A frente da rádio Opção FM em Rio Claro, o empresário e jornalista Afonso Celso Bovo tem uma relação com o Diário do Rio Claro que teve início em 1981, quando começou a trabalhar no grupo empresarial de Geraldo Zanello (proprietário do jornal até sua morte em 2017). Sua função era cuidar do marketing das empresas. Pouco antes, Bovo atuou como redator chefe de um jornal local, onde começou com uma coluna musical e já demonstrava interesse no segmento, que anos depois culminou com a criação da rádio Opção. O entrevistado foi recebido pelos jornalistas Vivian Guilherme, Odair Favari, Ludmar Gonzalez e Lourenço Favari.
Bovo sempre escreveu matérias para o Centenário a pedido do próprio Zanello. Ele lembra que a redação, em seu primeiro contato era repleta dos melhores jornalistas e o jornal já era o mais importante da região. “Trabalhar com aquele time foi um privilégio”, disse o publicitário que manteve a empresa Mídia Certa, que ele considerou como sendo a segunda do ramo em Rio Claro. Ele ainda manteve uma coluna que versava sobre negócios que durou bastante tempo.
Palmeirense roxo (inclusive no dia da entrevista seu clube tomou um gol do Fluminense, pelo Brasileirão, e perdeu o jogo), permaneceu no grupo Zanello por dois anos, quando foi convidado para ser assessor de imprensa da prefeitura de Rio Claro. Tempo depois abriu a agência de publicidade e criou campanhas memoráveis, que estamparam as páginas do Número 1.
Ele recordou a primeira página dupla de publicidade impressa em um jornal da Cidade Azul. O anúncio era da construtora Brumatti e o empreendimento era o edifício Tilápias. Outra arte publicada por sua agência foi na comemoração dos 100 anos do Diário, que dizia: o jornal nosso de cada dia! Leia trechos da entrevista.
Como era a relação do jornal na questão política?
O jornal sempre abriu as portas para os políticos. Quem bateu na porta ele recebeu bem. Como jornal, todos os candidatos foram tratados de maneira igual. O jornal bateu na administração por alguns serviços, como por exemplo, na questão das calçadas, que eram feitas por uma empresa da época. O problema é que o serviço era realizado primeiro e a conta enviada depois, sem comunicação, nem aviso prévio.
Como era Rio Claro naquele período e como vê atualmente?
Era uma cidade mais bem cuidada. Eu vejo a cidade atualmente completamente abandonada, Há quanto tempo não vemos uma empresa chegar em Rio Claro? O Jardim Público, por exemplo, é uma vergonha para a cidade. É um prostíbulo a céu aberto. E é na frente da prefeitura e da Câmara. Sem contar o camelódromo que mantém uma concorrência desleal com o comércio. Está tudo quebrado, sem iluminação. Moro a cem metros daquela região e a noite o lugar é tomado por morador de rua. E não venha com papo de desabrigados, pois se estão é preciso que alguém tome providência. O Juninho [prefeito da cidade] tem que sentar com o Belagamba [secretário de segurança e mobilidade urbana] e tomar providências. A saúde está um caos, não tem vagas para internação. A população está morrendo. A carreta da saúde é linda, mas não é só isso que existe. Precisa de remédios, equipamentos, entre outras coisas.
O que essa administração tem que fazer para dar esperança para o povo?
Primeira coisa é cumprir promessa eleitoral, sobre a taxa de iluminação. Mas não vão cumprir, pois já votaram o aumento da taxa de iluminação. Eu sou do tempo que palavra valia alguma coisa. O cara promete, promete e não cumpre. O Juninho é um bom menino, tem simpatia, é notória sua boa índole, mas ele tem que acordar porque está perdendo o ponto. Se acontecer uma eleição hoje ele perde.
Rio Claro é uma cidade conservadora?
Sempre foi conservadora e continua sendo. E não vejo o termo de uma forma ruim. Eu gosto disso. É uma tradição, uma marca. Uma coisa que me incomoda é esse pessoal da esquerda que chegou ao poder e fez um bolsão de pobreza, descaracterizando a cidade e não oferecendo estrutura para essas novas regiões.
RÁPIDAS
Mudaria de calçada ao cruzar com: Ninguém. Não mudo de calçada
Não merece o meu respeito: A esquerda
A política é: Um nojo, mas necessária
Não simpatizo, mas respeito: Corintiano
Não respeito mas simpatizo: Se eu não respeito não simpatizo
Um ídolo: Paul McCartney
Um sonho possível: Melhorar Rio Claro
Um sonho impossível: A volta dos Beatles