Sim, existe uma data para o silêncio: 7 de maio. Mas qual a importância desses momentos na vida de cada um? E neste período de quarentena, pode contribuir mais para o desenvolvimento humano? As pessoas viviam até pouco tempo uma vida acelerada em meio à poluição sonora, visual, rotina agitada e muito mais. Poucos dedicam tempo para também silenciar-se de fato e refletir.
O Dia do Silêncio foi criado para conscientizar as pessoas dos males que a poluição sonora pode causar, pois, além de consequências físicas, pode afetar a concentração e elevar o nível de estresse. Estudos apontam prejuízos também no sono, doenças cardiovasculares e até distúrbios digestivos.
A psicóloga Valderez Guilherme Marques observa que o silêncio tem grande importância nas decisões de problemas que parecem insolúveis. “Pensar profundamente nas crises existenciais, nas quais as reflexões são de larga importância. Dessa forma, conseguimos nos reequilibrar e agir mais acertadamente, com a cabeça mais leve”, analisa.
A Sociedade Brasileira de Pediatria também ressalta danos para as crianças e adolescentes que convivem com excesso de ruídos, que podem prejudicar o sistema auditivo e também comprometer o pleno desenvolvimento da capacidade de atenção e foco.
Segundo a presidente do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Tânia Sih, quando a criança convive em locais com muita poluição sonora, a tendência é que ela adquira o hábito de falar mais alto ou recorra ao grito para chamar a atenção. Essa atitude pode gerar problemas nas cordas vocais, disfonia ou rouquidão, devido ao constante esforço empreendido para elevar o tom de voz.
Outro perigo iminente são as longas horas que, sobretudo os adolescentes, passam conectados a fones de ouvido. O alto volume das músicas, que muitas vezes extrapola o nível seguro de decibéis, tem efeitos nefastos para a saúde auditiva quando há exposição prolongada. Para a presidente do Departamento de Otorrinolaringologia da SBP, os pais precisam orientar e incluir momentos de silêncio na rotina dos filhos, em especial no período que antecede a hora de dormir. “Quando as crianças forem se preparar para deitar, elas devem desligar os aparelhos eletrônicos – televisão, celular, computador e outros – e focar apenas nos seus pensamentos sobre as ações do dia. Esse ambiente de reflexão, sem ruídos ou interferências, é fundamental inclusive para a higiene do sono e uma boa noite de descanso”, esclarece.
Para quem ainda não consegue ter momentos de silêncio, a psicóloga Valderez salienta: “A vida agitada estressa, e precisamos dessa parada. Mas precisamos identificar essa necessidade, senão não damos importância e continuamos no mesmo ritmo. Às vezes, precisamos de alguém que nos mostre isso, o que já é um caso de aconselhamento psicoterápico”, diz.
Ela comenta ainda que quando a pessoa se aproxima de um colapso, fica muito agressiva, nervosa, irritada com mínimas coisas, nesse momento o silêncio pode ajudar. “À noite, ao terminarmos nosso dia, antes de deitarmos, no silêncio do período, seria o mais aconselhável para pensar em tudo o que aconteceu, refletirmos se poderíamos ter agido de outra forma, ou se foi muito bom, próspero tudo que aconteceu e como acrescentou em seu ‘eu’. Isso são considerações que não acontecem porque estamos muito envolvidos no dia a dia, sem tempo para pensar, analisar e o silêncio nisso tudo é primordial”, aconselha.
Uma das recomendações para também obter esse momento de silêncio é praticar atividade física e meditação. “Sentir a respiração, entrar em contato com as forças da natureza que darão mais energia para enfrentar os problemas”, ressalta.
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