Familiares da idosa Rosalva Ferreira Lima, de 89 anos, entraram em contato com o Diário do Rio Claro, na noite de domingo (26), após a morte da mulher em um hospital particular de Rio Claro. Eles contestam os procedimentos e conduta durante o comunicado do óbito, quando informaram que poderia ser por Coronavírus, sendo que, segundo a família a doença não havia sido mencionada em nenhum momento antes do óbito. A idosa ficou internada por sete dias.
“O que os médicos alegavam é que era um problema cardíaco grave. Depois ela foi decaindo e veio a óbito por volta das 19 horas de domingo. Eles a colocaram em um saco e veio o diagnóstico para família de que foi Covid-19, porém foram feitas várias radiografias durante a internação e os médicos falaram para mim, para as filhas, para as cuidadoras que não seria. Inclusive, a gente estava sempre acompanhando, porque eles permitiam que ficasse um acompanhante com ela a todo momento. Só que quando teve o óbito, já fizeram esse procedimento, dizendo que era Covid e que não teria velório”, relatou uma das netas.
A jovem diz que tentaram receber mais informações, porém sem sucesso. “Nós tivemos problema, até chamaram a polícia, porque disseram que estávamos contestando uma decisão médica, porém eles não deixaram a família e as cuidadoras cientes, ninguém tinhas ciência que estavam tratando o caso da minha vó como Covid-19. Nós nos alteramos mesmo com tudo. A polícia pediu para todo mundo se retirar, o corpo ficou até as 3 da madrugada. O responsável pelo hospital disse que iam seguir os protocolos da vigilância, mas a família não tinha informação nenhuma se era Covid”, contou a neta.
A neta reafirma uma grande preocupação com todos que tiveram contato nesse período com a paciente. “A família em todo momento ficou em risco. Não apresentaram laudo na hora, falaram que tinha que entrar judicialmente e que não podíamos ter acesso. Não sabemos se ela entrou com problema de coração e contraiu a doença no hospital. De qualquer maneira, deveriam deixar claro para a família, que ficamos em risco também. Nós não sabemos se contraímos também”, disse a neta.
O sepultamento ocorreu na manhã dessa segunda-feira (27). “Temos ciência que não pode ter velório, mas não tivemos certeza que era Covid. Em nenhum momento, todos esses dias não deixaram claro que tinha suspeita ou se ela contraiu lá, essa é nossa dúvida. Não colocaram conclusivo, falaram que vão enviar o exame para São Paulo, mas isso ocorreu porque pressionamos. Disseram que fizeram dois testes, um positivo e um negativo. Resta esperar, mas estamos muito preocupados. Toda família teve contato com ela todo esse tempo. Agora, não sabemos se teve contaminação ou não. Esperamos saber o mais rápido possível para todos que tiveram contato fazer o exame”, lamentou.
A família registrou um Boletim de Ocorrência. “Lá no hospital todas as pessoas que ficam de acompanhante, estavam assinando um termo que estavam cientes dos riscos de contrair a Covid, até entendemos porque o hospital não tem como assumir essa responsabilidade, até porque é um vírus e transmite, entendemos, o problema foi não terem falado que ela estava com suspeita ou que já tinha um diagnóstico e ter colocado ela no isolamento e ter sido realista com a gente, que ela estava ou contraiu, aconselhando que não poderia ficar ninguém acompanhando, a gente iria entender, mas isso não ocorreu”, finalizou a neta
HOSPITAL
O Diário do Rio Claro entrou em contato com o hospital que não se manifestou, esclarecendo que que as informações seriam passadas à família.
PREFEITURA
Em nota, a Prefeitura informou que “os procedimentos da Vigilância Epidemiológica de Rio Claro em relação ao coronavírus e Covid-19 seguem os protocolos e recomendações do Ministério da Saúde, inclusive em relação aos familiares de infectados ou com suspeita de infecção. O contato da VE com os familiares é feito, geralmente, por telefone. Entre esses procedimentos, está a averiguação de suspeitas entre membros da família. Também são feitas orientações em casos de familiares com problemas respiratórios, recomendações de isolamento domiciliar entre outros”.
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