A recomendação é clara: manter as mãos limpas, de preferência usando água e sabão ou, em caso de impossibilidade desses produtos, usar álcool em gel. A higienização nunca esteve fora do contexto quando falamos de saúde. Porém, com a pandemia esses cuidados passaram a receber uma atenção especial, com a forma e o tempo adequados de lavagem das mãos.
Mas a corrida por álcool em gel para se prevenir do coronavírus fez até os produtos se esgotarem das prateleiras. Vale salientar que há alguns cuidados que precisam ser tomados para evitar acidentes, já que o produto é inflamável, conforme destacou ao Diário do Rio Claro o tenente Fábio Henrique Giovani, que comanda o Pelotão de Bombeiros de Rio Claro. “Esse tipo de álcool, quando entra em combustão, possui uma chama que não é visível, principalmente em ambientes iluminados, já que o fogo demora mais tempo para consumir o produto, podendo causar queimaduras”, ressaltou.
DESTACOU CUIDADOS
O Comandante do Corpo de Bombeiros de Rio Claro, Tenente Fábio Henrique Giovani, destacou alguns cuidados para se prevenir. “É muito importante não utilizar o álcool em gel quando for manusear objetos como isqueiros, fósforos e até ao cozinhar. Em casa, opte pela água e sabão. Deixe o álcool gel no console do veículo, que poderá ser usado para higienizar as mãos ao entrar e sair de um mercado, por exemplo. Dessa forma, os riscos serão diminuídos consideravelmente”, salientou o comandante.
ACIDENTES
De acordo com levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), de 19 de março até 9 de abril foram identificados 96 casos de internações em 25 unidades de atendimento – o Brasil possui 65 – por causa do uso do álcool em gel ou líquido, além dos casos ambulatoriais de menor complexidade. Dias após a liberação da Resolução pela Anvisa, em 25 de março, uma mulher morreu queimada, em Pernambuco, após passar álcool para se prevenir do coronavírus.
A dona de casa era fumante e acendeu um cigarro após passar o álcool pelo corpo. Segundo publicado pela SBQ, até a publicação dos dados foram 49 internações em São Paulo, 13 em Goiás, sete no Rio de Janeiro, sete em Pernambuco, quatro na Bahia, quatro no Espírito Santo, três internações no Piauí, três no Rio Grande do Sul, uma no Distrito Federal, uma em Sergipe, uma no Mato Grosso do Sul, uma em Minas Gerais, uma no Pará e uma no Rio Grande do Norte.
“A situação é alarmante. Alguns centros identificaram o dobro de internações de queimados em relação a 20 dias antes da norma da Anvisa. Tem gente passando álcool no corpo para combater o coronavírus e isso não se faz em nenhuma hipótese”, destacou o presidente da SBQ, José Adorno. A Sociedade segue monitorando a situação e alerta as autoridades competentes e a população.
As lesões, geralmente, são de segundo e terceiro graus. E quando atinge tórax e face, ainda tem o agravante de inalar a chama e os resíduos de tecido queimado, levando à lesão respiratória, esclarece. O índice de mortalidade por álcool líquido é bem maior que do álcool em gel, conforme salientou o vice-presidente da SBQ, Marcos Barreto.
Foto: Divulgação