Quem já passou por uma reforma, sabe da dificuldade de compatibilizar o cronograma da obra com os compromissos dos profissionais envolvidos, os interesses e gostos da família, o respeito com os vizinhos e o orçamento, fora o resto. Pior ainda se a família permanece no imóvel durante o transtorno que é mexer com tantas variáveis envolvidas no processo.
Imagine então pegar um país com tantas necessidades, precisando de muitas reformas e com o orçamento apertado, no vermelho. Tudo que você vai querer é uma boa equipe, focada nos objetivos, trabalhando afinado com os outros poderes e aumentando seu potencial comercial com seus vizinhos preferenciais de continente e com o resto do mundo. Juntamente com as demais lideranças, afinadas com um bom projeto de reformas, levar adiante o que precisa ser feito para que o país possa ter uma sequência de crescimento sustentável durante várias décadas.
Parece simples quando se vê a maquete do arquiteto com o que seria a obra pronta. Você fica motivado e coloca suas forças e paixões para conseguir seu objetivo. A regra, infelizmente, é esquecer que toda obra tem seus percalços, atrasa e você vai gastar mais de seu capital. Não falha. E sempre tem o problema da Jaqueline, a Jaque, ela mesma: “Já que estamos fazendo isso, por que não fazemos aquilo também?” É assim com a obra da nossa casa e assim também é com a administração de um país. A experiência e a cordialidade, mesmo com firmeza, fazem a diferença.
O casal que toca a obra (executivo e legislativo) precisa ter claro que, apesar das pequenas crises que virão, não podem perder o foco e a harmonia. A sogra que mora junto (judiciário) vai acabar dando seus palpites, que devem ser respeitados, para o bem da família. As agendas dos filhos devem convergir com os cronogramas, os interesses e o orçamento. Sabe aquele intercâmbio em Washington? Esquece. Sabe aquele filho que só fica nas redes sociais atrapalhando? Tem que parar. E o outro que se envolve com gente que vai deixar a sogra irritada? Hum, esse vai dar trabalho. Está dando.
Uma casa que precisa de tantas reformas, não pode se dar ao luxo de o marido (executivo) ficar desrespeitando a esposa (legislativo – talvez por ser um ente mais complexo), tramando com a sogra para proteger o filho com histórico ruim, ficar brigando com os vizinhos (cheios de problemas) ao sul e a oeste, fazendo juras de amor incondicional a uma vizinha loira ao norte e depois ter que fazer gracejos para a vizinha grande e rica ao leste para ajudar no orçamento. Isso tudo depois de ofender a mulher de um velho vizinho, que vinha colaborando e é parente ascendente, por pura birra, influenciado por amigos irresponsáveis.
Não dá mais para colocar a culpa no morador anterior, que passou a ser visto solto pela vizinhança. Os erros graves cometidos por ele devem ser tratados pelos profissionais de plantão e quanto menos atenção for dada a ele, melhor para o andamento da obra. É hora de trabalhar, não de atrapalhar. E vale para todos.