A comemoração do primeiro ano de vida do pequeno Davi Requena Soares teve direito a bexigas, chapeuzinho e bolo, mas quanto aos convidados, não teve outra saída, estiveram presentes apenas pela internet. É assim. Em tempos de prevenção ao Coronavírus, festas e celebrações acontecem virtualmente. “Muitos amigos e familiares nos ligaram com chamadas de vídeo. Alguns com bexigas e chapeuzinho de aniversário.
Também pensamos em um live para cantar o parabéns todos juntos. O importante não é a maneira – presencial ou virtual – que a data é comemorada. O importante é a comemoração. E a data que marca um ano do nascimento de um filho merece todo nosso agradecimento pelas bênçãos até hoje recebidas”, disse a jornalista Talita Requena, que é mãe do Davi.
Ela, ao lado do esposo, o professor Juraci Soares, optou pelo adiamento da festa de aniversário do filho, mesmo antes dos municípios decretarem a quarentena. “Estávamos com toda a festa em andamento e tudo, inclusive, pago, como decoração, docinhos, lembrancinhas, etc.
Mas quando começaram a surgir os casos em São Paulo e a maioria da família é de lá, já avaliamos que seria inviável, eles já estavam receosos de virem para Limeira com a possibilidade de trazerem o vírus. Muitos não confirmavam e falavam do receio. Então, antes mesmo de decretarem, a gente decidiu adiar.
Entendemos que festa de um ano é para as pessoas próximas, não faria sentido se parte não pudesse estar presente. Partiu de nós, depois vieram os decretos e os próprios comerciantes começaram a adiar as festas”, relatou a jornalista.
É um momento de todos se entenderem e se adequarem para quando toda tensão passar e as coisas começarem a se ajustar novamente. “Os profissionais também entraram em contato para negociar o adiamento.
No nosso caso, ainda não foi fechada nova data, estamos aguardando os rumos das coisas, mas a gente sabe que vai ter que escolher a data que estiver disponível e que não serão muitas, já que todos vão acabar remarcando, mas eles vão atender”, destacaram os papais.
O casal fez um comunicado para a família, até mesmo alertando sobre a atual ocasião. “Todos da nossa família e amigos reagiram bem e apoiaram, foi importante para gente reforçar que foi a decisão certa, mesmo antes da atual situação”, salientou Talita.
E muitas e muitas festas e eventos tiverem que seguir o mesmo caminho por decisão própria ou consequentemente pelas medidas do governo. “Eu adiaria mesmo sem decreto. Quando começou a aparecer aqui no final de fevereiro, já estava pagando a festa e, no começo de março, já adiamos a festa de aniversário do nosso filho.
Não tinha decreto e as aulas ainda nem tinham parado. Não tem clima. Não sabemos também ao certo o momento do pico”, relatou ao Diário a jornalista Poliana Ribeiro Penteado, que tomou a decisão ao lado do esposo, o engenheiro Roberto Penteado. O filho do casal, Miguel Ribeiro de Arruda Penteado, vai completar quatro anos.
A festa estava marcada para o dia 7 de maio e foi transferida para agosto, porém, os papais têm ciência que pode ter que ser remarcada novamente. “Frustração? Isso nem passou pela minha cabeça, não tem o que questionar, o filho é pequeno, não tem noção de datas, o importante é a saúde neste momento”, destacou Poliana, se mostrando atenta a todos os cuidados necessários diante do COVID-19.
A comemoração, por enquanto, vai acontecer em casa mesmo entre os três. Já os detalhes da festa seguem sendo discutidos para atender ambas as partes. “Vamos fazer em um buffet e todos os serviços fazem parte do pacote, então ficou mais fácil negociar. Se quisermos, podemos também deixar para a festa do ano que vem, claro, pagando a taxa de diferença de ano.
O local fez uma lista de todos os clientes que pediram transferência de datas e os responsáveis foram atrás dos profissionais como decoradora, fotógrafa e demais para remarcarem. É difícil para os profissionais que trabalham com festa, muitas convenções, por exemplo, foram canceladas e não adiadas”, avaliou Poliana.
E o recadinho do cancelamento da festa do Davi foi assim cheio de gratidão e reflexão.
Olá!!! Passando por aqui para um comunicado importante: A FESTA de aniversário de 1 ANO DO DAVI ESTÁ ADIADA O motivo? A principal medida de prevenção à transmissão do Covid-19: evitar aglomerações. A decisão pelo adiamento não foi fácil, afinal a data merece muito a nossa comemoração, mas se o dia 28 de março é para nós uma ocasião de celebrar a vida, não faz sentido colocar vidas em risco, correto?
Vamos aguardar esse momento complicado terminar e voltaremos a avisar sobre o grande dia de festa. O que esperamos de tudo isso? Que essa situação seja o principal presente para a vida do Davi: o aprendizado e gesto concreto de ação em benefício do próximo. Pensamento na coletividade!
Para os profissionais, não tem sido fácil lidar com a incerteza do futuro.
Um dos que tem sofrido os impactos é do setor gastronômico para eventos. O proprietário da Central Cocktail, Nicolas Biazoto Conrado, com a empresa há 12 anos no mercado, tentou se antecipar com as medidas. “Quando senti que a coisas estavam ficando diferentes, chamei meu gerente e avaliei que em duas ou três semanas teríamos muitos cancelamentos ou adiamentos.
Então, tomamos algumas medidas. Cancelamos pedidos de estoque, desmarcamos participação em feiras e paramos com todos os investimentos, deixando tudo como estava. Na segunda-feira seguinte, foi complicadíssimo. Na parte da manhã, quatro remarcações; à tarde também e, uma semana depois, o governador pediu para fechar tudo.
Fiquei muito nervoso no começo, porque deveria ter sido planejado com mais calma, depois entendi que não era muito só do governo. Vai desde a origem de um ir escondendo do outro e quando chegou aqui, foi assim tudo tão rápido”, avaliou Logo foi delimitado o atendimento. “Coloquei todos os funcionários em home oficce e férias para quem tinha para tirar.
Na segunda (23), já não havia ninguém na empresa e, na terça (24), começou o decreto. Tentamos até fazer as coisas até mesmo antes da determinação, mas foi tudo em cima”, disse Nicolas. E o cenário atual é o que todos acabaram prevendo e temendo. “Clientes estão remarcando.
A questão é que estão sendo lotados em datas que poderiam ser vendidas, ou seja, o faturamento da empresa não será mais o mesmo, quem não tiver pronto para apertar os cintos, vai ficar pelo caminho, vai falir, vai quebrar”, observou o proprietário. Ele alerta. “Estamos vivenciando um plano de contenção de gastos e, em segundo, um plano de renovação.
É uma oportunidade para se renovar. Porque achar que o mercado vai voltar o mesmo, não vai”, salientou. Para ele, o momento é de repensar o trabalho e encontrar meios de se renovar. No caso do serviço que ele oferece, focar ainda mais na transparência da higienização para deixar os clientes mais seguros.
“O que a gente já fazia antes, no backstage, que é o normal de higienização que a gente já seguia, como esterilizar utensílios com álcool 70, antes, esterilizava e deixava tudo pronto, talvez agora esteja na hora de fazer na frente do cliente, antes mesmo de começar a produzir o coquetel, ou seja, valorizar e deixar ainda mais transparente para que o cliente veja isso, para que, além de ser uma segurança, se torne um marketing”, destacou.
O empresário ressalta que é um momento de pensar em novas estratégias. “Eu já estou em planejamento para oferecer uma nova empresa. O mesmo nome, o que era bom vai continuar, mas vou colocar muitas outras coisas. Aproveitar o máximo que se tem e fazer o melhor trabalho possível, valorizar as boas práticas, valorizar a equipe. Não é hora de investimento financeiro, mas investimento em suor”, finalizou.
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