Tivemos recentemente a maior festa popular que se tem conhecimento, onde os foliões se reúnem num só desejo: alegria e mais alegria, momento em que o entusiasmo toma conta daqueles que se entregam às fantasias, notadamente no Rio de Janeiro, palco das maiores atrações e visto no mundo inteiro.
Porém, de outro lado, muitos jamais irão entender este fenômeno chamado carnaval. Afinal, uma boa parte do povo sofrida, explorada, muitas vezes sem ter o que comer e sem perspectiva de vida, aqueles menos favorecidos pela sorte, é claro, que vivem na miséria à toda prova no Brasil inteiro.
De uma hora para outra, explodem numa alegria sem motivo, sem limites e sem outras atrações, salvo exclusivamente o carnaval. Homens que até sexta-feira última trabalharam para o sustento da família e de si próprio, porém, no sábado, foram às ruas e às avenidas, muitos maquiados e com vestimenta de mulher na euforia da festa popular.
As ruas ficam tomadas de foliões, com os impulsos agitados de alegria, porém, ao chegar a quarta-feira de cinzas, neste silêncio que é natural em toda a Nação, vem aquela pergunta: será que compensaram os momentos vividos nessa festa popular? São milhares investidos em fantasias, enquanto milhões vivem à margem de uma situação das mais deprimentes que se possa imaginar.
Entende-se que o carnaval é essencialmente igualitário, pois permite a participação de pobres e ricos, onde buscam no mesmo espaço sem obediência às hierarquias de riqueza, porém, para aqueles que aprovam este evento, já que muitos entendem ser uma festa de violência, bebedeira e de outras situações que comprometem a postura de quem se entrega às alegrias desenfreadas.
Por outro lado, o carnaval é uma excelente oportunidade para campanhas publicitárias, onde despertam a atenção dos turistas de uma boa parte do mundo, tanto é que os hotéis do Rio de Janeiro superlotam com tantos estrangeiros que aqui comparecem para participação desse evento, e que, por certo, irão levar para seus países o que temos de bom no entender deles.
Conforme noticiários da imprensa, problemas como déficits públicos e salários atrasados de servidores foram os motivos para que muitas prefeituras cancelassem a programação carnavalesca oficial deste ano, uma das iniciativas louváveis dessas prefeituras, dando prioridade aos compromissos responsáveis e inadiáveis.
Carnaval, uma ocasião de muita festa e alegria, mas este clima de euforia muitas vezes chega ao extremo no que tange às atitudes que causam situações indesejáveis, onde o comportamento de muitos foliões chega ao extremo e que pode provocar alguma ocorrência das mais desastrosas em relação ao excesso de bebida alcoólica.
Acima de tudo, é preciso ter noção do que é carnaval, já que o respeito ao civismo não pode e nem deve ser esquecido nos dias de festa. É preciso ter responsabilidade e a vontade de fazer as escolhas certas. Ter a coragem de fazer o que é justo e íntegro, mesmo que outras pessoas estejam fazendo o que é errado.
Que os festejos, os bailes e alegria, além das confraternizações, possam ocorrer sem incidente, sem violência e com a noção de que o melhor carnaval deva ser celebrado em um ambiente de paz e harmonia, entretanto, não é bem assim que ocorre nesse festejo, onde os excessos tomam conta dos foliões à toda prova e não há como inverter esta situação para um clima mais aceitável e desejável.
Afinal, carnaval é expressão de uma felicidade que por vezes se esconde no resto do ano, mas que naqueles dias brilha com mais fulgor. Faz despertar a esperança no coração de milhões de brasileiros.