Estudiosos e pesquisadores de vários países elegeram o aumento populacional desenfreado como a causa principal da invasão de áreas antes não habitadas pelo ser humano como a raiz da disseminação do coronavirus, onde houve uma interação do morcego de cavernas com o mundo externo.
Nem tudo está perdido.. Claro que esta frase não se encaixa para as pessoas que perderam amigos e entes queridos ou mesmo aqueles que perderam seu emprego e estão, inclusive, sem ter condições de por o pão e o café na mesa de casa. Vencidos pelo vírus ou talvez por decisões políticas de nossos governantes, mas para quase todos os obstáculos dá- -se um jeito, ainda mais num país como o Brasil, que ainda possui um povo solidário.
Nas entrelinhas deste caos e clima de pessimismo, encontramos resultados indiretos que acabam beneficiando nosso meio ambiente em diversas áreas, dentre elas os estoques pesqueiros ou simplesmente o aumento populacional de nossos peixes, principalmente de águas interiores (rios e lagos).
Na pesca amadora, profissional e parte da predatória houve uma redução expressiva de captura de pescado, fato que somado às restrições de captura já ampliadas pelos governos estaduais, com certeza irá colaborar para o aumento dos estoques pesqueiros e, consequentemente, favorecerá um ganho de peso considerável, pois a maioria das espécies acabou de desovar e, com a diminuição da captura, os peixes jovens terão a chance de desenvolvimento mais produtivo e os peixes adultos um período de engorda mais tranquilo e seguro. Fatores que contribuirão para uma renovação populacional de nossos estoques pesqueiros.
Basicamente, o resultado do efeito desta quarentena imposta pelos governos estaduais, proibindo a aglomeração de pessoas, viagens de turismo, funcionamento de hotéis, pousadas, funcionamento de lojas de equipamentos de pesca e náutica, bares e restaurantes, surtiu o mesmo efeito da cota zero, benéfica para os peixes, mas prejudicial para os trabalhadores do ramo da pesca. Na cota zero, o pescador amador, ao capturar os peixes, terá que soltá-los novamente, a não ser que capture espécies de tamanho autorizado apenas para sua alimentação no dia.
No Estado do Mato Grosso do Sul, onde encontramos também áreas pantaneiras, a cota zero só se aplica para o Dourado (Salminus brasiliensis e Salminus maxillosus), medida que deveria ser adotada para outras espécies como as Cacharas, Pintados, Pacus e Jaús, a fim de aumentarmos as chances de crescimento destas espécies. Com matrizes de maior tamanho e peso, teríamos desovas mais produtivas e com mais chances de sobrevivência dos peixes jovens (alevinos).
Grande parte dos pescadores do Pantanal sul-matogrossense e de várias outras regiões brasileiras migraram para a Argentina, hoje conhecida como o Berço dos Gigantes, em detrimento da quantidade de grandes peixes capturados em seus rios, fruto da implantação da cota zero para a pesca amadora.
Hoje, além da insistência de alguns empresários e políticos em não aprovar a lei da cota zero em todo o Brasil, sofremos também com esse vírus que nos impede do convívio humano e de nosso meio ambiente, duplo prejuízo para os praticantes da pesca amadora, mas um ganho sem precedentes para a nossa fauna aquática.
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