros funcionários em home office”, salienta Padre Everson.
Outras ações são realizadas diariamente para evitar casos. “É medida a temperatura de todos os funcionários e moradores várias vezes ao dia”, destaca. O que faz falta são os encontros. “Sem missa fica um vazio na alma”, disse o padre, acrescentando que seguem necessitando de doações de produtos como EPI’s, sendo máscaras, luvas, álcool em gel, materiais para curativos, além de alimentos. “O povo tem sido muito solícito com as doações”, agradece o padre lembrando que o local tem sobrevivido unicamente de doações.
A Farmácia Assistencial também continua recebendo doações e efetuando a distribuição dos medicamentos de forma gratuita. O atendimento é das 8 às 11 horas.
PIRACICABA
A situação é diferente em diversos abrigos do estado, conforme destacou a Agência Brasil. Em alguns municípios paulistas, a pandemia do novo coronavírus atinge instituições de longa permanência de idosos. Até o momento, a cidade de Piracicaba registra 15 mortes por covid-19, sendo que a última delas, ocorrida na segunda-feira (11), é de uma residente do asilo Bem Viver. Ela tinha 86 anos de idade.
Em Piracicaba, a circulação do vírus entre profissionais e moradores do Lar Betel demandou resposta rápida por parte da administração do asilo, uma vez que, pessoas idosas e as que apresentam certas condições de saúde, como pressão alta, problemas cardíacos e do pulmão, diabetes ou câncer, têm maior risco de ficarem gravemente doentes, conforme vem destacando a Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o início da pandemia.
O presidente da instituição piracicabana, Luiz Adalberto dos Santos, conta que a primeira pessoa com suspeita da doença foi um funcionário, no dia 18 de abril. Naquela data, idosos que vivem no local já haviam sido internados com suspeita de covid-19. “Já no dia 22 recebemos apoio da Secretaria de Saúde”, disse, em referência aos testes rápidos disponibilizados. “A primeira medida era testar, testar e testar.”
Santos ainda sentiu necessidade de também aplicar testes PCR, para garantir que os resultados fossem precisos. Após mobilização, o Rotary Club da região fez uma doação dos kits de testes. Até a tarde de segunda, dos 74 idosos residentes no asilo, três estavam internados em hospitais particulares e privados, 49 testaram positivo para covid-19, 24 negativo e outro aguarda o resultado.
Para frear o ciclo de transmissão, 38 moradores foram colocados sob regime de isolamento no próprio local e outros 28 foram levados para um hotel da cidade. Oito idosos que contraíram o vírus morreram. O ciclo de contágio também ocasionou o afastamento de 13 dos 77 funcionários do asilo. No total, 28 empregados testaram positivo para covid-19, número que pode aumentar, considerando que outros esperam resultado.
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