Fui levado a lembrar da época em que estava no colegial e ia estudar quase todos os dias na casa de uma colega que era a coisa mais linda do mundo.
Era comum encontrar um intervalo para me aventurar na cozinha e fazer o meu famoso Bolo Mármore. A minha colega de classe gostou tanto que estamos casados até hoje. A receita era simples e, se bobear, poderia fazê-lo de memória.
Hoje, decidi enfrentar os tanques. Não vou publicar receitas de bolo ou poemas de Camões neste espaço, o que era muito comum quando os artigos eram censurados pela ditadura. Chega de levar na brincadeira as asneiras e insanidades ditas pela família Bolsonaro e reverberadas por seus adoradores nas redes sociais. Não pensem que houve má interpretação sobre o que foi claramente exposto no Canal da Leda Nagle, pelo mais carioca da gema deputado federal do Estado de São Paulo, Eduardo Bolsonaro, também conhecido como Zero Três.
Este diminuto representante faz suas andanças por aí com o propósito de construir um tal Movimento Conservador. Suas bases estão fincadas nas igrejas neopentecostais (majoritariamente – as mesmas que estavam ao lado de Lula e Dilma) e nos membros das forças de segurança (polícias civil e militar).
Este “Mini-Me” do Jair esteve ao lado dos revolucionários caminhoneiros que pararam o país; estava ao lado do pai quando este elogiou o torturador Brilhante Ustra no impeachment de Dilma Rousseff; estava em campanha quando falou sobre invadir o STF com um soldado e um cabo; bateu os pezinhos pela embaixada do Brasil em Washington e, mais recentemente, ameaçou o país com um novo Ato Institucional número 5, fora o resto. Conservador? Não! Revolucionário.
O verdadeiro conservador quer preservar as conquistas institucionais, melhorando o sistema, respeitando as experiências dos antepassados. O conservador não é um anti-vacina, não pensa que a Terra é plana, não quer a volta de um “passado glorioso”. O conservador verdadeiro sabe que o respeito ao próximo é a base de uma sociedade justa e não se regozija com a morte ou sofrimento de ninguém.
“Ah, mas o Lula… o PT… o Foro de São Paulo, queriam transformar o Brasil numa Venezuela.” Que bom que não obtiveram êxito, não é mesmo? E a sociedade mostrou, a rigor desde antes da reeleição da Dilma, que estava querendo outro caminho. Tanto que foi para as ruas em 2013 mostrar todo o seu descontentamento e após o legal afastamento da chefe do executivo, continuou cobrando. E a Lava Jato teve seu protagonismo, colocando toda a classe política sob os holofotes da revolução punitivista, que hoje sabemos, trabalhou fora dos autos, para dizer o mínimo.
“Lá vem você defendendo político.” Não, caro amigo, como bom conservador, defendo o devido processo legal e o direito à ampla defesa para todos, com o máximo respeito à Constituição. E volto a lembrar que não há boa saída fora da política. Não há. Cabe à sociedade permanecer vigilante e buscar sempre as melhores informações para não “já ir“ se arrependendo tão cedo.