De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nessa quinta-feira (30) a taxa de desemprego ficou em 12,2% no primeiro trimestre deste ano no país. Segundo o balanço, em todo o Brasil são 12,9 milhões de pessoas desempregadas. O número da população ocupada é de 92,2 milhões de pessoas.
A ocupação caiu em seis setores, entre os dez grupamentos, comparado com o último trimestre de 2019: indústria (-2,6%), construção (-6,5%), comércio e reparação de veículos (-3,5%), alojamento e alimentação (-5,4%), outros serviços (-4,1%) e serviços domésticos (-5,9%). Os demais setores tiveram estabilidade.
A ocupação teve alta de 3,4% na administração pública, educação, saúde humana e serviços sociais, em comparação ao primeiro trimestre de 2019. Os demais grupos ficaram estáveis.
DIA DO TRABALHO
O momento é de incertezas do futuro para todos os segmentos que já sofrem os impactos da Pandemia. O Diário do Rio Claro conversou com representantes de diversos setores que avaliaram a atual situação e destacaram as ações realizadas para manterem os postos de trabalho e um menor impacto na economia.
Ademar Rangel, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ceramistas (Siticecom)
“Neste 1° de maio não temos o que comemorar, só temos a lamentar o alto número de desemprego, as empresas paradas, suspenderam os contratos de trabalho. A data base da categoria é 1° de março e até o presente momento não abriu as negociações para reajustar os salários.
Com certeza este será um dos piores 1° de maio dos últimos 20 anos”, lamenta. Segundo o sindicalista, mais de 600 trabalhadores perderam seus empregos incluindo as três cidades, Cordeirópolis, Rio Claro e Santa Gertrudes. “Estão inclusos todos os tipos de contrato, alguns em período de experiência, mas tem gente que já estava com contrato por tempo indeterminado. E o motivo maior realmente é o momento da Pandemia”, observa.
Francisco Quintino, presidente do Sindicato dos Químicos de Rio Claro
“Estamos num momento extremamente complicado diante da Crise Mundial do Covid-19, tanto no aspecto da saúde pública quanto econômico, atingindo severamente trabalhadores com perdas nos contratos de trabalho. Bem como empresas na aquisição de insumos, atividades produtivas e inserção dos produtos no mercado.
O Sindicato dos Químicos, em diálogo com diversas empresas do nosso segmento profissional, tem procurado entendimentos no sentido de manter empregos, mesmo em sacrifício de redução de jornada de trabalho e de salários. Se ruim com reduções salariais, imaginamos que seria bem pior aumentar a quantidade de desempregados em nossa cidade.
O Governo Federal emitiu duas Medidas Provisórias 927 e 936, com a finalidade de flexibilizar temporariamente contratos de trabalho, apenas como um paliativo adiando os problemas da relação capital e trabalho”, observa. Quintino ressalta ainda que o trabalho e a retomada devem ser feitos com cautela priorizando a saúde. Quanto a comemorações da data ressalta a importância de aprender em momentos difíceis. “Evidente que a prioridade é com a saúde, vida em primeiro lugar.
Defendemos o isolamento social que é a maneira mais eficiente de evitar a disseminação da Covid-19, a partir do entendimento de como lidar com a pandemia, retomar passo a passo a normalidade, conforme orientações dos capacitados cientistas e profissionais de saúde. Afinal, o Planeta Terra busca uma resposta de como lidar com o inimigo invisível.
Em meio a este trágico momento fica difícil falar em comemorações pelo 1° de maio, Dia do Trabalho. No entanto, na história da humanidade os grandes aprendizados ocorreram nas dificuldades, isto tudo possa servir de motivação para gestos concretos de solidariedade, amor e respeito entre as pessoas. Que nós trabalhadores e empresários possamos superar a crise, renovando nossas esperanças em dias melhores”, recomenda.
Luís Fernando Quilici, diretor de relações institucionais e governamentais da Aspacer
“Talvez estejamos vivendo o momento mais desafiador da história de cada um de nós. O impacto da pandemia na vida pessoal e profissional de todos é gigantesco. O setor cerâmico está dentro desse contexto. A produção caiu, as vendas despencaram e os custos, por exemplo com energia, continuam crescentes. As contas de gás natural e energia elétrica terão de ser pagas, sem que a indústria tenha fluxo de caixa adequado para isso.
Na região o setor emprega cerca de 9 mil pessoas. É uma responsabilidade imensa. A indústria tem feito acordos trabalhistas para tentar garantir ao máximo a empregabilidade das pessoas. Esse é o esforço do presente. Existe uma expectativa de recuperação lenta para o segundo semestre, mas tudo depende da extensão da pandemia.
Hoje vivemos um dia por vez. Como mensagem ao trabalhador, digo: é preciso acreditar, ter fé e seguir as orientações dos órgãos da Saúde. Vamos sair dessa situação mais fortes. Assim que possível vamos retomar o convívio social numa nova normalidade, mas com a mesma vontade de vencer que sempre tivemos”, salienta.
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