Rio Claro tem média de 19,4 homicídios e mortes violentas por causa indeterminada por grupo de 100 mil habitantes. É o que aponta o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), referente ao ano de 2016.
No ranking crescente da mais segura para a mais violenta, a Cidade Azul figura na 81ª posição, ficando abaixo de Limeira (entre as 10 mais seguras com 7,4 mortes por grupo de 100 mil habitantes), Piracicaba (com taxa de 12,4), Leme (13), Campinas (com 16,1), Ribeirão Preto (15,1) e Sorocaba (com 17). Veja no gráfico ao lado a disparidade na comparação entre a Cidade Azul e os seis municípios listados acima.
RETRATO
O documento apresenta ainda um retrato das condições socioeconômicas de cada município analisado, com onze indicadores relacionando educação infanto-juvenil, pobreza, mercado de trabalho, habitação, gravidez na adolescência e vulnerabilidade juvenil.
“Analisando a correlação entre as condições de desenvolvimento humano e as taxas de mortes violentas, em geral, nos municípios com melhores níveis de desenvolvimento humano a taxa de homicídio tende a ser menor”, analisa o levantamento.
Em relação ao quesito pobreza, o indicador % de Crianças Pobres em Rio Claro é de 5,9. O número sobe para 21,1% em relação às crianças vulneráveis à pobreza.
Outro dado que chama a atenção é o emprego. A taxa de desocupação de 15 a 17 anos é de 33,1%. Já entre 18 e 24 anos é de 13,3%. A renda per capta dos 20% mais pobres é de R$ 360. Para se ter uma ideia, uma cesta básica custa em média R$ 130.
RAIZ ESTRUTURAL
Para o advogado, representante da OAB no Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), vice-presidente da Udam (União de Amigos) e presidente da Comissão de Segurança da OAB, Adriano Marchi, a questão da insegurança que assola o país tem raiz estrutural.
“Tem raiz estrutural, derivada de uma imensa onda de urbanização mal planejada e eleitoreira, ocorrida na última década, desacompanhada de infraestrutura, que certamente fatigou aquela existente que já era precária.
No caso de Rio Claro, nos últimos 10 anos houve um aumento expressivo no número de casas populares, e por consequência, da densidade demográfica, ao invés de ter sido realizada a estruturação real e maciça e atendido às necessidades da população já existente, especialmente nas regiões mais vulneráveis”, argumenta o advogado ao Centenário. Marchi cita ainda, como exemplo, o bairro Bom Retiro nas proximidades do Bonsucesso e Novo Wenzel. “Mesmo com toda deficiência, trouxeram o Bom Retiro, provocando elevação da população de 12 mil para aproximadamente 20 mil moradores.
No Terra Nova foi instalado um condomínio com aproximadamente 10 mil residentes, sem qualquer investimento suficiente para atender a demanda, isso sem levar em consideração a mesma realidade enfrentada em outros bairros”, analisa ao corroborar o estudo do Ipea.
LEGADO
Mesmo com este cenário, Marchi reconhece o esforço da atual administração. “Apesar das dificuldades a atual administração tem se desdobrado a fim de buscar investimentos a fim de minimizar os efeitos deste contexto”.
SOLUÇÃO
Por fim, como solução para esse quadro, ele destaca que é necessário adequar a legislação a atual realidade nacional, além de modificar a estrutura carcerária. “Promover uma radical mudança na estrutura carcerária, que está muito longe de ressocializar o indivíduo, com a política da exaltação do ócio, entre outras questões que canalizam enormes cifras para manter um sistema completamente ineficaz e oneroso”, arremata.