No bairro onde vítima e acusado do homicídio moravam, o sentimento é de medo, revolta e justiça para os moradores. “Eu estou bem preocupado, porque ele fez mais ameaças para a família. Aqui na região tinha encrenca com um monte de vizinhos. É usuário de drogas, discutia com as pessoas”, contou morador das proximidades.
O crime foi registrado por volta das 22 horas de domingo. A sogra da vítima chegou na casa e Luiz Aparecido Seneme, de 58 anos, saiu para guardar o carro, como de costume. Ao fechar o portão, foi atingido pelos disparos. “Ele já estava parado com o carro defronte a uma casa esperando outros meninos, com os quais ele já havia brigado, saírem. Como por lá ele não conseguiu, veio para cá e matou meu pai”, contou a filha da vítima ao Diário do Rio Claro.
O homem foi atingido com os disparos, mas conseguiu entrar na casa. “Ele entrou, minha mãe já veio ver o que tinha acontecido. Ele estava com a mão no peito e disse que o vizinho tinha atirado nele. Em seguida, caiu e já vimos que estava com ferimento também na cabeça. Nem deu tempo de socorro”, disse a filha.
APÓS O CRIME
Em contato com equipe do Diário do Rio Claro, um conhecido disse que o acusado comemorou o crime. “Ele perguntou se tinha matado e ainda falou: se eu acertei os três tiros, sou bom de mira mesmo, porque atirei de dentro do carro”, relatou um morador.
Outras declarações que teriam sido feitas pelo acusado também deixaram a população assustada. “Fazia mais de um ano que eu estava tentando matar ele, hoje eu matei”. Essa, uma das declarações que o suspeito teria feito logo após efetuar os disparos e fugir.
No bairro, populares declararam ainda ao Centenário que o homem atirou, deu a volta no quarteirão e voltou para efetuar outros disparos. “O Honda Civic preto estava parado com uma pessoa dentro. Poucos segundos depois, ouvi os disparos e, em seguida, vi o carro passando em alta velocidade. Deu a volta no quarteirão, voltou e efetuou mais dois disparos. Em seguida, saiu em alta velocidade”, contou uma testemunha.
Depois de cometer o crime e fugir, o autor, segundo relatos, foi até um bar no bairro São Benedito dizendo que mataria mais uma pessoa. “Parou o carro um quarteirão antes do bar e foi a pé. Disse: ‘já matei um lá, agora vou matar um aqui’, mas o rapaz conseguiu fugir”, contaram testemunhas.
Segundo revelou um outro entrevistado, o acusado não teria se arrependido. “Estava dando risada, sangue frio, foi tudo premeditado”, relatou.
DISCUSSÕES NO BAIRRO
Moradores contaram que o acusado possui histórico de intrigas. “Era encrenqueiro, sempre arrumava um motivo para brigar. Brigava muito também com a atual mulher, até achei que os tiros seriam contra ela”, declarou um vizinho da região.
Com a família da vítima, os episódios de intrigas teriam começado há um ano. “Há um ano, meu sobrinho estava conversando aqui na frente e ele mandou meu sobrinho calar a boca, foi onde começou a briga e, com o tempo, a picuinha foi aumentando. Teve um dia que ele xingou minha mãe de vários nomes. Nessa data, teve briga de soco com meu pai”, contou a filha de Luiz.
Segundo os moradores, outro fato ocorreu há alguns meses. “Ele brigou com os filhos de outra vizinha. A mulher foi viajar e ele ficou mandando mensagem dizendo que ia matar os meninos”, relataram os moradores.
A família da vítima mora e tem comércio no local há 40 anos. Já o acusado morava há quatro anos em casa vizinha, após iniciar o relacionamento com uma das moradoras do bairro. “Olha o presente que eu ganhei, velando e enterrando meu pai”, desabafou a filha, que acrescentou: “Que ele seja preso o mais rápido possível para termos paz.”
AMEAÇAS
“Eu liguei para ele logo após o ocorrido e disse para vir assumir seus atos. Ele disse que voltaria, sim, mas para me matar, matar minha mãe e minha avó”, revelou a filha da vítima.
POLÍCIA CIVIL
O delegado Carlos Alberto Schio Filho está à frente do caso e declarou ao Diário que, durante toda essa terça-feira (29), colheu depoimentos de familiares e outras testemunhas e realizou outras tratativas. Até o fechamento da edição, o acusado não havia sido preso.
A reportagem do Diário transcreveu as declarações de familiares e testemunhas do lado da vítima, todavia, não obteve contato com familiares do acusado, nem do advogado do suspeito, que não foi identificado até o fechamento da edição.