Ao Diário do Rio Claro, o consultor econômico financeiro Edilson Fernandes de Souza fez uma análise do atual cenário e os impactos econômicos que o país vai sofrer durante este período de enfrentamento ao COVID-19. “Analisado a economia como um todo, o governo reduziu o PIB para 0,02%, mas isso é complexo, porque a economia vai chegar num padrão que pode atingir um travamento. Ou seja, as empresas estarem produzindo menos, as pessoas ficam mais em casa e consumindo menos.
O consumo maior da população vai acabar sendo produtos de supermercado, o que já estamos vendo. Agora, tem que analisar para não ser uma compra desenfreada, porque quanto mais demanda você der a um produto, maior vai ser o valor dele, haja vista o álcool em gel, máscaras e produtos relacionados à área da saúde”, observou.
O economista alerta que é importante analisar se o país vai chegar ao patamar de 2008. “De acordo com análise da FVG, o PIB do Brasil para este ano vai chegar a -4,4%, o que nos colocaria ao patamar da crise de 2008. Para se ter ideia, nunca chegou nesse ponto desde 1962”, observou.
Não tem como negar, a economia vai ficar abalada. Bares, boates, shoppings e diversos outros estabelecimentos já estão com as portas fechadas e comércio com horário diferenciado. “Isso vai impactar no bolso dos empresários, automaticamente vão ter que reduzir custo, talvez reduzam a mão de obra neste momento, porque as pessoas vão ficar em casa, mas o salário vai ficar o mesmo, a empresa vai honrar, mas tem que ver se a empresa vai ter dinheiro para honrar isso”, salientou Edilson.
Segundo ele, é um momento complicado e vai prevalecer quem tem um fluxo de caixa, aquele que tenha um capital para passar este período econômico difícil. “De acordo com estudos, nem chegamos ao ápice do Coronavírus. A tendência é cada vez a economia ir se retraindo, ficando mais parada, a ponto que o Corona for acabando a economia volta, isso pode durar por tempo indeterminado.
O fluxo de caixa é o principal. Tem que saber se cadenciar, não adianta pegar o dinheiro, comprar muita coisa para estoque. Tem que pensar que gastos vão acontecer. Exemplo, se parar de trabalhar e a empresa não tiver dinheiro para honrar o salário do mês seguinte, ela tem reserva? Isso pode acontecer, tem que saber encarar essa crise”, orientou.
A recomendação é ter cautela. “Vai ter impacto muito grande e as pessoas precisam se conter na hora das compras principalmente, não adianta querer comprar tudo. Uma pessoa acaba consumindo em excesso e a outra fica sem o produto. Ter cautela para que todos consigam consumir. As empresas com número menor de funcionários não vão dar conta de repor os produtos de supermercados e comércio em geral. Muita gente ainda não está com dinheiro, não recebeu pagamento para fazer as compras do mês”, ressaltou.
“Tem que ficar atento porque vai ter retratação e pode gerar desemprego, dependendo do tempo que o Coronavírus vai ficar. Lógico que, acabando, a economia volta a funcionar, volta uma crescente e deve buscar, a longo prazo, o patamar que estávamos, vai depender muito das pessoas e do consumismo”
PIB
Estimativa do governo: +0,02%
Estimativa da FGV: -4,4%
Foto: Agência Brasil