Desde o dia 24 de março, a realidade no Centro da cidade e em comércios de várias regiões ficou atípica, portas fechadas, sem movimento e, com isso, a falta de consumo. Tudo teve que ser seguido conforme determinação de decreto do governo do estado visando a prevenção ao coronavírus. Fato que tem gerado preocupação dos empregadores e empregados, não somente em Rio Claro, mas de todos que seguem com as portas fechadas. Ao longo da quarentena, ações foram realizadas visando uma flexibilização para o setor, mas sem sucesso.
ACIRC
A Associação Comercial e Industrial de Rio Claro (Acirc) divulgou diversas ações realizadas para minimizar os impactos. Entre elas uma tentativa de antecipar a reabertura do comércio antes do Dia das Mães, mediante solicitação judicial, porém foi negada. “A Acirc atua com responsabilidade dentro da legalidade, a fim de não comprometer a saúde dos rio-clarenses. A Acirc quer que o comércio abra as portas, porém com todo aparato protetivo, tanto para o empresário, seus empregados e consumidores”, considerou em comunicado divulgado.
Ao Diário do Rio Claro, o gerente executivo da Acirc, Clóvis Delboni, declarou que a ACIRC está atenta a tudo desde o primeiro dia. “Fizemos várias sugestões ao Prefeito como, por exemplo, abrir um diálogo com o Ministério Público, mas o MP se antecedeu e bloqueou essa ação. Participamos de várias reuniões com o prefeito e secretários de governo e saúde, logo percebemos que o nosso prefeito estava alinhado com as decisões do governador e que ele não iria flexibilizar nada. A diretoria da Acirc resolveu então solicitar liminar que permitisse abrir o comércio a partir do dia 6 maio. Porém essa liminar foi negada. Quando isso ocorreu percebemos que o governador aparelhou o estado. O Judiciário, MP e Polícia do estado estão contra os empresários”, declarou o gerente.
PREFEITURA
Durante coletiva e transmissão pela internet, o prefeito de Rio Claro Juninho da Padaria reforçou que não depende da administração municipal. “Não depende do prefeito, depende de todos nós. Temos que seguir as recomendações do governador. Isolamento social irá contribuir para flexibilização, principalmente, do comércio e depende de todos nós. Infelizmente, estamos com os piores índices nos últimos dias, nessa quarta-feira (6), foi de 48%.
Se depender desse quesito, vai ficar difícil. Indústrias e comércios que estão fechados peçam aos seus colaboradores que fiquem em casa. Precisamos do isolamento, passar dos 50% para que o comércio volte a sua normalidade. Pedimos que as pessoas entendam, todo dia é feito o monitoramento pelo estado. O momento agora não é de divisão e sim de soma, para que juntos possamos vencer o coronavírus com responsabilidade.
Estávamos formalizando uma solicitação para promotoria solicitando a flexibilização, mas antes de enviar já tivemos a negativa por parte do promotoria do município, recomendando para que nos atentemos ao decreto do governador, então não tivemos a oportunidade de discussão”, destacou Juninho mencionando ainda outras cidades como Piracicaba, Sertãozinho, São José dos Campos, Ribeirão Preto e Jundiaí. “Tem prefeito inclusive sendo multado, porque fizeram decreto para reabertura de manhã e, à tarde, tiveram a negativa, abriram sem consentimento e a justiça interviu”, destacou.
MEDIDAS
A prefeitura aguarda publicação do decreto do governo estadual sobre a flexibilização da quarentena para definir as regras do plano municipal. No momento, o plano prevê a possibilidade de mediação de contratos, via Procon, entre comerciantes e empresários e bancos, donos de imóveis e outros segmentos. Também prevê a manutenção da moratória fiscal já adotada pela prefeitura, com a suspensão por 105 dias do pagamento de tributos, além da futura consolidação da economia por meio de ampliação do Proderc e outros programas de incentivos fiscal e tributário.
“É necessário trabalhar agora para a retomada gradual das atividades”, assinalou o secretário municipal de Governo, Ricardo Gobbi e Silva. “É importante que o município esteja enquadrado nos requisitos para a flexibilização e a sociedade pode nos ajudar mantendo o isolamento social”, disse.
André Godoy, presidente da Câmara, observou que esse é um momento difícil para o gestor público que tem que se preocupar com a vida da população, mas também com a economia, o comércio e a indústria. “Representantes dos segmentos comerciais querem uma decisão que não depende apenas da prefeitura, mas também de outras instâncias”, pontuou.
O prefeito Juninho mostrou preocupação com o sistema de saúde, que não conseguirá atender a todos se houver muitos casos de coronavírus, e com a taxa desfavorável de mortalidade, com sete óbitos. “Para muitas pessoas pode significar apenas um número, mas para mim são vidas importantes que foram perdidas”, assinalou Juninho, observando que o momento não é de dividir e sim somar esforços para vencer a pandemia.
Inovações
As dificuldades podem mostrar também novos caminhos e ser essenciais para inovações; é o que o empresário Adriano Brazolin tem feito desde o início do decreto. Com as portas fechadas, passou a oferecer os serviços pelo sistema “Leva e Traz”. “Desde o começo implantamos o delivery, íamos até a casa do cliente com máscara, álcool em gel e luvas, buscava o aparelho consertava e levava de volta”, destacou.
A SCOOBY TEC Celulares está há 26 anos no mercado e, segundo o proprietário, o ramo registrou aumento de conserto de celulares, já que, muitas pessoas precisaram ficar mais em casa e começaram a utilizar muito mais os aparelhos para trabalho ou estudo.
Diante do atual cenário, a empresa buscou outras ideias para demonstrar a preocupação com o cliente. “Passamos a levar também uma casinha com álcool em gel, pedindo para que fique em casa. É uma forma de demonstrar um cuidado diferente com nosso cliente”, destacou Scooby.
Depois do dia 30, um novo decreto autorizou o atendimento com portas fechadas das lojas de assistência técnica. Scooby esclarece que, atentos e com os devidos cuidados, passaram a atender novamente no estabelecimento. “O decreto determinou que poderia ter esse atendimento, sem aglomeração. Foi o que fizemos, monitorando tudo de acordo com as normas de segurança e saúde, atendendo sempre com apenas duas pessoas dentro da loja, o restante acaba ficando do lado de fora aguardando se seguimos também com o sistema de delivery”, disse.
Agora com a obrigatoriedade também do uso de máscaras, a loja lançou o acessório com a logomarca que é entregue a cada compra. “O valor está exatamente em mostrar que você se preocupa, procuramos inovar e fazer algo diferente, mas para o cliente. Nossa ideia não é só vender, é vender ajudando e trazendo solução” finalizou Scooby.
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