A lei de inclusão nas escolas existe. É obrigatória, mas nem sempre todos estão capacitados para desenvolver o trabalho e acolher os alunos que necessitam de atenção, em alguns casos, diferenciada. Depois de passar por algumas dificuldades e sofrimentos, Michele encontrou uma unidade que acolheu a filha, Ana Júlia Rodrigues, de 14 anos, que tem síndrome do espectro autista.
“Eu pensava comigo: ‘meu Deus, será que minha filha, por ter uma deficiência, não poderá ter direito à educação?’. Foi então que resolvi ir conhecer a escola João Negrão e não imaginava tanta atenção e carinho. Realmente surpreendeu a mim e ao meu marido”, destacou a técnica de enfermagem Michele Fernanda Rodrigues.
Após ser matriculada na Escola Estadual Professor João Baptista Negrão Filho, Michele diz que percebeu a evolução da filha, que está na escola há um ano. A mãe relata ainda que muitos deveriam conhecer melhor a unidade e o trabalho realizado no local. Com isso, resolveu agradecer aos profissionais da unidade, por meio de uma declaração nas redes sociais.
“Eu senti no meu coração que devia fazer este agradecimento publicamente, pois a escola é muito dedicada na educação dos alunos, é uma escola que sofre bastante preconceito devido à sua localização”. Eu mesma, no início, tive medo de colocar minha filha lá devido às más línguas, fui em várias outras escolas, mas nenhuma abriu as portas.
E foi apenas quando cheguei na João Negrão que vi por mim mesma como as pessoas estão enganadas a respeito dessa escola. Minha filha foi recebida de braços abertos, todos os professores vieram se apresentar pessoalmente a mim, ao meu marido e conhecer a Ana Júlia de perto. Foi ótimo esse acolhimento.
Ela ficou por um período em atendimento em outra unidade. Quando voltamos para a João Negrão, vi a felicidade nos olhinhos dela. Isso porque se sente igual às outras crianças”, declarou Michele, acrescentando que mesmo tendo que se ausentar por problemas de saúde, se sentiu segura. “Mesmo estando com minha saúde debilitada, sabia que minhas filhas estariam bem, principalmente a Ana Júlia. Os professores estão trabalhando com ela um material diferenciado”, destacou.
ESCOLA
Poderia ser normal receber um agradecimento como o da Michele, mas nem sempre os profissionais são reconhecidos. Mesmo assim, a Diretora da unidade disse que continua empenhada em fazer a diferença.
“A escola, como um todo, tem um olhar de inclusão, como a lei determina, porém, acreditamos que vai além do trabalho pedagógico, pois existe o empenho da equipe em investir na atenção aos detalhes que fazem a diferença com nossos alunos, refletindo a cada dia no avanço em relação à aprendizagem, à convivência e às questões sociais”, destacou a diretora Eliane de Jesus Scotton Guerra, sobre o trabalho realizado na unidade.
Segundo ela, a coordenadora pedagógica, Rafaela da Cruz Candido, e equipe trabalham o tema inclusão nas reuniões de ATPC’s. “Professores e funcionários são estimulados a realizarem com carinho essa tarefa tão fundamental para o desenvolvimento dos discentes, em especial aos ‘anjos azuis’, como a mãe cita em seu texto.
É importante enfatizar o trabalho realizado junto aos alunos, reconhecendo a importância da inclusão, e isso é feito através de palestras, rodas de conversa e principalmente no dia a dia, demonstrando, com atitudes inclusivas, o quanto é benéfica para quem necessita dela, como para quem acolhe. São trocas e aprendizados que nos orgulham”, disse.
O simples gesto de gratidão da mãe emocionou os educadores. “Nesta época de tão pouco reconhecimento ao trabalho que a educação realiza, é uma alegria saber que mães como Michele e alunos como Ana Julia, além de poderem contar com a seriedade de nossas atividades, estão satisfeitos e felizes.
Que possamos semear o bom trabalho para colhermos os frutos de nossa missão de educar com amor. A Gestão da EE Prof. João Baptista Negrão Filho, em nome de toda equipe escolar, agradece o reconhecimento”, destacou a diretora.